Novo salário mínimo terá poder de compra limitado; entenda

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Real Moeda brasileira | (Foto: Marcelo Casal Jr / Ag. Brasil)

Desde 1º de janeiro, passou a valer o novo salário mínimo de R$ 1.518,00, o que equivale a um reajuste nominal de 7,50% e representa um acréscimo de R$ 106,00 em comparação a 2024, quando o valor era de R$ 1.412,00.

De acordo com informações do governo federal, essa atualização inclui uma compensação de 4,84% pela inflação acumulada nos últimos 12 meses, apurada em novembro do ano passado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, além de um ganho real de 2,5%, de acordo com a Lei 15.077/2024, que fez alterações no Novo Arcabouço Fiscal (NAF) e na Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo (PNVSM).

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A alteração resultou em vários benefícios sociais e trabalhistas que estão ligados ao piso nacional. Esse aumento não só impacta os salários de uma grande quantidade de brasileiros, como também influencia aposentadorias, seguro-desemprego, abono salarial e outras iniciativas federais. O novo montante foi definido através de um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 30 de dezembro de 2024.

Estima-se que, no país, aproximadamente 59,9 milhões de indivíduos tenham seus rendimentos atrelados ao salário mínimo. Com a elevação para R$ 1.518,00, projeta-se que haja um acréscimo de cerca de R$ 81,5 bilhões na renda da população, e que aproximadamente R$ 43,9 bilhões reflitam o crescimento na arrecadação de impostos sobre o consumo.

Em nível regional, pesquisas do Dieese/PA apontam que, com o aumento do salário mínimo de R$ 1.412,00 para R$ 1.518,00, a economia da Região Norte deverá receber um impulso de aproximadamente R$ 385 milhões por mês. Esse impacto financeiro beneficiaria cerca de 3,7 milhões de trabalhadores ativos no mercado de trabalho, conforme as estimativas baseadas nos dados da PNAD Contínua/IBGE do terceiro trimestre de 2024, referentes ao período de julho a setembro.

"O reajuste de 7,5% representa um ganho real, acima da inflação, mas ainda é considerado insuficiente para lidar com o alto custo de vida”, afirma Everson Costa, Coordenador técnico do Dieese Pará.

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Projeções

Conforme as projeções do Dieese/PA, entre os R$ 385 milhões mensais que estão previstos para serem injetados na economia da Região Norte, um pouco mais da metade, aproximadamente R$ 199 milhões, terá como destino a economia do Estado do Pará. Essa quantia beneficiará cerca de 1,9 milhões de trabalhadores ativos no mercado de trabalho.

Segundo o Dieese, com cada novo ajuste no salário mínimo, renovam-se as expectativas em relação ao seu poder de compra. Nesse cenário, surgem algumas indagações, como: o que pode ser adquirido com os R$ 106,00 a mais no orçamento? Dentre as diversas prioridades dos trabalhadores assalariados, um dos maiores gastos está relacionado à compra de alimentos. Após isso, variando conforme o perfil, os gastos podem incluir transporte, moradia, saúde e outros.

Limitado

Segundo Everson Costa, coordenador técnico do Dieese Pará, mesmo com o crescimento notável dos últimos tempos e os ganhos reais registrados em alguns anos, o salário mínimo ainda terá poder de compra limitado.

“O reajuste de 7,5% representa um ganho real, acima da inflação, mas ainda é considerado insuficiente para lidar com o alto custo de vida que afeta milhões de brasileiros”, afirma. Ele menciona que caso a norma que estabelecia o repasse integral da taxa de crescimento do PIB de 2023, que foi de 3,2%, tivesse sido implementada, o salário mínimo alcançaria R$ 1.528,00, o que equivaleria a um acréscimo de R$ 116,00.

De acordo com o especialista, o impacto deve ser um pouco reduzido, porém ainda insuficiente para que o mínimo cumpra os requisitos constitucionais que garantem ao trabalhador direito a habitação, vestuário, transporte, educação, alimentação, lazer, entre outros.

Ele menciona que, no mês passado (dezembro de 2024), a cesta básica no Pará custou R$ 665,83, o que correspondeu a aproximadamente 50,98% do salário mínimo de R$ 1.412,00, em vigor até 31 de dezembro de 2024. “Atualmente, esse valor constitucional deveria ser, segundo o Dieese, aproximadamente R$ 7.067,68, o que demonstra quão distante está do novo salário mínimo”, finaliza.