
O prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, tem rebatido com frequência as denúncias da imprensa sobre o caos na saúde pública do município. No entanto, uma recente e inusitada decisão judicial coloca essa narrativa sob forte questionamento.
Em uma medida no mínimo curiosa, o juiz de primeira instância Adelino Arrais Gomes da Silva acatou um pedido do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Ananindeua e proibiu os vereadores Pamela Wayne e Flávio Nobre de entrarem em hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município. Ou seja, os parlamentares foram impedidos de exercer sua função constitucional de fiscalizar a gestão pública.
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A decisão gerou estranhamento não apenas pelo cerceamento do trabalho dos vereadores, mas também pelo papel assumido pelo sindicato, que, ao invés de proteger os trabalhadores da saúde e garantir melhores condições de trabalho e atendimento aos pacientes, parece agora agir como um escudo jurídico em favor do prefeito, justamente no momento em que sua gestão é alvo de graves denúncias.
Diante disso, o grande questionamento é: se a saúde em Ananindeua “vai bem, obrigado”, como afirma o prefeito Daniel Santos, por que tanto esforço para impedir que vereadores vejam o que acontece por dentro das unidades?
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"Coincidentemente", a decisão vem logo após uma série de denúncias feitas por Flávio Nobre e Pamela Wayne, que realizaram visitas às unidades de saúde e relataram falta de médicos, carência de medicamentos, aparelhos quebrados e pacientes em condições indignas de atendimento. As denúncias já estão sob apuração do Ministério Público do Pará, que iniciou uma investigação formal sobre a situação.

Mas, a decisão judicial do magistrado ignora esses fatos e diz que a motivação se baseia que a presença dos vereadores causava “transtornos ao funcionamento dos serviços” e gerava “constrangimento aos profissionais da saúde”, argumentando que o ambiente hospitalar exige controle de acesso e protocolos rigorosos.
O curioso é que os verdadeiros transtornos — como a ausência de atendimento médico e a precariedade dos serviços — parecem ter sido tratados com menos urgência do que a presença de parlamentares nas unidades.
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