
Antes do Conjunto Cidade Nova se tornar um dos principais pontos habitacionais e comerciais do município de Ananindeua, a área altamente urbanizada onde hoje ele está localizado era marcada pelo cenário de grandes propriedades rurais mantidas por imigrantes japoneses que se dedicavam à agricultura de subsistência.
Foi a partir da década de 1970, porém, que a história começou a se transformar a partir do planejamento de um conjunto habitacional que deveria acolher parte da população da Região Metropolitana de Belém (RMB).
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O historiador Márcio Neco aponta que a Cidade Nova foi pensada a partir de um plano positivista e cartesiano, pelo Governo Militar.
“Ela foi pensada como uma forma de segregação das pessoas mais pobres que pudessem sair do centro e ocupar os locais que eram periferias. Isso começa com o conjunto Gleba, lá no que hoje é a avenida Augusto Montenegro, mas depois vem para cá”, explica.
“Aqui eram grandes terrenos tomados pelos japoneses e o Governo, a Companhia de Habitação, foi adquirindo esses terrenos pouco a pouco”.
Vem daí a explicação para uma característica que até hoje intriga e pode causar confusão em quem não conhece bem a Cidade Nova, a falta de ordenamento nos números dos subconjuntos, que vão do I ao IX.
“Por isso há uma diferença na ordem dos conjuntos. Nós temos, por exemplo, a Cidade Nova IX no início, a Cidade Nova V ali pelo meio desse espaço todo territorial e isso gera uma indagação nas pessoas”, lembra o professor.
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“Outro detalhe é que alguns terrenos são maiores que os outros e as ruas nem sempre seguem na mesma direção. Isso porque de acordo com a evolução, com a compra desses terrenos dos japoneses, ia-se contratando outras construtoras para construírem o conjunto habitacional. E aí nós temos, em 1988, a conclusão desses subconjuntos que vão do I ao IX”.
Outra característica muito marcante do conjunto é a nomenclatura dada a grande parte das vias que compõem a Cidade Nova. As travessas são identificadas pela sigla WE, que significa ‘West, East’, e SN, que significa ‘Sul, Norte’.
O professor Márcio Neco explica o porquê: “Justamente por seguir um pensamento positivista dos militares, a Cidade Nova não vai homenagear personalidades políticas ou fatos históricos. Suas ruas recebem a denominação de WS e SN”, explica.
“Com o tempo, já nas últimas décadas, algumas dessas vias principais passaram, então, a ter o nome de algumas personalidades. É o caso de quando o atual governador Helder Barbalho foi prefeito de Ananindeua e classificou esta avenida como Avenida Dom Vicente Zico. Nós temos algumas outras também, como a avenida Nonato Sanova. Mas, prioritariamente, as ruas da Cidade Nova não vão homenagear personalidades, nem grandes eventos históricos”.
O próprio nome do conjunto guarda um aspecto da história. A ideia de uma nova cidade que pudesse abrigar uma população crescente não é uma exclusividade da Região Metropolitana de Belém, também está presente em outros lugares do mundo.
“Outro detalhe na fundamentação da Cidade Nova é que ela segue um modelo, um padrão que tem no mundo inteiro: a de dar esse nome que faz referência a uma nova cidade justamente para ser convidativo para que as pessoas possam sair de determinado centro urbano e ocupar esses outros espaços. Nós temos exemplos disso nos Estados Unidos, na França e em tantos outros, justamente para que possa soar convidativo”, pontua Márcio Neco.
“E é curioso pensar que o Conjunto nasce a partir de um pensamento segregacionista, mas acaba se tornando o maior pólo econômico de desenvolvimento do município de Ananindeua”.
Veja 8 curiosidades que revelam a verdadeira história da Cidade Nova na matéria completa do Diário do Pará.
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