
O estádio tem suas luzes, o campo tem suas jogadas, mas são as figuras fora das quatro linhas que, muitas vezes, transformam a experiência de torcer em algo único. Entre elas, Roberto Carlos, mais conhecido como "Água, caralh*", era presença garantida, com seu jeito irreverente e sorriso fácil, vendendo água e arrancando risadas em Belém. Aos 52 anos, o vendedor folclórico faleceu após sofrer um infarto, deixando uma lacuna no universo do futebol paraense.
Aos olhos de quem frequentava os jogos, era quase impossível assistir a uma partida sem contar com sua presença e sua energia. "Esse bordão surgiu através de um chifre que peguei de uma mulher. Eu estava puto, sem vender quase nada de água no Mangueirão, quando resolvi gritar: 'Água! Água caralh*! Água! Vocês não 'tenham' sede não, caralh*?'. O grito chamou a atenção dos torcedores, que gostaram do bordão e, desde lá, só vendo água assim", contou Roberto, em matéria publicada pelo DOL em 2022, explicando a origem de seu icônico grito.
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Para ele e muitos ambulantes, os jogos eram mais do que uma oportunidade de trabalho: eram a principal fonte de renda. Na ocasião, com o futebol paraense enfrentando dificuldades e times sendo eliminados ou entrando em recesso antes do esperado, os vendedores precisavam se reinventar. "Os jogos são muito importantes não só para mim, mas para vários ambulantes que dependem do movimento dos torcedores. É dali que tiram boa parte das suas rendas. Quando não tem jogos, vendo água em frente dos bancos, festivais, eventos religiosos e onde chamarem para vender. Mas, sem dúvida, os jogos são sempre uma das principais fontes de ganhar dinheiro para o sustento", afirmou.
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EM BUSCA DE NOVOS NEGÓCIOS
Nos últimos anos, Roberto Carlos também vinha investindo em novos negócios. Ao lado da esposa Katia, abriu uma conveniência na rua Alacides Nunes, em frente à Arena Futchopp, onde vendia de tudo, inclusive sopa. Mesmo assim, nunca abandonou seu compromisso com os torcedores. "Sempre tive vontade de abrir um depósito de água, mas nunca tive a oportunidade. Dessa vez, com a minha esposa, Katia, que ficou desempregada, resolvemos abrir uma conveniência pra vender de tudo, inclusive a sopa (risos). Graças a Deus tem dado muito certo. Aos torcedores, podem ficar tranquilo. Nunca vou deixar de vender água nos estádios, pois o carinho que tenho pelas torcidas é grande", finalizou.
Roberto Carlos deixa lembranças que vão muito além da água vendida: ele se tornou um símbolo de resistência, humor e dedicação nos estádios paraenses, mostrando a importância dos ambulantes na experiência do futebol local.

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