
A família de Marcello Vitor Carvalho de Araújo, de 24 anos, morto durante uma operação da Polícia Federal (PF), na manhã desta quarta-feira (08), no bairro do Jurunas, em Belém, voltou a se manifestar com críticas à ação dos agentes. Em entrevista à RBATV, a tia do jovem afirmou que os policiais federais arrombaram a porta do apartamento onde ele vivia com a mãe, sem apresentar mandado judicial, mesmo com o imóvel não constando entre os alvos da operação.
Segundo a familiar, nem Marcello, nem a mãe dele, Ana Suellen Carvalho, escrivã da Polícia Civil, eram investigados na operação. “Eles arrombaram a porta da minha irmã, sem ter mandado. O endereço dela não constava no inquérito. Já está provado nos autos que eles não eram alvos”, afirmou.
A tia relata ainda que o verdadeiro alvo da operação era Marcelo Pantoja Rabelo, conhecido como “Marcelo da Sucata”, que havia sido visto entrando no prédio durante a madrugada anterior à ação.
“Esse Marcelo da Sucata entrou no prédio 1h da manhã. Meu sobrinho nem sabia que ele estava lá”, explicou. Para a família, a confusão entre os dois nomes e a presença do suspeito no mesmo imóvel levaram ao desfecho trágico.
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De acordo com ela, imagens de câmeras de segurança mostram nove agentes federais armados com fuzis e escudos táticos invadindo o apartamento.
“Qual a ameaça que um rapaz de 24 anos representa para nove agentes armados? Nenhuma”, disse. A mãe de Marcello, segundo a tia, também teria sido agredida pelos policiais e está realizando exame de corpo de delito.
Veja o vídeo:
A família relatou que a necropsia do corpo de Marcello foi realizada com acompanhamento de peritos locais e federais, após solicitação da promotora Ana Maria Magalhães, que também é parente do jovem. A informação foi confirmada pelo Instituto Médico Legal (IML) na manhã de quinta-feira (09). Segundo a tia, o secretário de Segurança Pública do Estado teria feito contato com o IML para garantir o acompanhamento técnico da perícia.
A Polícia Científica do Pará, por meio de nota, informou que a atuação se deu em apoio técnico à Polícia Federal, que foi responsável pela remoção e pela necropsia. O corpo foi liberado ainda na manhã desta quinta-feira (08) e o velório ocorreu às 13h, na Capela Maxi Domini, no bairro do Guamá.
MPF instaura investigação
A morte do jovem causou grande comoção e levou o Ministério Público Federal (MPF) a instaurar, ainda na quarta-feira (08), um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para apurar as circunstâncias da ação da PF. A medida tem respaldo em resoluções do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que estabelecem o controle externo da atividade policial e a apuração de mortes causadas por agentes de segurança.
Como parte da apuração, o MPF já requisitou informações formais à Superintendência da Polícia Federal no Pará, ao Instituto de Criminalística e ao Instituto Médico Legal. O objetivo é reunir elementos técnicos que possam esclarecer os fatos e embasar as próximas etapas da investigação.
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Em nota divulgada anteriormente, a Polícia Federal alegou que Marcello teria reagido à abordagem e tentado desarmar um dos agentes, sendo então alvejado. A versão oficial aponta que os policiais estavam cumprindo mandados no âmbito da Operação Eclesiastes, que investiga tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.
No entanto, a família contesta essa versão e afirma que Marcello foi morto por engano. Ele era estudante de Educação Física e morava com a mãe no imóvel invadido. Segundo os familiares, não houve confronto armado e o jovem foi surpreendido pela entrada tática dos policiais no meio da madrugada. “Tudo o que a gente puder fazer para provar esse erro será feito”, disse a tia.
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