plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 31°
cotação atual R$


home
DESCOBERTA HISTÓRICA

Achado no Parque do Utinga pode mudar o que sabemos sobre Belém

Segredos do Parque do Utinga: trilhos centenários escondidos são redescobertos em Belém

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia Achado no Parque do Utinga pode mudar o que sabemos sobre Belém camera Jefferson Azevedo encontrou outros dois vestígios dos trilhos, completamente submersos. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará. | ( Irene Almeida / Diário do Pará)

Mais do que uma amostra da biodiversidade amazônica e a gestão dos lagos que garantem 70% da água que abastece a cidade de Belém, o Parque Estadual do Utinga Camilo Vianna também preserva parte da memória da capital paraense. E um capítulo dessa história é rememorado com uma descoberta recente: vestígios de antigos trilhos ferroviários do início do século XX, que se mantiveram soterrados e até submersos por décadas, foram encontrados dentro do parque.

A busca que resultou na redescoberta dos vestígios se desenrolou por aproximadamente um ano e envolveu diferentes atores, entre guias de trilhas que atuam no Parque do Utinga, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e moradores antigos do bairro Curió-Utinga.

No total, o grupo conseguiu localizar quatro achados relacionados a trilhos, três deles identificados como sendo do sistema Decauville, uma tecnologia francesa de trilhos móveis e que era utilizada em terrenos instáveis. Registros históricos apontam que, no Pará, a utilização deste tipo de ferrovia esteve ligada ao Canal Água Preta, obra do engenheiro Francisco Bolonha que abastecia os reservatórios responsáveis pelo abastecimento de Belém.

Um dos envolvidos no achado, o gestor ambiental do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e condutor de trilhas, Diego Barros, conta que a iniciativa de buscar por esses vestígios foi despertada pela produção de um documentário sobre a cineasta alemã Pola Brückner, tida como pioneira na produção de filmes sobre a Amazônia. Pola esteve em Belém entre os anos de 1929 e 1930, e deixou um livro sobre a experiência na capital amazônica, destacando, inclusive, a linha férrea existente no Utinga à época.

“Veio até nós a neta de uma pesquisadora alemã que nos anos 30 veio para cá e fez um documentário sobre a Amazônia, passando por vários pontos. E um dos relatos que tem no livro e no documentário que ela deixou é sobre os trilhos de dentro do Utinga. Ela relata que fez um passeio pelos trilhos, uma aventura, e a neta dela, agora, voltou para o Brasil para tentar comprovar e refazer os passos da avó dela”.

Leia também:

Diante dos relatos dos produtores do documentário, Diego teve a confirmação das histórias que ele já tinha ouvido de moradores antigos do bairro do Curió-Utinga, a de que existiam trilhos ferroviários dentro do parque. Em meio às atividades rotineiras no local que recebe centenas de visitantes para atividades de trilha, boia cross, canoagem e stand up paddle, o engenheiro florestal foi em busca desses vestígios e uma rede de colaboração foi se formando.

“Daí em diante fomos encontrando pessoas que foram agregando conhecimento. Tem dois pesquisadores fantásticos da UFPA que foram fundamentais para a realização dessa pesquisa, que são o Haroldo Baleixe e Fernando Marques, do Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA, tivemos a participação também da comunidade local e dos condutores de trilhas. Então, toda essa equipe, cada um com o seu conhecimento, conseguiu redescobrir essa história dentro do Parque do Utinga”.

Quer ler mais notícias de Belém? Acesse o canal no WhatsApp!

Para guiar as buscas, a equipe tinha mapas antigos que apontavam a existência de ramais férreos no Utinga, mas como os trilhos Decauville têm como característica ser desmontáveis, eles poderiam ter tido a sua localização inicial modificada, e o que tudo indica é que isso tenha realmente ocorrido. “Foi um trabalho muito difícil, mesmo com a documentação histórica. Inclusive, os trilhos que encontramos não estão na posição que deveriam estar, de acordo com o mapa. Eles foram descobertos graças a relatos de moradores antigos do Curió-Utinga”, conta Diego. “Outros documentos que foram fundamentais para o achado foram registros de fotos antigas que mostram onde esses trilhos estavam e nós fizemos uma análise temporal e conseguimos identificar exatamente onde eles estão através das imagens”.

As fotos são referentes ao acervo pessoal do Engenheiro Paulo Augusto Gadelha Alves, cedidas por sua filha. Nos registros antigos é possível ver o antigo Canal Yuna e, nas laterais, dos dois lados, os trilhos da ferrovia Decauville. O cenário é bem diferente do atual porque, décadas atrás, o sistema de abastecimento de água foi expandido e resultou no alagamento de uma parte maior do curso d’água. Hoje, o que se vê no local é o Igarapé do Yuna, onde são realizadas atividades de boia cross e canoagem.

Foi justamente durante a condução de um desses passeios que o biólogo e condutor de trilhas do Ideflor-Bio, Jefferson Azevedo, encontrou outros dois vestígios dos trilhos, completamente submersos. “A gente já vinha nessa busca há muito tempo atrás, então, depois das primeiras descobertas, eu já tinha uma noção do que a gente estava procurando. E um dia eu estava fazendo um passeio de boia cross, o nível da água estava um pouco mais baixo, e deu para ver uma silhueta de metal”, conta Jefferson. “E eu tive aquela curiosidade de mergulhar, passei a mão e notei que eram trilhos. Eu marquei o perímetro e voltei depois, já sem estar conduzindo nenhum passeio, e constatei que realmente se tratava desse trilho Decauville”.

O primeiro achado submerso é referente a um pedaço de aproximadamente oito metros de trilho. Foi o suficiente para que Jefferson e Diego se empenhassem em ir em busca de outro resquício, encontrado um pouco mais à frente. “A gente voltou no rio, de caiaque, mergulhamos e conseguimos levantar porque era apenas uma parte de um lado do trilho, um fragmento de aproximadamente oito metros, e depois nós começamos a procurar mais, até encontrarmos de fato o trilho montado, com os dormentes, mais à frente. Esse segundo é bem maior e está montado dos dois lados, conseguimos ver somente mergulhando”, conta Jefferson. “Quando eu encontrei a primeira parte eu já fiquei feliz porque nós procuramos em locais tão longe e estava tão perto. Foi uma surpresa muito grande, não só pra mim, mas pra equipe toda que estava fazendo parte desse trabalho”.

A matéria completa você pode ler no jornal Diário do Pará. Não perca!

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Notícias Pará

    Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

    Últimas Notícias