Velório de Dona Coló será nesta quarta-feira (31), em Marituba

Belém se despede de uma de suas figuras mais simbólicas da cultura popular, cujo saber atravessou gerações e ajudou a construir a identidade do Ver-o-Peso. Dona Coló, uma das erveiras mais conhecidas e queridas do mercado, morreu nesta terça-feira (30), deixando um legado que vai muito além das barracas coloridas e do perfume das ervas espalhadas pela maior feira a céu aberto da América Latina. O velório, segundo a família, será realizado em Marituba, na Grande Belém.

Reconhecida como um verdadeiro patrimônio cultural do Ver-o-Peso, Dona Coló dedicou décadas de sua vida ao trabalho com ervas medicinais e espirituais, preservando conhecimentos tradicionais transmitidos de geração em geração. Sua atuação não se limitava à comercialização de plantas: ela era vista como guardiã da sabedoria popular amazônica, especialmente na preparação de banhos ritualísticos.

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A erveira ganhou destaque pela maestria na produção dos tradicionais banhos de cheiro de São João, preparados com mais de 21 tipos de ervas, reunindo segredos, crenças e boas energias. Entre os mais procurados estavam o Banho do Sucesso, o Banho do Abre-Caminho e o Banho da Felicidade. Dona Coló costumava afirmar que, para além das ervas, a fé era essencial para que os rituais surtissem efeito.

Nos últimos anos, sua saúde inspirava cuidados. Dona Coló enfrentou problemas delicados, incluindo internações após sofrer acidentes vasculares cerebrais, como o registrado em março de 2022. Ainda assim, continuou sendo referência cultural e afetiva para frequentadores do mercado, turistas e moradores da capital paraense, marcada por sua irreverência e carisma.

De acordo com a família, o velório de Dona Coló será realizado em um salão localizado na avenida João Batista, em Marituba, após a liberação do corpo pelo hospital. O sepultamento está marcado para esta quarta-feira (31), às 15h, em um cemitério particular localizado na Região Metropolitana.

A despedida mobiliza familiares, amigos e admiradores que reconhecem em Dona Coló um símbolo vivo da cultura tradicional paraense, cuja memória seguirá presente entre as ervas, os cheiros e os saberes do Ver-o-Peso.