A empresa Geofort Fundações Ltda, contratada pela Real Engenharia para realizar serviços de sondagem do solo na área em que foi construído o prédio Real Class, possui uma conexão nada desejável com a tragédia que atingiu o edifício Raimundo Farias, há 23 anos. A fundação do edifício Raimundo Farias foi feita por uma empresa (hoje extinta), que tinha o engenheiro Durval Pinheiro como engenheiro responsável. Pinheiro, por sua vez, é um dos sócios da Geofort.
Procurada pela reportagem do Diário Online para esclarecer o assunto, a diretoria da Geofort negou que fosse a responsável pela fundação do Real Class. O engenheiro Fábio Pampolha Pinheiro (que, ao telefone, pediu para ser identificado apenas como “Fábio”, “engenheiro”), afirma que a Geofort fez apenas a sondagem preliminar do Real Class, mas é de praxe a empresa que fará a fundação realizar uma nova sondagem para então executar o serviço.
“Fizemos a sondagem, estudo preliminar e reconhecimento do tipo de solo, que inclusive é um solo bom naquele local”, explica. De acordo com ele, a responsabilidade pela fundação do Real Class recai sobre a Solotécnica. Segundo o engenheiro, a Geofort fez várias fundações para a construtora Real Engenharia, inclusive do prédio ao lado do que desabou, mas conta que na época, por questões comerciais, não realizou a fundação do Real Class.
FUSÃO
A Geofort Fundações Ltda foi fundada em janeiro de 1995, pelos engenheiros civis Durval Pinheiro, Fabiano Pinheiro e Antonio Enéas Resque Duarte, e resultou da fusão das empresas Fundações Ltda. e Encigeo Engenharia de Fundações Ltda, que pertenciam a eles.
Os sócios realizaram mais de 4 mil obras de fundações, ao longo de 40 anos de serviços prestados na região. No portfólio da empresa na internet (www.geofort.com.br), estão relacionadas obras bem anteriores ao ano de sua fundação, como a Ponte de Mosqueiro (inaugurada em 1976) e o shopping Iguatemi Belém (atual Pátio Belém, inaugurado em 1993).
Fábio Pampolha Pinheiro descarta a associação entre as duas tragédias. Segundo o engenheiro, a Geofort foi criada somente no ano de 1995, sendo que o Raimundo Farias desabou em 1987. No entanto, após o desastre que atingiu o Raimundo Farias, a empresa de Durval Pinheiro, que se chamava Marcos Farias, mudou de nome, por razões de mercado.
Fábio Pinheiro disse ainda que o engenheiro Durval Pinheiro tem 85 anos e não se envolve mais em questões administrativas. Fábio destacou ainda que o desabamento do Raimundo Farias não se deveu à fundação.
Apesar da associação, é de se destacar que a Geofort, conforme informa em seu portfólio, já executou uma série de obras que até hoje não apresentaram problemas, como é o caso do já citado shopping Iguatemi, o IT Center - Mercadão das Peças, o prédio do Centur, o Elevado Carlos Marighella, o prédio do Ministério da Fazenda, entre outros.
A família de Antônio Enéas Resque Duarte entrou em contato com a redação do Diário do Pará para informar que ele faleceu em julho de 1999 e, portanto, não é mais sócio da empresa e não possui ligação alguma com a tragédia.
(Thais Rezende/DOL)
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