O pouco sossego que restava para os ouvidos dos paraenses pode estar com os dias contados. A emissão irregular de ruídos e sons, cada vez mais, passa ser um dos principais problemas nos grandes centros urbanos, como Belém. E o “vilão”, dessa vez, pode não apenas causar estresse ou dor de cabeça, mas também distúrbios físicos, mentais e psicológicos permanentes no ser humano.
Doze estudantes dos cursos de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), orientados pelo professor Orlando Tadeu de Souza, percorreram o interior dos ônibus que circulam as ruas e avenidas mais movimentadas da capital paraense, com o objetivo de apontar os pontos mais críticos e estudar soluções para o problema.
Vários estudos já constatam que a emissão irregular de ruídos no trânsito pode provocar inúmeros malefícios à saúde humana, além de perturbar a segurança nas vias e o sossego público. O meio ambiente também é severamente prejudicado pelas diversas fontes causadoras destes ruídos, como buzinas, alarmes e aparelhagem de som.
Quem enfrenta na pele, ou melhor, nos ouvidos este problema é a secretária Idnilsa Magno, que passa uma boa parte do dia dentro de ônibus. “Levo cerca de 2 horas para chegar ao meu trabalho. Buzinas, pessoas falando alto ao celular e ouvindo música no volume máximo. O barulho é insuportável. Não há respeito”, reclama Idnilsa.
Dependendo da intensidade, esses barulhos podem causar desatenção e perturbação no condutor em relação aos demais sinais sonoros de trânsito, por exemplo. Dentre os demais sintomas apresentados, a insônia e os conhecidos problemas de audição, que vão desde a perda da capacidade auditiva mínima até a surdez total, poderiam ser evitados com a maior conscientização da população e o monitoramento dos coletivos por parte das empresas de transportes urbanos.
A Constituição Federal, através do artigo 225, além do artigo 1º do Código de Trânsito Brasileiro e inúmeras outras normas e leis municipais têm legislado sobre o controle da emissão de ruídos, para garantir uma convivência saudável no meio ambiente. Porém, pouco se tem feito pelo cumprimento delas, o que acarreta o aumento cada vez maior da poluição sonora em decorrência do crescimento das cidades.
Os alunos da Ufra, durante as aulas de Física, realizaram o teste no interior dos coletivos através de um medidor de pressão sonora (decibelímetro), com a finalidade de verificar o grau dos barulhos captados pelos passageiros, motoristas e cobradores. Foram escolhidas cinco linhas de ônibus, que percorrem as principais vias da cidade: Curuçambá, Tamoios, Alcindo Cacela/José Malcher, Jurunas/Marambaia e o coletivo Marex/Presidente Vargas.
O estudo concluiu que os impactos causados devido aos ruídos nas áreas de monitoramento estão chegando no limite. Entretanto, em alguns momentos os níveis já ultrapassam os valores recomendados de 80 decibéis, quando não contínuos e 60 decibéis quando contínuos, o que é considerado prejudicial para o ser humano.
Redutores de velocidade resolveriam problema
A recomendação do Prof. Orlando Tadeu, orientador da pesquisa, é que sejam colocados redutores de velocidade ao longo das rodovias e que haja a correção da pavimentação dos asfaltos, quando necessária. Inúmeros trabalhos têm constatado que o aumento de velocidade dos veículos e as deformidades no capeamento das vias ajudam a apresentar maiores valores da pressão sonora, indicando que estes elementos influenciam e interferem na intensidade dos ruídos.
Também deve ser evitada a utilização de aparelhos sonoros, celulares, entre outras fontes que perturbem o bem – estar no interior dos ônibus. Assim, não apenas Idnilsa, mas todos que utilizam os transportes coletivos terão uma viagem bem mais tranquila. (Diário do Pará)
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