Bom humor, mesmo nos momentos mais difíceis, espírito empreendedor e o destemor que o fez criar um jornal de oposição quando o Brasil ainda vivia sob o braço forte da Ditadura Militar. Essas são as características mais marcantes do jornalista Laércio Barbalho, que completaria 97 anos nesta terça, 24. “Era um homem que não tinha medo de enfrentar os problemas”, relembra o neto Jader Barbalho Filho, diretor presidente do DIÁRIO DO PARÁ, que sucedeu Laércio no comando do jornal.
As mesmas características são lembradas pelo filho, o hoje senador Jader Barbalho (PMDB). “Meu pai era uma pessoa com imensa alegria de viver, politicamente engajado e preocupado com as questões da sociedade paraense. Tinha grande coragem pessoal e política. Criou o DIÁRIO em um momento extremamente difícil, para ser a voz contra o regime militar, quando os dois jornais que existiam no Estado eram mais que engajados, eram engajadíssimos com a Ditadura”, conta o senador.
Criado em agosto de 1982, o DIÁRIO DO PARÁ teve a missão inicial de lutar contra o regime militar e ajudar a chapa da oposição ao Governo do Estado, encabeçada pelo senador Jader Barbalho, filho de Laércio. Aos poucos, o jornal se tornou o principal veículo impresso do Estado. Antes de morrer, em 2004, o jornalista Laércio Barbalho pôde acompanhar de perto as transformações na política e no jornalismo, onde foi personagem e narrador privilegiado. “Era um contador de histórias, sempre rodeado de pessoas, no escritório ou nos eventos. Poucos tinham o olhar e a capacidade de descrever detalhes como ele”, lembra Jader Filho.
Apaixonado por jornalismo, Laércio Barbalho fazia questão de conferir os detalhes da produção do jornal e tinha um estilo próprio de redigir notícias. Opositor ferrenho do regime militar, idealizou o jornal como parte da ofensiva contra a Ditadura. O sonho começou a ganhar contornos de realidade em 22 de agosto de 1982, na primeira edição do DIÁRIO DO PARÁ.
No início, a estrutura era modesta e a primeira edição foi rodada em máquinas que vieram de uma oficina sucateada de São Paulo. Na primeira edição, a manchete “Eleição limpa” dava o tom que se tornaria a marca do jornal, que nascia para lutar pela redemocratização do País e buscava inovação de forma e conteúdo.
Laércio Barbalho também deixou como marcas a irreverência, a inteligência, a generosidade e uma atuação política intensa. Foi eleito três vezes deputado pelo PSD, que apoiava Magalhães Barata. Depois, no PMDB, engrossou fileiras de oposição à Ditadura. Foi cassado em 1969, após reeleito deputado estadual. Mesmo sem mandato, atuou em defesa da redemocratização. “Festejo sua memória como filho, como homem público e como paraense pelo imensurável serviço que ele prestou à democracia e às liberdades. Sem o DIÁRIO DO PARÁ, estaríamos em um monopólio de informação extremamente danoso à sociedade”, diz Jader Barbalho.
(Rita Soares/Diário do Pará)
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