UM VIGILANTE E DOIS BANDIDOS MORRERAM NO TIROTEIO NA ARTERIAL 18 O alvo de quadrilhas especializadas em assaltos a agências bancárias desta vez não foi no interior do Pará, mas sim, dentro da Região Metropolitana de Belém. Na tarde de ontem, oito homens armados trocaram tiros com vigilantes que prestam serviços a uma empresa privada de transporte de valores. O resultado foi sangrento: um segurança morto, um funcionário do banco baleado na cabeça, um cliente de 16 anos ferido, dois bandidos mortos, outros dois baleados e um quinto preso após fazer uma família refém. Na ação, três pistolas “Ponto 40”, dois revólveres 38 foram apreendidos
Na frente da agência do Banco do Brasil, localizada na avenida Dom Vicente Zico, antiga Arterial 18, no conjunto Cidade Nova 4, ficou marcada por tiros disparados pelos bandidos. O vigilante Enir Nazareno Machado Júnior, que pulou na frente de um estudante de 16 anos para salvar a vida dele (que também foi atingido por um tiro de raspão na cabeça) e acabou alvejado por um tiro na cabeça. O segurança morreu no momento em que recebia atendimento médico em um hospital particular de Ananindeua.
Segundo informações do senhor Olivaldo Daniel de Souza, de 59 anos, que estava dentro da agência na hora em que tudo aconteceu, ele esperava a vez em um dos caixas eletrônicos, onde faria uma transferência bancária, quando percebeu que havia dentro do banco seis homens em atitudes suspeitas.
Alguns dos suspeitos estavam com mochilas nas costas. Já às 17h20, chegou o carro forte da empresa de transporte de valores. Um vigilante desceu do carro e entrou na agência para buscar o dinheiro, enquanto do outro lado da porta giratória, os seis homens permaneciam.
Olivaldo disse ainda que percebeu que iria ser assaltado quando viu um dos homens assoviar, como se estivesse chamando a atenção dos comparsas para que ficassem atentos ao vigilante que estava se preparando para sair do banco com as sacolas de dinheiro. Foi nesse momento que começou uma troca de tiros.
“Eu ia sair do banco, mas não sei como começou, só vi os assaltantes atirando para cima do vigilante e os outros vigilantes que faziam a cobertura, começaram a atirar também.
Os outros guardas que estavam do lado de fora, não podiam atirar para dentro da agência porque poderia atingir algum cliente, mas os bandidos que faziam a cobertura do lado de fora não pensaram duas vezes e atiraram. Foi um horror”, conta a vítima que ainda foi mantida como refém para poder dar proteção aos assaltantes que correram para um carro, modelo Cross Fox vermelho, e um táxi Palio.
Após os momentos de horrores vividos pelos clientes do banco, começava a luta para tentar socorrer o vigilante Machado, como era conhecido dentro da empresa, e o estudante salvo pelo vigilante.
Parte da vidraça da agência bancária foi completamente quebrada. Na rampa de acesso para os deficientes físicos, um coturno do vigilante Machado estava marcado por uma bala e por sangue. Em poucos minutos, populares que estavam próximos do local onde o fato ocorreu, correram para frente do Banco do Brasil para saber o que estava acontecendo e a avenida Arterial 18 ficou interditada até a chegada da Polícia Militar e da ambulância de resgate do Corpo de Bombeiros.
“Eu estou bem, graças a Deus”, disse o estudante ao DIÁRIO quando estava recebendo atendimento médico dentro da ambulância. “Foi tudo muito rápido. Não sei de fato como aconteceu”, dizia um cliente do banco, aparentando ainda estar nervoso.
No local, as informações apuradas eram de que mais dois homens estavam dentro de carros aguardando os comparsas saírem da agência com o malote. Outra informação era que dois homens estavam em duas motos, fato não confirmado pela polícia.
Testemunhas disseram que os bandidos fugiram nos carros carregando os malotes de dinheiro que estavam sendo transportados pelo vigilante Machado, mas nem os funcionários do banco e nem a polícia souberam informar, de fato, se o dinheiro foi levado pela quadrilha.
Em perseguição, ladrão fez família de PM refém
Os policiais militares da 3ª ZPol e a Rotam estavam realizando buscas na área quando receberam um pedido de apoio do major Márcio Rayol, comandante do 25ª Batalhão de Polícia Militar. Major Márcio informou que estava em perseguição ao táxi branco onde estavam dois homens armados e que se dirigiam em alta velocidade para o conjunto Jardim Nova Esperança, próximo a estrada do 40 Horas. Os militares foram até o local, onde os homens armados trocaram tiros com a polícia na rua Enéias Costa.
O Palio branco, roubado pela quadrilha para a realização do assalto, foi alvejado por vários tiros, atingindo também um dos bandidos, que usava uma pistola “Ponto 40”, de uso exclusivo da polícia. Roberto Alves da Rocha, 29, foi encaminhado até o Pronto-Socorro Municipal da Cidade Nova 6 para receber atendimento médico.
O outro assaltante Makdavid Fernandes dos Santos, de 30 anos, correu para dentro de uma residência, no lote 224, onde manteve Mary Laranjeira e a sua filha de 6 anos como reféns.
O cabo Huill, esposo e pai das vítimas e que presta serviço em Paragominas, foi avisado através do telefone celular da ocorrência e veio até Ananindeua acompanhar as negociações que estavam sendo feitas pelo próprio major Márcio
A rua ficou lotada de curiosos que queriam que tudo terminasse logo, já que a senhora Mary é hipertensa e poderiam passar mal ao lado da filha. “A gente pede para que todos fiquem calmos. A imprensa, por favor, afaste-se um pouco para trás”, pedia os militares.
A cunhada e a namorada de Makdavid foi até o local pedir para que o acusado se entregasse. Entre as reivindicações do acusado estavam o colete a prova de balas e a imprensa. A primeira refém a ser liberada foi a criança de 6 anos, que correu para o braço dos parentes aos prantos.
A cena emocionou a comunidade, os policiais e até a imprensa que acompanhava a situação. Vinte minutos depois foi a vez de Mary ser liberada e Makdavid se entregou após deixar uma outra pistola “Ponto 40” no chão. As armas estavam com suas numerações de identificações raspadas.
Dentro do carro estava um revólver calibre 38, que a polícia acredita que tenha sido roubado do vigilante que perdeu a vida. O outro integrante da quadrilha também foi preso em uma outra região do bairro do Coqueiro e identificado como Márcio Euríbides Ferreira da Silva, 21.
“Eu só queria que alguém aqui me entregasse uma arma para eu matar esse cara”, diz Marcos, parente das vítimas, que estava indignado com o fato. “Tenho que ir embora daqui dessa casa. Não quero mais ficar aqui. Nesse local, tem muitas ‘bocas de fumo’ e aonde eu tenho a proteção da minha família”, finaliza o cabo da Polícia Militar, Huill que só ficou mais calmo depois de poder abraçar a esposa e a filha.
MORTOS
Outros dois bandidos foram interceptados pela polícia no loteamento Nova Esperança (que fica na frente do conjunto Stélio Maroja), na passagem São Paulo. Em uma troca de tiros, os criminosos foram baleados. Ainda com vida, eles foram levados para o Hospital Metropolitano, mas já chegaram mortos ao local. Até o final da noite de ontem, eles não haviam sido identificados. (Diário do Pará)
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar