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POLÍCIA

Após matar criança, francês está em liberdade

A imagem vai ficar para sempre gravada na mente da dona de casa Vera Lúcia, 47 anos. O corpo do seu filho mais novo - João Paulo, 13 - estava jogado no meio do mato, com a cabeça banhada de sangue. Ela perdeu a respiração. Não queria acreditar que o

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A imagem vai ficar para sempre gravada na mente da dona de casa Vera Lúcia, 47 anos. O corpo do seu filho mais novo - João Paulo, 13 - estava jogado no meio do mato, com a cabeça banhada de sangue. Ela perdeu a respiração. Não queria acreditar que o menino estava morto. E não estava.

Dona Vera ainda teve tempo de abraçar o filho e ouvir seu último suspiro, como um sopro cansado. O corpo do garoto desfaleceu em seus braços. A cena, ocorrida no final da tarde da última quarta- feira (12), no município de Gurupá, no Marajó, consumou o assassinato de João Paulo, morto com um tiro na cabeça, disparado pelo empresário francês Jean Marie Etienne Royer, 68. João morreu dentro do sítio de Jean Marie, quando o menor e outros três amigos - Adriel, 8, Erik, 13, e Jorge, 13, brincavam nas matas da região.

O crime revoltou os mo-radores da cidade, que atearam fogo à casa do empresário e destruíram o bar e o restaurante dos quais ele é dono. Além da morte da criança, indignou a população a forma como “o gringo” - como Jean Marie é chamado pelos habitantes de Gurupá - assassinou João Paulo: com um tiro de espingarda, calibre 12. Na cabeça. Assassino confesso do garoto, o empresário teve a arma do crime apreendida e foi preso, mas colocado em liberdade na tarde de ontem, por decisão do juiz Andrew Michel Fernandes Freire, da Comarca de Gurupá.

EM LIBERDADE

Com isso, o clima de tensão em Gurupá continua. “Tem muita gente indignada. As pessoas dizem que vão destruir prédios públicos, até esse assassino voltar para a cadeia”, conta a irmã de João Paulo, a vendedora Shirley Lima, 20.

Na manhã de ontem, foi divulgada a decisão do juiz Andrew Michel Fernandes Freire, que comanda o processo, de colocar o autor do crime em liberdade, a despeito do pedido de prisão preventiva, feito pela Polícia Civil e reorçado pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Na tarde de ontem, durante o enterro do menino, cerca de 2 mil pessoas lotaram o cemitério local. Todas clamavam por justiça, exigindo a prisão do empresário. “Não queremos nada, além de justiça. Ele matou o meu irmão e tem de pagar por isso”, afirma Shirley. João Paulo foi enterrado com uma faixa branca em torno da cabeça, para ocultar o buraco causado pela bala, que entrou do lado direito da cabeça e saiu pelo esquerdo. Dona Vera não foi ao enterro. Ela disse que não tinha forças para ver o filho dentro de um caixão.

Nem a polícia sabe o paradeiro de Jean Marie

Segundo o escrivão Rodrigo de Souza, da delegacia da Polícia Civil, em Gurupá, a polícia deve fazer, num prazo de 30 dias, a reconstituição do crime. “Há, até, a possibilidade de termos de retirar o corpo do garoto, para a análise dos peritos”, observa o escrivão.

Como em Gurupá não há unidade do Centro de Perícias Científicas (CPC) Renato Chaves, o corpo de João Paulo foi enterrado sem passar pela análise dos peritos, que pode indicar detalhes importantes, como, por exemplo, a distância da qual o tiro foi disparado. Há versões controversas do caso. Segundo os três menores que estavam com João Paulo na hora do crime e que foram ouvidos pelo escrivão Rodrigo, Jean Marie aproximou-se dos garotos e atirou na direção do menino, que, ao ver o francês com a espingarda na mão, ainda tentou se esconder no meio do mato.

Em texto publicado na internet, no entanto, o advogado Ismael Moraes, que se diz “grande amigo” do empresário, divulgou que Jean Marie atirou “para cima”, na intenção de assustar “10 adolescentes e adultos que invadiram sua propriedade” (procurado pela reportagem do DIÁRIO, o advogado não foi encontrado em seu escritório). De acordo com a polícia, o relato não condiz com os fatos. “Essa hipótese, de o empresário ter atirado para cima, está descartada. O garoto foi morto no chão. Além disso, não havia adultos no local. Eram apenas 4 crianças”, diz um policial de Gurupá, que não quis se identificar, por temer represálias.

Ontem, mais dois episódios marcaram a morte de João Paulo. À tarde, cerca de 30 mototaxistas circularam pelas ruas de Gurupá, buzinandoe com gritos pedindo justiça.À noite, uma missa foi celebrada, em homenagem ao garoto. Além da dor e da tristeza, a família do menino, agora, tem outra preocupação: saber onde o empresário francês está.

Na delegacia de Gurupá, a informação é de que ele teria deixado a cidade, com medode sofrer novos ataques da população, e estaria em Breves. Outra versão é de que Jean Marie já estaria em Belém. Nema própria polícia conseguiu confirmar, ao DIÁRIO, o paradeiro do francês. “Se esse assassino fugir do país, será uma vergonha enorme”, esbraveja Shirley, irmã da vítima. Se o empresário fizer isso, estará descumprindo a ordem judicial que o proíbe de se ausentar do Brasil (documento à esquerda). Por precaução, o passaporte de Jean Marie foi confiscado pela polícia. “Mas uma pessoa que matou um menino indefeso, com um tiro na cabeça, é capaz de tudo”, observa Shirley.

(Diário do Pará)

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