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POLÍCIA

Execuções mancham Belém de sangue. Mapa aponta áreas vermelhas; veja!

A juventude pobre e negra está sendo exterminada na periferia de Belém. É o que aponta um estudo feito pelo Observatório de Estudos em Defesa da Juventude Negra (Obej) que analisou os 569 casos de homicídios por execuções registrados entre os anos de 2011

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A juventude pobre e negra está sendo exterminada na periferia de Belém. É o que aponta um estudo feito pelo Observatório de Estudos em Defesa da Juventude Negra (Obej) que analisou os 569 casos de homicídios por execuções registrados entre os anos de 2011 e 2016. A pesquisa resultou na elaboração de um mapa inédito no qual se indica as áreas que mais registraram mortes por execuções na cidade. Pintadas em vermelho – para indicar o grau de riscos – percebe-se, na prática, que uma grande mancha de sangue foi derramada em pelo menos 18 bairros periféricos de Belém, onde o tráfico de drogas é forte.

“O extermínio tem o endereço certo que é a periferia. Por isso eu também chamo este mapa de mapa do exterminio’”, destacou o pesquisador Aiala Colares, coordenador do Obej e também professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Foi o próprio Aiala quem elaborou o mapa das áreas de homicídios por execuções em Belém. Relacionando o estudo dele ao Mapa da Violência no Brasil se observa alguns pontos em comuns, entre eles no perfil das vítimas de homicídios por execução nos quais predomina pessoas de baixa renda, jovens e negras que moram em áreas periféricas.

Ao ser questionado sobre o porquê da violência contra o negro da periferia, ele destaca que é na periferia que está jovem negro. Nesta áreas prevalecem a precarização das políticas públicas e falta de oportunidades para os jovens. “São áreas onde não há geração de emprego ou de formação e qualificação de mão de obra, por exemplo”, pontuou o pesquisador.

Outra coisa que chama atenção neste estudo é o fato de que 95,43% destes homicídios por execuções estão relacionados ao tráfico de drogas – que impera em todos os bairros de Belém, mas está muito mais forte na periferia, onde existe uma carência da rede de proteção e políticas públicas voltadas para Segurança, Educação, Esporte, Lazer e Saúde.

“Se comparar os números da violência de forma geral a gente percebe Belém como uma cidade em conflito. Existem áreas onde traficantes de drogas e de grupos de extermínios atuam fortemente e o Estado permite isso – não combate!”, denunciou Aiala.

Ele também uma crítica na demora pela elucidação destas ocorrências. “Não há uma resposta rápida do Estado em relação às investigações das mortes destas vítimas”, afirma.

“Vivemos numa espécie de cultura onde o pobre e negro é preso, criminoso. A morte dele parece ‘justificável’ nesse imaginário”, criticou o coordenador do Obej. “Quando uma pessoa branca, classe média e do centro é assassinado. O crime é investigado e logo se tem uma resposta. A sociedade se assusta! Questiona”, diz Aiala.

6 bairros e 1 distrito lideram as execuções

De acordo com o mapa, 18 bairros de Belém apresentaram o maior número de registros de assassinatos por execuções, entre os anos de 2011 e 2016. No entanto, no Guamá, Jurunas, Barreiro, Sacramenta, Cabanagem, Benguí e algumas áreas de Icoaraci lideraram o ranking de mortes por execução. Somente nestas áreas, foram 324 assassinatos nesta modalidade. Em percentuais, estas localidades concentraram 56,94% do total de casos de execuções.
Para se ter uma dimensão do problema, somente no bairro do Guamá foram registrados 85 casos de assassinatos por execução dentro do período de 2011 a 2016. Foi o bairro com maior número de registros, até então.
Icoaraci é a segunda área com maior registro de homicídios por execução. Em três bairros do distrito foram registradas 64 ocorrências deste tipo. Na Sacramenta e no Barreiro, 50 pessoas morreram vítimas de execução. No Jurunas foram 46 e na Cabanagem 44. No bairro do Benguí, 35 pessoas foram executadas entre 2011 a 2016

Mortes estão relacionadas ao tráfico de drogas, confronto com a polícia e ação de milícias

Os dados que Aiala Colares estudou foram obtidos junto à Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (SIAC), da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). Eles atribuem ou relacionam as 569 ocorrências de execuções ao tráfico de drogas, a ação de milícias e as mortes por confronto com policiais.

Todavia, Colares lembra que só se começou a relacionar crimes de homicídio por execução a milícias a partir de 2014 para cá. Foi justamente depois da chacina de Belém, após a morte do Cabo Pet, em novembro daquele ano. “Antes disso, se relacionava este tipo de assassinato ao tráfico de drogas”, pontuou o pesquisador. Isto talvez seja uma das explicações para o baixo número de execuções atribuídas a ações de milicianos – seriam 14 até então.

Destas mortes por execuções atribuídas a milícias, 5 aconteceram somente no bairro do Guamá. No Tapanã, foram 3. Na Terra Firme, duas. Em Icoaraci, Benguí, Jurunas e Cremação pelo menos uma pessoa morreu vítima de execução por milicianos.

(Denilson D'Almeida/Diário do Pará)

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