"Se preto de alma branca pra você... é um exemplo da dignidade, não nos ajuda só nos faz sofrer..., nem resgata nossa identidade...". Esse é o refrão de um dos grandes sucesso de Jorge Aragão. Na música, o compositor mostra as formas que expressões racistas são disfarçadas e estão enraizadas na sociedade brasileira.
Um caso com o referido contento ocorreu na noite da última segunda-feira (12) quando o vereador Arnaldo Faria de Sá (PP) se referiu ao ex-prefeito Celso Pitta como "negro de alma branca" e gerou indignação de vereadores na Câmara de São Paulo.
A fala racista aconteceu durante discussão do Projeto de Intervenção Urbana do Setor Central. Faria de Sá citou Pitta dizendo que foi secretário de Governo do ex-prefeito.
"Eu me preocupei com um negro, que era o Pitta, o prefeito da capital, que estava escorraçado, estava sendo atacado, vilipendiado. E derrotei o impeachment. Ele levou seu mandato até o final. Eu estava preocupado com um negro de verdade, negro de alma branca como as pessoas costumam dizer”.
Posteriormente, Faria de Sá pediu desculpas. "Eu errei, não quero discutir com ninguém, quero pedir desculpas humildemente".
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A primeira a se manifestar contrariamente foi Elaine do Quilombo Periférico (PSOL). "Mais uma vez pedir respeito ao vereadores que não utilizem falas racistas no plenário. Dizer que um negro para ser bom negro precisa ser um negro de alma branca é uma frase absolutamente racista é inaceitável nesse plenário", disse Elaine. Luana Alves, líder do PSOL, disse que o partido tomaria todas as medidas cabíveis e que não iria reproduzi-la porque a declaração dói nela.
O presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), após se certificar de que a fala era a mesma citada por Elaine, também criticou a declaração. "A fala é uma fala racista. Realmente, ela merece um reparo público e imediato", disse. Leite disse que "infelizmente nós assistimos hoje uma cena triste aqui". "Hoje é um dos dias mais tristes que vou embora dessa casa", disse.
Depois disso, todos os vereadores que pediram a palavra prestaram solidariedade aos negros e criticaram a fala de Faria de Sá. "Quero deixar meu repúdio às palavras do vereador, independente da posição que cada um esteja, da discussão acalorada, das desavenças que nós temos aqui, das discordâncias que nós temos não podemos de maneira, nenhum momento, pelo calor do momento, pela agonia do momento proferir frase que eu prefiro não repetir do vereador Arnado Faria de Sá", disse Sonaira Fernandes (Republicanos), aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Não podemos passar pano no racismo, não podemos admitir que o racismo seja naturalizado." Felipe Becari (PSD) disse que ficou chocado com a declaração e citou "absurdo". "Ao menos o mínimo de alívio eu sinto por ver tantos vereadores e vereadoras se manifestando", disse.
Representação
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) entrou com representação na Corregedoria da Câmara de São Paulo a respeito da fala.
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