A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) esteve em Belém na sexta-feira (28) e no sábado (29) participando de compromissos políticos com o PT do Pará a fim de discutir o atual momento do país sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As agendas fazem parte de uma série de visitas que a parlamentar está fazendo aos estados para atuar na organização e mobilização da sigla.
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Em entrevista exclusiva ao Diário do Pará, Gleisi Hoffmann reconheceu a articulação política no Pará, coordenada pelo governador Helder Barbalho (MDB) e pelo senador Beto Faro (PT-PA), que concretizou o terceiro mandato de Lula e também para fortalecer a atuação rumo às eleições de 2024, bem como o apoio do atual ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), no trabalho de reconstrução do país.
Afirmou ainda que confia nas investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) já instalada entre Câmara e Senado para responsabilizar os culpados pelos atos de 8 de janeiro, e também que a discussão política saia das sombras do governo passado e foque no presente e no futuro. “Sem democracia não há conquista”, justifica. Confira a entrevista:
P: Qual a expectativa do PT nacional em relação ao PT-PA nesse novo momento de fortalecimento e consolidação do partido com vistas às eleições de 2024?
R: Muito positivas, aliás o PT-PA tá de parabéns, nós ganhamos a eleição do presidente Lula aqui, o PT continua tendo um senador da República, que é nosso companheiro Beto Faro, elegeu dois deputados federais, aumentou sua bancada estadual, eu acho que a perspectiva do PT aqui é aumentar, se fortalecer, é muito boa. E isso tem impacto em toda a região Norte do país. Então estar hoje no Pará, fazer esse balanço com os companheiros, já preparar os passos para a eleição de 24 é fundamental. Além disso o PT-PA cumpre um papel importante na articulação política, o fato de nós termos tido aliança aqui com o MDB desde o primeiro turno das eleições de 2022, a participação do governador Helder Barbalho na campanha do presidente Lula e agora essa parceria que aproxima muito nacionalmente o MDB do nosso governo também das relações com o PT também tendo o Jader Filho como ministro das Cidades também é muito importante. Isso fortalece um campo político mais ampliado que vai ter consequências no futuro.
P: Comentaristas políticos arriscam que o fato de haverem três CPIs - MST, Lojas Americanas e apostas esportivas - e uma CPMI - atos de 8 de janeiro - pode ser bom para o governo no sentido de dividir a atenção e isso desviar o foco. A senhora acredita nisso?
R: CPI claro que é importante pro Congresso Nacional, é um instrumento de investigação e tem muita legitimidade, mas obviamente para o governo sempre atrapalha mais porque o governo precisa articular o Congresso para aprovar os projetos principais. Nós vamos ter lá o arcabouço fiscal, que vai ser discutido agora, teremos a reforma tributária, temos várias medidas provisórias, então quando tem CPI o foco fica na CPI. Mas também não vai ser problema e não vai nos impedir o governo de fazer articulação com o Congresso. Acho que tem uma que é muito importante, que é a CPMI do golpe, que vai investigar o que ocorreu no dia 8 de janeiro, as responsabilidades, isso é importante para a democracia, para as instituições, para o processo democrático, tem que ficar claro quem teve responsabilidade sobre aquilo, quem teve responsabilidade tem que ser punido, a punição tem que ser pedagógica para não voltar a acontecer. Então nessa CPMI o PT vai jogar todo o peso possível junto com os aliados para a gente fazer os esclarecimentos. As outras três são consequência da movimentação da Câmara dos Deputados. Eu sinceramente essa do MST eu não entendo porque já tivemos uma CPI do MST no passado. Já foi feita toda a investigação. Me parece que aí tem muito mais o foco de uma bancada mais conservadora, mais à direita de querer ir pra cima dos movimentos sociais. Então nós também vamos ter cuidado com essa CPI porque nós não podemos deixar criminalizar os movimentos sociais do Brasil.
P: Acredita que as investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito confirmarão as digitais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos atos de 8 de janeiro?
R: Olha tudo leva a isso. Inclusive o depoimento que ele deu essa semana, a forma como ele se justificou em relação as publicações dele nas redes sociais, que não queria fazer ou não sabia ou porque tinha tomado remédio, quer dizer. O que estamos vendo que ocorreu no dia 8 e aconteceu antes do dia 8 e vem acontecendo tem as digitais, tem a fala. Eu sempre digo: tem orelha, focinho e rabinho de golpista, vai dizer que não é golpista? Então eu acho que vai ser. Obviamente que a gente tem que ter muita responsabilidade nessas investigações e tem que observar o devido processo legal, apurando a responsabilidade, ele tem que ser punido.
P: A senhora tem feito críticas muito assertivas em relação a política de juros do Banco Central. Acredita na chegada de um nível de sensatez, de equilíbrio entre a presidência e a presidência do BC?
R: Eu espero que mude a política do Banco Central. Aliás eu espero que mude o presidente do Banco Central [cargo ocupado atualmente por Roberto Campos Neto desde fevereiro de 2019]. Ele já devia ter saído, porque ele não tem nada a ver com a política que foi eleita nas urnas. Embora o BC tenha autonomia ele não pode ser descolado de um projeto de país, e ele está jogando contra o país. Não é contra o governo do Lula, é contra o país. Um juro real que nós temos hoje que passa 7% inviabiliza a economia brasileira. Não tem outro país no mundo com juros dessa ordem, o que tem juro maior, que se não me engano é o México, é a metade do nosso. E as inflações em outros países são maiores que as do Brasil. Então claramente ele faz um movimento político, para não deixar o país deslanchar, crescer, gerar emprego, acho que a gente tem que tomar providências. O Senado da República é responsável também, foi quem avalizou a nomeação dele. Então não tá dando certo, tem que sair. É minha opinião.
P: A senhora também é a favor da saída do ministro das comunicações, Juscelino Filho, que esteve em Belém no mesmo dia que a senhora inclusive...
R: Não, não sou. Não sou a favor da saída de ministro nenhum. O que eu falei é que, quando tem um problema que pode comprometer um ministro e ele tem que se explicar, eu disse à época que eu achava que era melhor pedir uma licença e se explicar e depois voltar. Mas o presidente Lula entendeu de forma diferente, ele que comanda o governo, tá tudo certo.
P: Quando a senhora acha que o governo vai conseguir sair desse redemoinho do governo passado e finalmente pautar programas mais sociais, mais importantes no Congresso, em discussão?
R: A gente tem feito, o governo tem feito muita coisa. Mas infelizmente o que prevalece na discussão política e midiática é esse embate com os bolsonaristas. Mas o governo do presidente Lula já reestruturou todos aqueles programas que foram importantes para o país e para o povo brasileiro: Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa Família ampliado, o Mais Médicos, está fazendo a discussão da revisão do Ensino Médio, o presidente reposicionou o Brasil no mundo, tem viajado, tem conseguido colocar as posições do nosso país na geopolítica, tem conquistado financiamento, investimentos aqui. Agora com a recomposição do orçamento está fazendo com que as obras de infraestrutura voltem. Só aqui no Pará já recomeçaram as obras de manutenção e recuperação de rodovias federais, coisa que não acontecia já fazia tempo. Tem uma dinâmica muito grande no governo de recuperação, a vacinação foi retomada. O problema é que às vezes isso fica encoberto por essa fumaça toda, com essa discussão que os bolsonaristas fazem. Agora isso também é importante, defender a democracia para nós é importante, fundamental. Sem democracia não há conquista.
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