Trajetos de jatos investigados pela PF coincidem com viagens de Rueda

Há histórias que pairam entre corredores silenciosos de aeroportos e páginas de planilhas de transponders, mas que, de repente, ganham vida própria na mídia. É o caso das aeronaves administradas pela Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), que agora atraem a atenção da Polícia Federal, não apenas pelos destinos que percorrem, mas também pelas coincidências com a agenda de Antonio Rueda, presidente do União Brasil.

Conforme publicado pela colunista Laura Gaspar, da O Globo, nesta segunda-feira (22), Mauro Caputti Mattosinho, ex-funcionário da TAP, afirmou em depoimento à PF que os aviões eram associados ao dirigente partidário. Segundo ele, "Havia constantes conversas nos corredores da empresa, nos escritórios, a respeito daquela aeronave do Rueda, que em geral se referiam como a aeronave do Ruedinha, como um assunto da empresa".

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Mattosinho também declarou que transportou em diversas ocasiões dois homens apontados como líderes do esquema investigado, Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Augusto Leme Silva, conhecido como Beto Louco. Apesar dos depoimentos do piloto, o presidente do União Brasil não é formalmente investigado.

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A repercussão dessas informações levou o União Brasil a antecipar o desembarque do governo Lula, o que fez com que o ministro do Turismo, Celso Sabino, sinalizasse sua intenção de pedir demissão. Em nota, Rueda reforça: "Nunca participou da compra de nenhuma [aeronave]. Nunca foi e não é dono de nenhuma aeronave ou de participação em qualquer uma".

TRANSPONDER APONTA COINCIDÊNCIAS

Dados analisados a partir de transponders ADS-B mostram que o Gulfstream G200, uma das aeronaves envolvidas, esteve em eventos internacionais, como o Fórum de Lisboa, conhecido como "Gilmarpalooza", e a Brazilian Week, em Nova York, períodos nos quais a agenda de Rueda coincide com os deslocamentos do jatinho. Outro jato, o Gulfstream G500, também foi registrado na Grécia, durante as comemorações do 50º aniversário de Rueda em Mykonos, entre 1º e 4 de agosto.

"DENÚNCIAS VAZIAS E POLITIZADAS"

Procurado pela equipe da colunista, afirmou que é alvo de "denúncias vazias e politizadas" e classificou como "falsas" as acusações sobre as aeronaves, ressaltando que suas movimentações financeiras estão à disposição das autoridades e que essas alegações "não irão prosperar".

A investigação da Polícia Federal segue em andamento, com foco no vínculo das aeronaves com o esquema criminoso e a administração das viagens, enquanto o presidente do União Brasil mantém seu posicionamento de total afastamento de qualquer irregularidade.