"Eu beijei uma mulher e gostei disso", diz o verso de um dos principais hits da cantora pop Katy Perry. A música que fez um grande sucesso no final dos anos 2000 pode parecer uma definição simples sobre o que é a homossexualidade feminina, mas ajuda a entender a atração de mulheres por outras mulheres.
A homossexualidade é dividida entre homens e mulheres. No Brasil, somada entre os gêneros binários, o número chega a aproximadamente 19 milhões de pessoas. Usadas apenas como fetiche por outros homens, essa é uma das principais formas de lesbofobia, a discriminação contra as lésbicas.
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A palavra tem origem na ilha grega de Lesbos, onde nasceu a poetisa pioneira em escrita sobre o romance e o sexo entre mulheres: Safo. Do nome dela, também se origina um outro termo usado para representar as lésbicas, o Sáfico. Quando se usam algumas vezes na arte, o termo "casal sáfico" nada mais é do que um casal lésbico.
Em 2021, foi divulgada uma pesquisa inédita sobre a vida da comunidade sáfica no Brasil, com números do lesbocídio (morte de mulheres homossexuais por motivos de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica), com cerca de 126 assassinatos de lésbicas, entre os anos de 2014 a 2017 só no Distrito Federal, de acordo com a a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) e da Associação Lésbica Feminista de Brasília - Coturno de Vênus.
Uma mulher poder amar outra mulher, é mais uma forma também de luta diária contra o machismo.
ACEITAÇÃO E ACOLHIMENTO
A lutadora de jiu-jitsu Monique Costa, que se identifica como uma mulher lésbica e namora com outra mulher, conta que desde criança se sentia diferente das outras e isso lhe causava um certo medo, além de muitas dúvidas durante o processo de aceitação. Foi só na adolescência que ela teve certeza da sua orientação sexual.
"Eu sempre de alguma forma sentia que era diferente, mas tinha muito medo desse diferente. Aí na adolescência tive minha primeira experiência homo e desde então tive certeza", lembra ela.
Mesmo se relacionando com outra mulher, Monique acredita que o sentimento também vai muito além de rótulos e que a liberdade de conhecer outras pessoas deve ser mais valorizada. "Mesmo me identificando como lésbica, eu gosto de conhecer pessoas, essências, modos. Eu não gosto de rótulos", ressalta a atleta.
Mesmo ainda não acontecendo com certa frequência, o acolhimento de pessoas homossexuais deve começar dentro do ambiente familiar, sendo um momento fundamental para qualquer LGBT+. O momento mais marcante para a lutadora foi o abraço que recebeu do irmão mais novo quando "se assumiu".
"A forma que ele me acolheu foi tão incrível que até hoje quando me lembro fico emocionada. Isso me fez acreditar que existem pessoas boas e de coração aberto", relembra.
Esse amor fraterno e familiar colabora ainda mais para aceitação das lésbicas e LGBTs+.
O QUE É O AMOR?
Estar pronto para amar uma pessoa do mesmo gênero que você requer força para enfrentar uma sociedade ainda muita preconceituosa e discriminatória. Desde 2019, a homofobia é crime no Brasil.
Em contrapartida, amar é sobretudo liberdade. Nas palavras de Monique, "o amor é a liberdade, é uma mistura de tudo que faz bem pra si e pro outro. Quando a gente encontra o amor que nos que faz bem, aí sim podemos oferecer amor aos próximos. Tudo é um processo, não coloque uma pressão sobre você ser [LGBT+] ou não. Descubra um pouco de tudo e o que realmente lhe fizer bem você vai lá e abraça forte", conclui.
Amar e viver da forma que quiser diariamente é resistência e, acima de tudo, mostrar que não existe como controlar sentimentos e que se deve apenas aproveitar o caminho em paz.
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