Envolvendo diferentes técnicas, a meditação é uma prática caracterizada pelo treino da focalização da atenção, de modo que se busque não analisar ou julgar pensamentos e efeitos, assim como se pretende não criar expectativas quanto à prática. Praticada de forma recorrente, a técnica é capaz de proporcionar benefícios que vão desde a saúde mental, até a saúde física.
Idealizador e organizador do curso de formação de facilitadores de meditação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autor do livro ‘Medicina e meditação’, o médico Roberto Cardoso aponta que a meditação é uma das práticas integrativas mais estudadas, hoje. “Eu medito há mais de 44 anos e estudo a meditação na academia há mais de 22 anos, quando começamos o trabalho das práticas Integrativas na Unifesp”, introduz. “É uma técnica simples, de baixo custo, que você pode universalizar e que traz um monte de benefícios”.
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Diante do entendimento do que é a meditação e da prática regular, o médico aponta que é possível alcançar vários benefícios. “Os efeitos da meditação são acumulativos. Você vai praticando diariamente e eles vão acontecendo. O acúmulo das práticas vai levando aos efeitos”.
Para a mente, Roberto Cardoso aponta que é possível alcançar uma melhora na atenção, no foco, certa redução da ansiedade, além de melhorias nos padrões de sono depois de cerca de seis meses de prática. “Você começa a se estressar menos e por menos tempo com as coisas que naturalmente te estressavam. Uma coisa que te aborrece, vai continuar te aborrecendo, mas ela vai te aborrecer menos e por menos tempo. Então, o disparo desse estresse é menor e dura menos”, exemplifica.
“Depois começam a vir outros efeitos, como a melhora na cognição, o raciocínio fica mais claro, um aumento na saciedade em relação à vida, o que tende a melhorar a sua relação com a própria vida”.
Regulação do corpo: os efeitos físicos na meditação
Outro grupo de efeitos benéficos proporcionados pela prática da meditação são os físicos, a partir da regulação do corpo.
“Em uma palavra, a meditação regula. Quando você faz esse exercício da meditação, você está mexendo na função do cérebro, você está fazendo o cérebro funcionar de um jeito diferente. Então, em uma sequência de quatro tempos, no primeiro tempo você mexe na função do cérebro e, consequentemente, no segundo tempo vai mudar a química do cérebro – o que a gente chama de neuroquímica. Com isso, no terceiro tempo muda-se a química do corpo e, por fim, se regula as funções corporais”, explica o médico Roberto Cardoso.
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“Você começa a ter regulação endócrina, imunológica, você começa a ter mais tolerância a casos crônicos, como dores, parece que reduz os riscos coronarianos. Mas todos esses efeitos que a meditação causa ao corpo, são efeitos que resultam da regulação. Porque o nosso corpo tem o poder de regulação e a nossa mente, muitas vezes, atrapalha”.
RELIGIÃO
Ainda que possa ser associada com a religião, a meditação também pode ser praticada fora do contexto religioso. De acordo com Roberto Cardoso, praticamente qualquer pessoa pode praticar a meditação.
“Existem diferentes técnicas. As meditações orientadas são chamadas de meditação guiada, onde o instrutor vai orientando durante a prática. Mas a meditação também pode ser autoinduzida. Existem, ainda, meditações passivas, com o corpo parado, e meditações ativas também”, explica. “Qualquer pessoa pode praticar meditação. Alguns poucos grupos têm risco. O maior grupo que tem risco na meditação são pessoas com diagnóstico de psicose”.
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Do treinamento à prática: comece a meditar!
Dentre as principais dificuldades apontadas por quem já tentou iniciar a prática da meditação está a pretensa falta de capacidade de se concentrar. Apesar disso, encontrar um foco de atenção pode ser mais fácil do que se imagina quando se compreende conceitos importantes da meditação, como o da ‘âncora’ e de ‘relaxamento da lógica’.
O médico Roberto Cardoso, idealizador e organizador do curso de formação de facilitadores de meditação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autor do livro ‘Medicina e meditação’, aponta que as pessoas costumam ter diferentes conceitos sobre o que é meditar, porém, meditar significa, basicamente, focar a atenção em alguma coisa, que pode ser desde a respiração, até um som específico que é pronunciado repetidamente ou ainda o próprio contato dos pés com o solo.
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Independentemente da escolha, esse ponto focal em que o indivíduo irá concentrar a sua atenção é o que se chama de ‘âncora’. “Então, 99% da sua energia vai estar concentrada em focar na âncora; o outro 1% restante da sua energia vai estar em perceber se você está envolvido em alguma sequência de pensamento”, explica.
“Se você está focado na âncora – em um som ou na sua respiração, por exemplo – e aí você se pega pensando em alguma atividade que teria que entregar até determinada hora do dia e começa a se preocupar se vai dar tempo... Opa! É nesse momento que você precisa deixar esse pensamento ir embora porque, quando você se pega pensando nessa atividade, significa quase sempre que você perdeu a âncora”.
ESTADO DIFERENTE
Roberto aponta que esse exercício, de se pegar envolvido em uma sequência de pensamentos e, gentilmente, retornar à âncora, repetidamente, ativa as vias do cérebro que levam a um estado diferente. “Qual é o engano que as pessoas cometem? É achar que meditar é sentar e fazer força, pensar com força em ficar bem, lutar contra os pensamentos ou então imaginar um estado lindo para ver se ele vem até você, mas não. O que produz o estado meditativo, que é o estado modificado de consciência da meditação, é esse exercício que acaba naturalmente e fisiologicamente levando a esse estado”.
Longe dos falsos conceitos: é preciso meditar sem expectativas
Para conseguir alcançar o estado meditativo é preciso treinar, praticar a meditação. A primeira medida para isso é se livrar dos falsos conceitos a respeito da prática, sobretudo os que acreditam erradamente que meditar é não pensar em nada.
“As pessoas acreditam que meditar é fazer força, controlar o pensamento, que meditar é não pensar em nada, então elas ficam em uma expectativa muito grande e se frustram porque não é isso. Não tem nada a ver com ‘pensar em nada’. A mente produz pensamento, então, isso é algo que vai acontecer. A questão é o quanto você se envolve e viaja nessas sequências de pensamentos”, considera o médico Roberto Cardoso.
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“A meditação em si é muito simples, é estar nesse foco. Procurar um bom ambiente, uma posição confortável e, a partir daí, focar em voltar gentilmente para a âncora toda vez que você se ver envolvido por uma sequência de pensamentos. Mas, o ponto um é descomplicar, não criar expectativa. Simplesmente praticar a técnica com gentileza, repetidamente, e ver os benefícios”, recomenda o especialista.
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