
O uso inadequado de antibióticos representa uma grave ameaça à saúde pública mundial e contribui para o surgimento das chamadas superbactérias, alertam especialistas. Esta prática perigosa ganha destaque no Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado em 5 de maio.
Por exemplo, superbactérias são microrganismos que desenvolvem resistência aos medicamentos convencionais. Esta resistência ocorre quando as bactérias não respondem mais à ação dos antibióticos, frequentemente por exposição repetida a estes medicamentos de forma inadequada.
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Fernando de Oliveira, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital São Luiz Morumbi, da Rede D'Or, explica que o problema vai além do uso humano.
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"Tanto o uso indevido quanto o excesso de antibióticos, não só em humanos, mas também em animais e plantas, promovem o aparecimento de bactérias resistentes aos medicamentos disponíveis e, por isso, difíceis de tratar", afirma o especialista.
Impacto global da resistência bacteriana
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência bacteriana causou diretamente 1,27 milhão de mortes em 2019 e contribuiu para quase 5 milhões de óbitos no mundo.
Entre os erros mais comuns no uso de antibióticos, destacam-se:
- Utilização para tratar infecções virais como gripes e resfriados;
- Interrupção precoce do tratamento após melhora dos sintomas;
- Automedicação sem orientação médica.
Sinais de alerta durante o tratamento
O especialista alerta para dois cenários que exigem atenção durante o tratamento com antibióticos:
- Ausência de melhora em 48-72 horas: "Normalmente, após começar o antibiótico, a febre e os sintomas tendem a diminuir nesse período. Quando isso não acontece, pode ser um indício de resistência bacteriana", explica Oliveira.
- Interrupção precoce do tratamento: "É muito comum o paciente apresentar melhora dos sintomas e parar de usar o antibiótico antes do recomendado pelo médico. Entretanto, isso nem sempre significa que a infecção foi totalmente combatida", alerta.
Antibióticos na produção animal: um problema adicional
Um fator preocupante relacionado à resistência bacteriana é o uso massivo de antibióticos na criação de animais. "Em alguns países, a quantidade de antibióticos utilizados na criação de animais chega a ser quatro vezes maior do que o uso em humanos", destaca o infectologista.
Estes microrganismos resistentes podem ser transmitidos para as pessoas tanto pelo contato direto quanto pela cadeia alimentar.
Outros medicamentos também requerem atenção
Embora o foco principal esteja nos antibióticos, o uso irracional de outros medicamentos também apresenta riscos significativos à saúde:
- Analgésicos e anti-inflamatórios: podem causar problemas renais, gastrite e aumentar o risco de sangramentos;
- Ansiolíticos: podem gerar dependência química e afetar o funcionamento do sistema nervoso central;
- Corticoides: uso prolongado sem supervisão médica pode causar diversos efeitos colaterais graves.
Recomendações para uso consciente de medicamentos
"Cada atitude conta. Usar antibióticos de forma consciente é proteger não só a própria saúde, mas também impedir que essas superbactérias continuem se espalhando", reforça Fernando de Oliveira.
A recomendação final é clara: todo medicamento, mesmo aqueles considerados comuns, deve ser usado com responsabilidade e sempre com acompanhamento profissional.
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