
Um homem identificado como Jorge precisou passar por duas cirurgias para reconstrução peniana após complicações provocadas por aplicações de PMMA (polimetilmetacrilato), substância utilizada em procedimentos estéticos. O caso, ocorrido no Distrito Federal, chama a atenção para os riscos associados ao uso desse material, especialmente em regiões íntimas do corpo.
Segundo relato, Jorge realizou a primeira aplicação em 2005, após ver anúncios em jornais e revistas que prometiam aumento peniano. O procedimento ocorreu em uma clínica em São Paulo. Satisfeito com o resultado inicial, ele repetiu o procedimento em 2015 e novamente em 2018 — nesta última, com a aplicação também na bolsa escrotal.
A partir de 2020, surgiram inflamações recorrentes na região pélvica. Jorge relatou episódios de dor intensa e aumento do volume escrotal, além do surgimento de feridas. O uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios comprometeu a função renal, o que levou à recomendação de cirurgia.
As intervenções cirúrgicas foram realizadas pelo urologista Ubirajara Barroso Jr., professor da Universidade Federal da Bahia. A primeira removeu parte do PMMA da bolsa escrotal. A segunda, realizada em abril de 2025, focou na reconstrução do pênis.
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O PMMA é um tipo de acrílico que permanece no corpo após aplicação. Embora autorizado para uso em algumas situações específicas, seu uso em procedimentos estéticos penianos é controverso e apresenta riscos.
Popularização da "harmonização peniana" nas redes sociais
A procura por procedimentos estéticos genitais masculinos tem aumentado nos últimos anos, impulsionada por conteúdos nas redes sociais. Termos como "harmonização peniana" passaram a descrever técnicas voltadas ao aumento de comprimento ou espessura do pênis.
Segundo especialistas, os métodos disponíveis podem ser divididos entre cirúrgicos e não cirúrgicos. Entre os primeiros, estão técnicas como liberação de ligamentos, cortes em estruturas específicas e lipoaspiração da pelve. Estas últimas são recomendadas especialmente em casos de obesidade, quando o pênis fica parcialmente encoberto por gordura.
Entre as técnicas não invasivas, destaca-se o uso de ácido hialurônico, substância absorvível utilizada para preenchimento. Ela é aplicada em consultórios e apresenta menor risco de complicações quando comparada ao PMMA. Há também procedimentos experimentais, como o uso de toxina botulínica na bolsa escrotal, embora as evidências científicas sobre esses métodos ainda sejam limitadas.
Indicações médicas e saúde mental
Médicos indicam esses procedimentos principalmente para casos clínicos específicos, como micropênis ou acúmulo de gordura na região pélvica. No entanto, há uma crescente demanda motivada por questões estéticas e insatisfação com a imagem corporal.
Especialistas alertam para a dismorfia corporal, condição psiquiátrica em que a pessoa tem uma percepção distorcida do próprio corpo. Segundo a médica Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP, é comum que homens com essa condição concentrem suas preocupações na genitália, independentemente do tamanho real do órgão.
Antes de qualquer procedimento, profissionais recomendam avaliação psicológica para entender se a motivação parte de uma insatisfação momentânea, pressão social ou distorção de imagem.
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Tamanho versus desempenho
Estudos indicam que o desempenho sexual está mais ligado ao conhecimento do próprio corpo e à interação com a parceria do que ao tamanho do pênis. A média nacional gira em torno de 13 a 14 cm em ereção, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
O acesso fácil à pornografia e a comparação com padrões idealizados também são fatores que influenciam a busca por intervenções estéticas. Na internet, muitos conteúdos sobre o tema recebem grande volume de visualizações, mas pouca interação, sinal de que o tema ainda é tratado com sigilo por parte do público masculino.
Procedimentos devem ser realizados com acompanhamento médico
A recomendação geral é que qualquer procedimento na região íntima seja realizado com profissionais qualificados e com produtos aprovados pelas autoridades de saúde. O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconhece o uso de ácido hialurônico para fins estéticos, mas não recomenda o uso de PMMA em regiões genitais.
Casos como o de Jorge reforçam a importância de buscar informações seguras, evitar propagandas enganosas e priorizar a saúde física e emocional. Após as cirurgias, ele afirma ter recuperado parte da autoestima, mas destaca que não compartilhou com a parceira nenhuma das decisões anteriores: “Ela nunca pediu ou sugeriu nada disso”, afirma.
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