
Um estudo recente conduzido por pesquisadores do CReATe Fertility Centre e da Universidade de Toronto indicou que o consumo de maconha pode comprometer a fertilidade feminina. Segundo a pesquisa, o THC, principal substância psicoativa da cannabis, afeta o desenvolvimento e a estabilidade genética dos óvulos, além de reduzir as chances de sucesso em tratamentos de fertilização in vitro (FIV).
A pesquisa analisou 1.059 mulheres submetidas a FIV, entre as quais 62 apresentaram presença de THC no fluido folicular, o líquido que envolve o óvulo no ovário, evidenciando consumo recente de cannabis. Os cientistas avaliaram a maturação dos óvulos, as taxas de fecundação e o desenvolvimento de blastocistos, estágio do embrião que se implanta no útero e é crucial para a gravidez.
Além disso, foram analisados possíveis erros na divisão celular e a probabilidade de que o embrião apresente um conjunto cromossômico saudável (euploidia). A presença de aneuploidia, ou número anormal de cromossomos, é uma causa comum de abortos espontâneos.
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Os resultados mostraram que, embora os óvulos das pacientes com THC amadurecessem mais rapidamente, a taxa de embriões euploides foi significativamente menor (60%) em comparação ao grupo sem THC (67%). Isso indica uma menor chance de gerar embriões saudáveis e, consequentemente, de obter uma gravidez bem-sucedida.
No laboratório, a exposição ao THC também causou mais erros na distribuição dos cromossomos e malformações no fuso mitótico, estrutura responsável pela divisão correta do material genético durante a formação do óvulo. Esses problemas podem levar a abortos espontâneos ou a complicações no desenvolvimento do embrião. As análises genéticas indicaram que o THC altera a atividade de genes relacionados à correta divisão celular e ao controle da matriz extracelular, uma rede de proteínas fundamental para a estabilidade celular, implantação e desenvolvimento do embrião.
Críticas e limitações do estudo
Apesar dos resultados, especialistas que não participaram da pesquisa apontam limitações importantes. O professor Artur Mayerhofer, do Centro de Biomedicina de Munique, ressalta que “falhas do fuso mitótico também aumentam com a idade da mulher”, fator não considerado na análise, além do número reduzido de casos para uma estatística robusta.
O médico Wolfgang Paulus, diretor do Centro de Aconselhamento para Toxicologia da Reprodução na Alemanha, complementa que pacientes que recorrem à FIV geralmente são mais velhas e têm mais problemas genéticos, o que pode influenciar os resultados. Ele destaca ainda a ausência de dados detalhados sobre hábitos de consumo de cannabis, como frequência, dosagem e modo de uso.
Os especialistas concordam que são necessários mais estudos para avaliar os efeitos do THC em mulheres de diferentes faixas etárias e para entender melhor o impacto sistêmico do uso de maconha na fertilidade feminina. Mayerhofer alerta que “investigações em um tipo de célula fornecem informações limitadas sobre o efeito no cotidiano” e sugere que futuras pesquisas incluam outros fatores, como o uso concomitante de outras drogas.
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Recomendação para mulheres que desejam engravidar
Apesar das limitações, o estudo reforça a recomendação para que mulheres que desejam ter filhos evitem o consumo de cannabis, principalmente durante tratamentos de fertilização assistida. O risco de comprometimento na qualidade dos óvulos e na implantação embrionária pode dificultar a gestação e aumentar o risco de aborto.
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