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FETICHE PERIGOSO

Agressor dos “60 socos” recebe milhares de e-mails de admiradoras

Declarações de amor ao ex-jogador que espancou namorada revelam atração por criminosos violentos

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Imagem ilustrativa da notícia Agressor dos “60 socos” recebe milhares de e-mails de admiradoras camera Declarações de amor ao ex-jogador que espancou namorada revelam atração por criminosos violentos | Reprodução/Redes Sociais

A brutal agressão cometida pelo ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, que deu mais de 60 socos na namorada dentro de um elevador, gerou indignação — mas também uma reação inquietante nas redes sociais. Desde que o caso veio à tona e o agressor foi preso, diversas pessoas, em especial mulheres, passaram a declarar interesse afetivo, sexual e até amoroso por ele.

Após a repercussão de um vídeo íntimo vazado em que ele aparece fazendo amor com outro homem, o EM OFF recebeu impressionantes 1.542 e-mails de mulheres interessadas em manter contato com o agressor.

Os pedidos, em sua maioria, vieram em tom romântico e afetivo. Algumas se diziam “encantadas”, outras ofereciam apoio emocional, e muitas declaravam que “ele merece amor e compreensão”.

Esse tipo de comportamento tem nome e é estudado pela psicologia: trata-se da hibristofilia, uma parafilia em que o desejo é voltado a pessoas que cometeram crimes, especialmente os mais violentos.

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A erotização do criminoso

Segundo Heitor Werneck, produtor cultural da Parada LGBTQIAP+ de São Paulo e criador do Projeto Luxúria, o fenômeno está longe de ser novo. “O fetiche em criminosos violentos começa no cinema. Você vê desde filmes de mafiosos, de gangues e até de super-heróis, como os vilões do Batman. Todas as mulheres e companheiras dos marginais são extremamente bonitas, bem cuidadas, com unhas, roupas, joias, cabelo, com segurança. Isso faz a mulher ser mais feminina e ser protegida por um super-homem, mesmo ele sendo criminoso”, explica.

No caso de Igor Cabral, a situação preocupa justamente porque mistura esse imaginário com um crime real e registrado em vídeo. Werneck explicou também que, no Brasil, a figura do marginal é muito erotizada. "Aqui, que a gente não tem acesso a grandes marginais de Hollywood, só a marginais que estão em cadeias, a gente vê isso como homens rudes, bruscos, fazendo coisas com mulheres e incentivando um pensamento completamente de ser dominada ou de dominar um homem rude”, analisa Werneck.

Ainda de acordo com o fetichista, há uma construção simbólica de que o marginal oferece não só perigo, mas também proteção: “Sai do padrão convencional. Se tornar uma mulher, ou homem, ou uma travesti mais protegida, viver à beira da sociedade, à beira de padrões de moralidade. Ali, ela consegue se libertar no imaginário, no sexual, de ter um homem rude, primitivo, que pode ser violento, pode ser carinhoso com ela, um dono de vidas. E tem várias pessoas que têm fetiche por arma, pelo perigo. Isso sintetiza totalmente essa lógica”.

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Entre o fetiche e a realidade

Werneck lembra que, em ambientes fetichistas, a fantasia com o perigo é comum, mas sempre baseada no consentimento mútuo. “Qualquer fetiche é normal, desde que feito com consensualidade. A maioria dessas mulheres que se dispõem a ser mulheres de marginais sabe o risco que corre, porque está participando de uma vida violenta e contra as regras. Isso mexe no imaginário dela. Ou dele… do menino… ou da travesti… ou da mulher que se envolve com esse tipo de pessoa”, destaca.

“Uma casa de fetiche normalmente tem uma jaula, ou simula sequestro. Isso também acontece bastante. Pessoas combinam com o dominador de estar na rua e ser sequestrado, amarrado, fazer sexo vendado no meio do mato ou de uma casa”, continua.

Para o especialista, o caso de Igor Cabral mostra como algumas pessoas confundem fantasia com salvação. “No fetiche, tudo é acordado. No crime, não. Por isso é preocupante quando o imaginário se mistura com a realidade sem filtros. Não é amor, é fantasia disfarçada de salvação”, conclui.

A repercussão do caso e os comentários nas redes sociais acendem um alerta para o papel da cultura, da mídia e do entretenimento na romantização do perigo, e reforçam a importância de diferenciar o que é desejo seguro e consensual do que é violência e crime.

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