
No contexto do aguardado Conclave de 2025, uma imagem inusitada chamou a atenção de observadores: cardeais fumando tranquilamente enquanto se preparavam para o processo de votação para a escolha de um novo Papa. Essa cena, que pode surpreender muitos, levanta uma questão pertinente: é permitido que papas fumem?
Em termos doutrinários, a resposta é afirmativa. O Catecismo da Igreja Católica não impõe uma proibição direta ao uso do tabaco, mas enfatiza a importância da moderação. No parágrafo 2290, a Igreja afirma: "A virtude da temperança nos dispõe a evitar todo tipo de excesso: o abuso de comida, álcool, tabaco ou medicamentos". Assim, enquanto o ato de fumar não é condenável por si só, seu uso excessivo pode ser considerado moralmente questionável, especialmente quando afeta a saúde do fumante ou dos que estão ao seu redor.
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Apesar da falta de uma proibição formal, o Papa Francisco tomou uma posição firme sobre o assunto. Em 2017, ele determinou a proibição da venda de cigarros dentro dos limites do Vaticano. Em um comunicado emitido na época pela Santa Sé, o Papa justificou sua decisão afirmando que "nenhum lucro pode ser legítimo se custa a vida das pessoas". Essa medida reflete sua preocupação contínua com questões sociais e de saúde pública e busca alinhar as práticas do Vaticano com uma abordagem ética mais rigorosa em relação ao tabagismo.
A proibição impactou diretamente as lojas do Vaticano, que anteriormente ofereciam cigarros a preços reduzidos para funcionários e membros do clero. Embora tenha sido bem recebida por profissionais da saúde, a medida gerou descontentamento entre alguns trabalhadores da Cúria que estavam acostumados a esse benefício.
Em entrevista ao Portal iG, o professor Rodrigo Coppe Caldeira, do Departamento de Ciências da Religião da PUC Minas, destacou que a ação de Francisco reflete os valores de temperança promovidos pela Igreja. "A Igreja ensina que devemos evitar os excessos, e isso inclui o tabaco. A atitude do Papa está alinhada ao espírito do Catecismo, que alerta sobre os perigos do abuso em relação à saúde e à vida", afirmou o acadêmico.
Embora fumar não seja uma prática comum ou incentivada entre os membros da hierarquia católica — e muito menos entre os papas atuais — existem registros históricos de pontífices que eram fumantes. João Paulo II foi um ex-fumante notório e Pio X teria fumado charutos ocasionalmente.
Entretanto, com as campanhas globais voltadas para a redução do tabagismo, essa prática tem se tornado cada vez mais rara entre os líderes da Igreja nos últimos papados.
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