
Muito antes das ferramentas modernas, um objeto esculpido com maestria em marfim de mamute já cruzava os céus gelados do sul da atual Polônia. Pesquisadores revelaram que um boomerang descoberto na Caverna Obłazowa pode ser o mais antigo já identificado no mundo, com cerca de 40 mil anos, ele seria obra de humanos modernos que habitaram a Europa no período Paleolítico Superior.
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A peça, curvada e com cerca de 72 centímetros, foi confeccionada a partir de uma presa de mamute-lanoso, e embora não fosse do tipo que retorna ao lançador, acredita-se que tenha servido como arma de caça eficiente, além de carregar um forte simbolismo ritualístico. Marcas de polimento, entalhes minuciosos e vestígios de ocre vermelho sugerem que o artefato também tinha um papel cerimonial, ligado às crenças e expressões simbólicas da época.
Datado originalmente como tendo 18 mil anos, o objeto foi reavaliado com técnicas modernas de radiocarbono e modelagem estatística, revelando uma origem muito mais antiga, entre 42 mil e 39 mil anos atrás. A pesquisa foi liderada por Sahra Talamo, da Universidade de Bolonha, e Paweł Valde-Nowak, da Universidade Jaguelônica.
Segundo Valde-Nowak, o boomerang “tem todas as características de um modelo funcional, semelhante aos usados por aborígenes hoje em Queensland, na Austrália”. Sua sofisticação contrasta com as ferramentas típicas dos neandertais e marca a presença de Homo sapiens na região com um nível tecnológico e simbólico bastante avançado.
O contexto arqueológico do achado é igualmente rico: o objeto foi encontrado ao lado de ornamentos com dentes de raposa e outros artefatos que indicam o início de uma cultura material mais complexa na Europa. A Caverna Obłazowa serviu, por milênios, como abrigo para diferentes grupos humanos, incluindo neandertais e os primeiros Homo sapiens, cenário ideal para entender a transição cultural entre essas populações.
“Mais do que uma ferramenta de caça, esse boomerang representa um salto na maneira como os humanos pensavam e se expressavam”, afirmou Talamo. “É uma evidência tangível de uma mentalidade que já incorporava abstração, planejamento e rituais.”
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Por ser confeccionado em marfim, um material frágil e sensível à decomposição, a conservação do artefato é considerada rara e valiosa. Os pesquisadores pretendem agora analisar outros itens da caverna para ampliar a compreensão sobre a vida e os costumes desses ancestrais resilientes, que moldaram objetos de caça, e de significado, em meio às adversidades de uma era glacial.
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