
Com o avanço das redes sociais, práticas corporais inusitadas ganham popularidade de forma quase instantânea. O que começa como uma tendência entre pequenos grupos pode, em questão de dias, se transformar em um movimento global com milhões de visualizações.
A nova febre fitness do TikTok que está dando o que falar é o quadrobics. A prática consiste, basicamente, em se movimentar como um animal quadrúpede: andar, correr e até saltar apoiando-se nas mãos e nos pés. À primeira vista, parece uma mistura divertida de exercício funcional com brincadeira infantil. Mas, apesar da estética lúdica, essa modalidade levanta questionamentos importantes sobre seus reais benefícios — e os riscos envolvidos.
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O que é o quadrobics?
O quadrobics surgiu em comunidades online e rapidamente se espalhou como um desafio físico e uma forma de expressão corporal diferente do convencional. Os praticantes buscam ambientes variados — de quintais e calçadas a trilhas na floresta — para executar movimentos que exigem força, coordenação, equilíbrio e agilidade. Em muitos casos, o treino é performático, com vídeos coreografados e compartilhados nas redes, principalmente no TikTok.
Para alguns, a prática é vista como uma maneira divertida de desenvolver mobilidade, consciência corporal e até criatividade motora. Segundo o educador físico Ender Biscaia, treinador da Les Mills Brasil, o quadrobics pode, sim, oferecer certos ganhos físicos — desde que com cautela.
“Os movimentos ativam fortemente o core (abdômen e lombar), além de braços, ombros, peitorais, glúteos e quadríceps. Essa integração muscular contribui para melhorar a mobilidade de quadris, joelhos, ombros e tornozelos, além de favorecer a coordenação motora e o controle postural constante”, explica Biscaia.
O movimento é dinâmico e contínuo, o que também pode elevar a frequência cardíaca e contribuir para o gasto energético. No entanto, o especialista faz um alerta: “É um complemento lúdico. Não substitui treinos estruturados quando o objetivo é ganho de força ou condicionamento físico.”
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Os riscos escondidos
Apesar da aparência inofensiva, o quadrobics traz preocupações reais, especialmente quando praticado sem orientação adequada ou em excesso. Um dos principais pontos de alerta são os punhos, que não foram feitos para suportar o peso corporal por períodos prolongados.
“O apoio constante pode levar a tendinite, dores nas articulações, enfraquecimento da cápsula articular e, em jovens, até lesões nas cartilagens de crescimento”, explica o ortopedista João Polydoro, especialista em medicina esportiva do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Lesões fisárias — que afetam as placas de crescimento dos ossos — podem resultar em dor crônica, limitação de movimentos e até deformações ósseas.
A coluna vertebral também está na linha de risco. A postura curvada e sustentada por muito tempo pode provocar ou agravar dores lombares e cervicais, além de gerar compensações posturais que afetam outras regiões do corpo. Já os joelhos podem sofrer especialmente em pessoas com sobrepeso, artrose ou predisposição à condromalácia, condição que envolve o desgaste da cartilagem sob a patela.
Outro fator relevante é o tipo de solo onde a prática é realizada. Superfícies duras — como concreto, asfalto ou terra batida — aumentam o impacto nas articulações e o risco de escoriações. Por isso, recomenda-se priorizar áreas mais acolchoadas, como tatames, grama bem cuidada ou colchonetes.
Como praticar com segurança
Para quem se sente atraído pelo desafio e quer experimentar o quadrobics, a recomendação é uma só: progredir aos poucos. É fundamental garantir que o corpo tenha força e mobilidade suficientes nas articulações antes de avançar em movimentos mais complexos. O tempo de prática deve ser reduzido, com atenção redobrada a sinais de alerta como dor aguda, inchaço, dormência ou perda de força — sintomas que indicam a necessidade de pausa imediata e avaliação médica.
O ideal é buscar a orientação de um profissional de educação física, que possa avaliar as condições individuais e adaptar a atividade aos objetivos e limitações de cada pessoa. Com orientação adequada, o quadrobics pode até funcionar como uma ferramenta divertida dentro de um programa mais amplo de movimento e saúde — mas nunca como substituto de treinos bem estruturados.
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