Laércio Cubas Jr. saiu de Belém há cerca de cinco anos. Trocou a capital quente e úmida no Pará pela litorânea e ensolarada Fortaleza, no Ceará. Mas nada que o afastasse da cidade paraense, onde nasceu há 43 anos. A Mangueirosa vive nele e estão nas quase 450 obras em pintura digital à mão livre produzidas até o momento.
Cubas é desses artistas que produzem em
profusão, tem muita coisa pra ver no Instagram, por exemplo, e capta detalhes
singelos de lugares por onde passa e pessoas que avista ou admira de longe.
Essas percepções estão traduzidas numa arte que já chamou atenção de outros
grandes artistas, que o seguem por admiração nas redes sociais. Gente da
qualidade de Paulo Miklos, Silvero Pereira, Jards Macalé, Silvia Buarque,
Marcelo Jeneci, e Falcão.
Motivado e renovado pelo salitre do Nordeste, Cubas vai reunir essas belezas na exposição “Memórias En Passant de Cubas Arts”, cujo vernissage ocorre no dia 8 de dezembro, às 18h, no Núcleo de Conexões Ná Figueiredo. Na verdade, é um retorno, um cumprimento de promessa, uma vez que o artista desejou voltar a Belém para expor novamente, no mesmo espaço, depois que mostrou as obras em dezembro de 2022.
Veja o instagram de Cubas Jr.
https://instagram.com/cubas.arts?igshid=NzZlODBkYWE4Ng==
Na arte digital das cobras de Laércio, o cuidado artístico de quem passou também
por outras técnicas, como a pintura a óleo, acrílica, aquarela e nanquim. A
transposição da realidade filtrada pelo olho do pintor traz muito do que Cubas
viu e sentiu, não apenas em Belém, embora o Pará seja um grande protagonista de
suas inspirações.
“O acervo tem mais de cem obras com temas de cultura pop, música, cinema, um pouco daquilo que a gente gosta e consome culturalmente, porém as 30 obras em exposição são quase todas inéditas e voltadas para cultura paraense”, explica. Nos quadros digitais, uma Belém além do que o turismo impõe: são cenas cotidianas e corriqueiras até, mesmo quando se trata da Pedra do Peixe do Ver-o-peso. A boemia, o amor pela música, os encontros estão nas artes, onde se identifica pontos amados pelos belenenses, como o Lanche da Esther, na divisa do Jurunas com a Cidade Velha, o Bar Meu Garoto, na Campina, a Banca do Alvino, na Praça da República.
Paisagens e pessoas anônimas também podem ser vistas: o ponto de venda de açaí nas periferias, os velhos casarios históricos, os botecos cheios de gente e alegria. Para quem vive ou viveu em Belém, é bater o olho e perceber que esses recortes do artista estão aí todos os dias ao alcance de todos, agora eternizados pelas mãos de um craque das artes plásticas.
“Tenho predileção por lugares não tão turísticos,
referências que só quem mora em Belém ou conhece profundamente consegue captar.
Sempre que tenho vindo a Belém, saio fotografando os pontos por onde passo, e
volto com um álbum novo de fotos que vou usar para produzir as minhas próximas
artes”, revela.
Trabalhar com arte digital também é uma mudança que trouxe
impacto no trabalho do artista. Ele ganhou em velocidade de produção e tornou os quadros e produtos derivados dessas pinturas mais acessíveis ao público. “Antigamente,
levava meses produzindo um quadro, cobrava o tempo e energia empregada e
ninguém comprava, afinal é muito mais barato comprar aquele Van Gogh que vende
no supermercado. Hoje em dia, a produção digital permite que minhas obras sejam
vendidas a preços bem acessíveis. Teremos imãs de geladeira por apenas 15 reais
para vender no vernissage, por exemplo”, detalha.
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O artista
Laercio Cubas Jr. Se inspira em artistas paraenses e tem se encantado
com a crescente produção feminina e jovem no Pará e em outros Estados do Brasil.
Ele cita artistas da envergadura de Antar Rohit, Sérgio Bastos e Jean-claude
Denis: Eles trazem poesia ao que passa batido por muitos”. São esses e outras
referências que movem o desejo de permanecer criando, iniciado ainda na
infância: ““Sempre digo que o pintor, o ilustrador, é uma criança que nunca
deixou de desenhar”.
O artista paraense tem sido convidado para expor em diversos
equipamentos culturais e feiras criativas, incluindo onde mora atualmente, no
Ceará. A primeira exposição dele foi no bar dos Beatles, em 1998, embora só de 2019
pra cá tenha uma atuação mais constante e profissional nas artes.
Nas eleições de 2022, ele ganhou destaque nas redes sociais,
quando o presidente Lula compartilhou duas das dezenas de ilustrações que mantém no acervo na web. Daí para frente, o
trabalho dele começou a ter reconhecimento internacional como contribuição
significativa para a manutenção da democracia, com direito a entrevista
publicada na revista internacional de arte Hyperallergic, em outubro de 2022.
Figura ativa em redes sociais, o artista hoje tem uma legião de fãs na web. Porém, mais importante do que os números é a intensidade e o entendimento com que seu trabalho tem sido recebido. “Muitas pessoas têm trocado as paisagens de suas paredes, como a Torre Eiffel ou o Big Ben, por cenas encantadoras de lugares como a Esther Lanches ou a Feira do Guamá. Afinal, nunca ouvimos falar de um açaí com farinha decorando as paredes de um bistrô francês. Celebremos o que nos torna únicos”, defende o artista.
Veja obras da exposição:
SERVIÇO
- Exposição “Memórias En Passant de Cubas Arts”,
- Data: 8 de dezembro
- Horário: às 18h, no
- Local: Núcleo de Conexões Ná Figueiredo - Av. Gentil Bitencourt, 449 - Nazaré, Belém.
- Venda de obras no local
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