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Pandemia do novo Coronavírus paralisa indústria do entretenimento com perdas bilionárias

O terror, acompanhado de um misto de medo e agonia, está se espalhando pelos cinemas ao redor do globo. Mas não são filmes de horror que estão rompendo a tranquilidade das salas, e sim os efeitos colaterais que o novo coronavírus está causando no mundo ci

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Imagem ilustrativa da notícia Pandemia do novo Coronavírus paralisa indústria do entretenimento com perdas bilionárias camera Até a Broadway parou depois que o estado de Nova York proibiu reuniões de mais de 500 pessoas. | Divulgação

O terror, acompanhado de um misto de medo e agonia, está se espalhando pelos cinemas ao redor do globo. Mas não são filmes de horror que estão rompendo a tranquilidade das salas, e sim os efeitos colaterais que o novo coronavírus está causando no mundo cinematográfico.

E não é só nele. Toda a indústria cultural terminará 2020 com rombos inimagináveis. Shows foram adiados, como os de Madonna em Paris; museus passaram vários dias fechados ou com acesso limitado, como o Louvre; feiras de literatura e de arte foram canceladas, teatros fecharam as portas, como aconteceu com toda a Broadway desde que a China anunciou a nova doença.

Epicentro da pandemia, o país asiático ocupa hoje o segundo lugar na lista dos maiores mercados cinematográficos do mundo, atrás só dos Estados Unidos. Sozinhas, suas bilheterias foram responsáveis por cerca de US$ 8 bilhões, ou R$ 37 bilhões, no ano passado.

Muitas projeções estimavam que 2020 seria finalmente o ano em que o mercado chinês superaria o americano, ascendendo ao posto de rei de arrecadação do cinema mundial. Mas a China perdeu a coroa assim que o corona chegou. Com o surto do vírus no país, salas de cinema foram fechadas, produções interrompidas e lançamentos adiados. A consequência disso foi um colapso nas vendas de ingressos. Nos dois primeiros meses deste ano, as bilheterias chinesas arrecadaram só US$ 238 milhões, ou R$ 1,1 bilhão, muito abaixo dos US$ 2,1 bilhões, ou R$ 10 bilhões, acumulados no mesmo período do ano passado. Os dados são da Comscore, empresa de análise de dados americana.

Assim como o vírus rapidamente se espalhou para o resto do mundo, as perdas da indústria cinematográfica logo começaram a infectar outras nações. Na Itália, que vem passando por um boom cinematográfico, a situação também é alarmante. Nas últimas semanas de fevereiro, cerca de metade dos cinemas no país permaneceram fechados. Há uma semana, o governo italiano passou a considerar todo o país zona vermelha da doença e, três dias mais tarde, proibiu as operações de qualquer serviço não essencial - restaurantes, bares, lojas, teatros, shoppings, boates, cassinos e, é claro, cinemas.

“Realmente acho que o medo do vírus é mais prejudicial do que o próprio vírus. Tenho certeza que, no final, nós veremos que o vírus afetou muito mais a economia do que a saúde”, diz Roberto Stabile, diretor do departamento internacional da Anica, associação da indústria do audiovisual italiana.

Fora das telas

Grandes estúdios relutaram em admitir a gravidade do cenário, mesmo com o segundo (China), o terceiro (Japão) e o quinto (Coreia do Sul) maiores mercados cinematográficos do globo entre os países mais fortemente afetados pela pandemia.

Atrasos em estreias começaram a ocorrer na China, como é o caso de “Mulan”, agora sem data de lançamento também no Brasil. Mas o primeiro alarme mundial de Hollywood soou no dia 4 de março, com o adiamento de “Sem Tempo para Morrer”. A estreia do novo “007” ficou para novembro.

Agora que boa parte do Ocidente passou a ser bem mais atingido pela pandemia, outros vários importantes lançamentos tiveram o mesmo destino. “Pedro Coelho 2: O Fugitivo”, “Um Lugar Silencioso: Parte 2” e “Velozes e Furiosos 9” foram os últimos longas que tiveram a estreia adiada. E o novo “Missão Impossível” interrompeu as gravações já em andamento em Veneza. Nem mesmo Tom Hanks escapou - ele anunciou que ele e a mulher pegaram a doença durante as filmagens de uma cinebiografia de Elvis Presley na Austrália.

Mesmo diante da atual conjuntura, os organizadores do Festival de Cannes seguem firmes em sua crença de que o cenário estará melhor até 12 de maio, quando começa o evento na Riviera Francesa. Em Nova York, no entanto, onde até a Broadway parou, o Festival de Tribeca, marcado para abril, foi adiado.

No Brasil, o par de longas “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”, sobre o caso Richthofen, com sessões marcadas para 19 de março, não tem mais data certa para entrar em cartaz.

Redes de cinema, por aqui, já se preparam para o impacto. Em salas do Sul e Sudeste do país, além de higienização dos espaços após as sessões e disponibilização de álcool em gel para clientes e funcionários, há redes vendendo só 60% de seus assentos e sugerindo que os clientes escolham lugares distantes dos já ocupados.

“Lolla” é cancelado em dois países

O Lollapalooza, festival musical que ocorre anualmente em diferentes países do mundo, também foi afetado pelo novo coronavírus. Tanto a edição do Chile, quanto a da Argentina foram canceladas. Em ambos os locais, a programação começaria no dia 27 de março.

Em comunicado, a organização do festival afirmou que está analisando novas datas para possível adiamento. “Diante desse acontecimento sem precedentes, nossa prioridade máxima é preservar a saúde e a segurança de público, artistas e equipe de trabalho, e acatar as medidas preventivas das autoridades públicas e sanitárias.”, diz a nota.

Já a organização do Lollapalooza Brasil não deu informações sobre possíveis alterações na edição deste ano, marcada para os dias 3, 4 e 5 de abril no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. A assessoria do evento afirmou ao jornal “O Globo” apenas que haveria um “pronunciamento em breve” sobre o assunto. Até o fechamento desta edição, a situação permanecia indefinida - mas artistas já começaram a ser avisados que o adiamento será inevitável.

Por conta do avanço do vírus, o DJ Alok também decidiu cancelar as turnês que seriam realizadas na próxima semana nos Estados Unidos e, em abril, na China. Ambas teriam duração de 15 dias.

Brasileiros

Por aqui, a maior feira de arte da América Latina, a SP-Arte decidiu adiar sua 16ª edição, marcada para 1º a 5 de abril, no Pavilhão da Bienal, também por causa do surto da doença. A organização do evento ainda não publicou um comunicado oficial sobre o assunto. Pessoas ligadas à entidade afirmam, no entanto, que novas datas estão sendo estudadas junto à Fundação Bienal, que em outubro inaugura a exposição principal da 34ª edição do evento.

Outro evento que decidiu adiar toda a sua programação por conta do coronavírus o Festival de Curitiba. O evento, que estava previsto para ocorrer entre 24 de março e 5 de abril, foi reagendado para setembro, entre os dias 1º e 13.

“A decisão se deve à segurança e ao cuidado com a saúde do público, dos artistas e de toda a equipe de trabalho. Os ingressos já adquiridos continuam válidos para a programação nas datas informadas”, diz o comunicado da produção do evento. Os ingressos que já foram vendidos permanecem válidos para as sessões da temporada em setembro.

Programado para acontecer entre 14 a 21 de março, em Trancoso, na Bahia, o festival de música clássica local também foi cancelado nesta quinta-feira, 12.

Já a Primavera Literária Brasileira cancelou a edição de 2020, que aconteceria em abril nos Estados Unidos, decisão comunicada em nota nesta quinta-feira, 12. O evento é conhecido por reunir escritores brasileiros e pessoas estrangeiras que lecionam ou estudam a língua portuguesa.

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