Penso alguma coisa pra fazer num ano bom. Lembro de Veneza pra tocar. Quero registrar as amizades, cantorias, poesias. Discutir sob o luar ...”. Os versos da canção “Veneza” trazem a leveza e esperança com que a cantora Marisa Brito, 37 anos, queria saudar a chegada de 2021. Por isso ela acaba de lançar uma nova versão da música, maior sucesso de sua antiga banda, A Euterpia, agora com produção do músico André Abujamra.
“Foi por causa dessa música que fui convidada para entrar na banda A Euterpia e por causa dela que oficialmente virei cantora. Então, essa música tem uma história muito importante na minha vida, além dela falar de ano novo, virada de ano, fala de amizade e acho que ela tem um tom lúdico. Eu a vejo com um tom esperançoso, mas sem ser aquela esperança boba ‘good vibe’, é uma esperança mais realista, que reflete sobre as dificuldades e as coisas ruins, mas ao mesmo tempo fala: ‘mas vai dar tudo certo e a gente vai conseguir fazer uma coisa diferente no próximo ano’. Ela tem essa energia”, descreve Marisa.
“Veneza” foi composta pela banda na virada do ano de 1997 para 1998, quando os integrantes se reuniam na Praça Batista Campos e brincavam que as pontes do local pareciam as de Veneza. “Eles estavam ali do lado de uma delas e foi lá que fizeram essa música. Belém hoje tem uma cena de musical autoral, que por mais que tenha suas dificuldades, é uma cena reconhecida, e que tem um movimento acontecendo. Na época não tinha isso, as pessoas que gostavam de um tipo de música que não era o axé e brega, os ritmos mais populares, não tinham onde ouvir música em Belém. Então, se fazia música e se reunia, tinha um grupo de amigos dessa época que ia muito para a Praça Batista Campos. Também era uma época que Belém era menos violenta e ainda dava para a gente ficar numa praça à noite”, lembra Marisa.
Marisa tinha 15 anos quando os músicos Antônio Maria Novaes (violão e voz), Carlos “Canhão” Brito (bateria e percussão), Márcio “Pato” Melo (contrabaixo) e Tom Salarzarcano (guitarra) a convidaram para fazer parte da banda. “Eles fizeram essa música e acharam que ela tinha vocação para ser cantada por uma voz feminina. Quando eu a gravei a primeira vez em 2001, foi a primeira versão e a primeira vez que entrei em estúdio na vida. Depois a gente fez o álbum oficial da banda, que gravamos em 2006”, relembra Marisa, citando esta última como a versão que está disponível até então no Spotify.
Regravação marca amadurecimento
Ao regravar a canção que lhe traz tão boas recordações, a cantora queria dar um presente aos fãs. “Surgiu a ideia de gravar porque 2020 foi um ano muito difícil, muito pesado para todo mundo. Até para quem foi mais ou menos bom, foi ruim, porque a gente foi privado de muitas coisas e muita gente morreu. A gente está vivendo um luto coletivo, uma dor profunda. Se a pessoa tiver um mínimo de empatia não tem como ela estar 100% tranquila. Então, vejo a arte como válvula de escape, um meio de ajudar a gente a passar por fases difíceis. E eu queria fazer um vídeo. Primeiro veio como uma ideia de fazer um vídeo de final de ano, como um presente para as pessoas que me acompanharam, porque agora, individualmente falando em termos de carreira, foi um ano que eu conseguir realizar muita coisa que estava planejando, que foi lançar o single do meu novo álbum, videoclipe. E tinha vontade de fazer uma versão nova para ‘Veneza’ com a minha voz já diferente”, explica.
E completa que a mudança da voz também acompanha seu amadurecimento como artista. “Hoje a minha voz tem uma sonoridade mais grave, e tenho gostado muito. Além de ser uma voz mais firme também, o que diferencia é que a Marisa de hoje não é só cantora, como a da primeira versão. A Marisa de hoje produz seu próprio trabalho em parceria com outros artistas, mas sou eu que comando o meu trabalho. Sou empresária, produtora, diretora vocal. Ganhei nesses últimos 21 anos trabalhando, não só como cantora, mas me desenvolvendo como compositora, estudando tecnicamente música e trabalhando em projetos de outras pessoas. Me sinto uma artista mais completa, muito mais madura, mais corajosa e firme”, destaca.
A proposta inicial era um vídeo simples, voz e violão, cantando dentro de casa mesmo. Mas ao dividir a ideia com André Abujamra, que está produzindo o álbum de Marisa, pensou-se em fazer uma coisa mais elaborada. “Aí fiz a base, gravei um violão e uma voz guia e mandei, ele fez todo o resto. Achei muito linda e singela. Depois gravei a voz principal e ele mixou. Pensei, já que a gravação está bonita, vai precisar ter um vídeo para combinar. Chamei a Clara Soria, que tinha feito o videoclipe de ‘De Todos Que Eu Amo’, que lancei no meio do ano, aí ela topou fazer um vídeo simples, porém bonito, e a gente foi numa praça. Só que lancei o vídeo e está todo mundo me pedindo para lançar nas plataformas a música, porque essa versão ainda não está nas plataformas de streaming”, conta.
Com a grande repercussão dos fãs d’A Euterpia, dos seus novos fãs e até dos músicos da banda, que gravaram vídeos com depoimentos sobre a nova versão, Marisa se prepara para atender o pedido e lançar a nova versão de “Veneza” ainda neste mês de janeiro.
“É muito lindo isso, vejo a música como uma forma de comunicação, estou ali o tempo inteiro interagindo e me comunicando com as pessoas através da música, que é o meu trabalho. E o que eu queria comunicar nesse fim de ano tinha muito a ver com essa canção”, pontua a cantora, que se prepara para lançar neste primeiro semestre mais um single do novo álbum com clipe e depois o álbum completo, “Noturna”, que deve impulsionar o trabalho ao longo de 2021.
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