Em “Paisagens Fluidas”, exposição do artista visual Renato Chalu, a fotografia cria conexão com a pintura. Esta experimentação pode ser apreciada nas séries “Chuva” e “Ver-o-Peso”. A exposição conta ainda com a série fotográfica “Azuis de Ajuruteua” e abre à visitação na próxima quarta-feira, 25 de maio.
Além de artista visual, Renato Chalu é músico e diretor de fotografia e atuou como repórter fotográfico. Conquistou o prêmio nacional “Tim Lopes” com reportagens especiais da série “Prostituição infantil na fronteira norte do Brasil”, além de três outras premiações no campo artístico. Há doze anos, ele trabalha o conceito sobre imagens fluidas.
Com diversas referências no aspecto literário e no artístico que retratam o conceito desse “universo fluido”, Renato diz que pode tocar em alguns sentimentos em suas experimentações artísticas. “Tem que ter um certo desprendimento da imagem original para enxergar novas possibilidades. Esse fluxo contínuo de experiências e experimentos alimenta essa percepção tornando os processos fluidos. Temos que nos permitir, nos mover em direção ao desconhecido para experimentarmos a sensação do que é ‘novo’ para si e, com isso, trazer o sentimento de liberdade para pensar e criar”, afirma.
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Ele explica como se cria essa conexão entre a pintura e a fotografia: “Podemos falar em processos criativos a começar pela apropriação do meu próprio arquivo fotográfico para servir de base e suporte para a pintura. Em seguida, a experimentação com as tintas, trabalhando a relação pictórica das imagens/paisagens. Em um terceiro momento, fotografo a foto/pintura, não necessariamente toda a imagem, selecionando através das lentes uma determinada região da imagem. Daí imprimimos esse híbrido e, por último, quando necessário, retocamos com tinta acrílica, desconstruindo e reconstruindo em uma dialética visual”, detalha.
CAMINHOS
A experiência de “Paisagens fluidas” começou em 2010, quando Renato cursava Artes Visuais, dentro da disciplina “Ateliê da pintura”, estimulada por pelo artista plástico Jorge Eiró, que então era seu professor. Renato experimentou tinta acrílica sobre as fotografias, transformando-as em suporte. Ao longo dos últimos anos, aperfeiçoou a técnica, com alternâncias de foto e pintura, e criou o que chama de “dialética visual”. Não apenas captou potencialidades pictóricas, ele mirou uma Amazônia pessoal (“a Amazônia é um mundo líquido”). Queria captar não apenas a noite, mas o sentimento da noite, a sensação da chuva, a sensação de se contemplar uma “obra de arte natural”, pintura da própria paisagem. Com isso, persegue uma introspecção que surge não da pintura, mas do amálgama fotografia-pintura-Amazônia.
Imagens do cotidiano, como a tradicional chuva em Belém foram captadas pelas lentes atentas do fotojornalista premiado. “Trabalhei uma década com fotojornalismo e o cotidiano sempre esteve presente. Foi um caminho natural voltar a essas imagens para então experimentar novas possibilidades como a série ‘Chuva’, em uma fotografia de 2001, captada em película, que mostra uma pessoa caminhando na chuva com seu guarda-chuva. Serve de base para a pintura e a xilogravura que compõem a série”, descreve Chalu.
Curador de “Paisagens Fluidas”, Jorge Eiró destaca como um ponto de referência e diálogo com a obra de Renato a tela “Chuva, vapor e velocidade”, do inglês William Turner, em que “uma locomotiva em alta velocidade ‘desmancha-se’ em meio a um temporal”.
“Renato Chalu retoma as lições de Turner para fazer da paisagem amazônica um território sensorial, empregando a chuva como protagonista e, ao mesmo tempo, como o agente fluidor/fruidor a dissolver a imagem/pintura, como no tríptico ‘Antes e depois da tempestade’”, afirma.
Programe-se
“Paisagens Fluidas”, do artista visual Renato Chalu
Visitação: 25 de maio a 30 de junho, de 9h às 17h.
Onde: Av. Pres. Vargas, 800, esquina com R. Carlos Gomes - Campina
Quanto: Gratuita
Vídeo de lançamento
Quando: 25 de maio, às 19h
Onde: YouTube Jambu Filmes
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