Qual o seu grande sonho? E o que você está disposta/o a fazer para alcançá-lo? Sim, são perguntas complexas... E ainda há outra: você sabe o que fazer para alcançar os sonhos e metas?
As questões parecem vagas e desnecessárias, mas servem para pensarmos na trajetória de um artista visual paraense: Mauricio Igor, que venceu 9ª edição do Prêmio AF de Arte Contemporânea, em Santa Catarina, no final de novembro de 2022.
Mauricio Igor foi um dos 3 finalistas que participaram de uma exposição coletiva, apresentando parte de sua trajetória. “Eu apresentei trabalhos em fotografia, vídeos e uma pintura. Foi de uma alegria muito grande estar entre os finalistas do principal edital de Artes Visuais de Santa Catarina e, mais ainda, no dia da abertura da exposição, ser anunciado como o vencedor. É uma valorização do trabalho que venho desenvolvendo e principalmente é mais uma oportunidade de continuar produzindo e expandindo minhas pesquisas, a partir da residência na França”, explica o paraense.
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É justamente aí que meta, trajetória, arte e sonho se encontram. Por quê? Porque, apesar da conquista, Mauricio precisa de ajuda de custo para poder viajar e se manter em Paris durante a residência artística. Uma residência na área de artes envolve colaboração entre artistas e organizações, que proporcionam aos artistas espaço e recursos para apoiar sua prática artística. Algumas possuem apoio financeiro parcial, como é o caso de Mauricio. Por esta razão, a fim de arrecadar valor para melhor desenvolver seu trabalho e estadia, Mauricio está vendendo, a um preço mais acessível, o seu trabalho. Isto é, sua arte.
“Estou vendendo ‘Vir a ser’, trabalho de fotografia impressa sobre papel pardo, fiz uma tiragem limitada no tamanho a4, com 35 impressões, numeradas e assinadas, no valor de R$ 350,00. Além dela, também está à venda ‘Don’t touch’, no valor de R$ 200,00 e uma fotografia de ‘Ventos do Norte’, minha pesquisa acerca de ventiladores com gambiarras, pelo mesmo valor”, detalha.
Dentre as obras, sempre provocantes ao transitar em diversos formatos e também reflexões, seja sobre xenofobia, racismo e homofobia, uma das que chama atenção é “Vir a ser”, de 2019. A obra é “um trabalho que fala sobre a formação do Brasil, do passado de violência presente na mestiçagem, da pluralidade racial presente no país e do autoconhecimento e autoafirmação da negritude. Sem dúvidas, são temas pertinentes e importantes para se pensar que Brasil nós queremos”, enfatiza Mauricio.
“Vir a ser”, uma das obras que podem ser importantes para interessados em arte e colecionadores, é um dos trabalhos que mais chamam atenção no jovem artista, que possui grandes perspectivas no cenário amazônico e nacional. “É o meu trabalho que mais circulou em exposições e premiações, nas quais se destacam o recente prêmio no 40º Arte Pará, realizado no final do ano passado, e a obra em seu formato original faz parte do acervo do Museu de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e da Coleção Amazoniana de Arte, na Universidade Federal do Pará”, destaca Mauricio Igor.
COLABORE!
A viagem de Mauricio a Paris será no dia 10 de julho e terá o período de 3 meses. Atualmente, ele reside em Florianópolis, finalizando o mestrado em Artes Visuais, onde foi aprovado em primeiro lugar na UDESC (Universidade Estadual de Santa Catarina). Isto garantiu ao paraense uma bolsa de estudos na instituição.
“Estou bem ansioso porque será minha primeira residência artística presencial. Residências são oportunidades únicas para desenvolver um projeto estando em conexão com um outro lugar. Fico bem feliz de estar tendo esta oportunidade. Minhas produções partem muito de deslocamentos e como estes encontros com outros lugares afetam meu corpo. Estou bem curioso para saber como Paris irá me afetar”, sintetiza Mauricio Igor.
TRAJETÓRIA
Mauricio Igor é Licenciado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais na Universidade do Estado de Santa Catarina. Em 2019, foi contemplado com bolsa do Programa Santander de Bolsas Ibero-Americanas para estudos na Faculdade de Belas Artes na Universidade do Porto, em Portugal.
“Eu participo ativamente de exposições desde 2018. Inicialmente, meus processos se concretizavam apenas pela fotografia. Depois, de forma bem natural, comecei a ir para vídeo, performances e intervenções urbanas. Atualmente, tenho me dedicado também a estudar pintura. Por isso, me considero um artista multidisciplinar, porém, apesar das diferentes linguagens, meu trabalho é costurado por um viés conceitual, no que envolve principalmente questões de identidades em temas como gênero, sexualidade, negritude, decolonialidade e o cotidiano na região amazônica”, explica.
Tais processos se desdobram em fotografias, performances, vídeos, textos, intervenções e instalações. Por meio destes, participou de importantes exposições coletivas no Brasil e no exterior, além de ser premiações, nas quais se destacam o Prêmio Rede Virtual de Arte e Cultura, promovido pela Fundação Cultural do Estado do Pará; o Imagens Cotidianas, Incentivo às Artes Visuais e Fotografia, promovido pelo SESC Ver-o-Peso, o 15º Salão de Artes de Itajaí, promovido pela Fundação Cultural de Itajaí e foi finalista no 1° Prêmio de Fotografia - Adelina Instituto Cultural, em São Paulo.
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