O movimento de torcedoras santistas Bancada das Sereias, que tem apoio oficial do Santos, se declarou contra a volta de Robinho ao clube da Vila Belmiro.
O coletivo, fundado no ano passado e composto por torcedoras do clube que se unem para ir ao estádio juntas, fez uma postagem em sua página no Facebook sobre a contratação do jogador de 36 anos.
No texto, o grupo afirma que, mesmo que Robinho ainda possa recorrer de sua condenação, "não cabe o retorno desse jogador nessas condições" e também aponta que seria contraditório o clube contratá-lo após participar de campanhas contra a violência de gênero.
"É muito triste saber que todas as campanhas pela defesa da mulher, de Dia Internacional da Mulher, de nos dar voz para qualquer coisa, ficam somente no papel, afinal no momento de pôr em prática, [o clube] traz um jogador condenado em primeiro grau por estupro", publicou o coletivo na rede social.
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Perto do Dia Internacional da Mulher de 2018, o Santos recebeu o São Bento na Vila Belmiro e entrou em campo segurando uma faixa com a inscrição "Se a mulher disse não, significa que ela disse não para você". A frase era parte de uma campanha de conscientização promovida pelo movimento global pela igualdade de gênero #HeforShe, criado pela ONU Mulheres e apoiada pelo clube.
Na época, o Santos incentivou seus torcedores a assinarem um compromisso, por meio do site da entidade, para colocar em prática atitudes que contribuíssem para alcançar a igualdade entre os gêneros.
Neste ano, também perto da efeméride, o Santos participou, assim como todas as equipes do Campeonato Paulista, de uma campanha de conscientização que fez os jogadores entrarem em campo acompanhados por mulheres, ao invés de crianças, como é usual.
Elas promoveram então um apitaço, em uma manifestação contra o assédio e para afirmar que os estádios são, sim, lugar para mulheres frequentarem. O apito é um símbolo das campanhas antiassédio e a presença segura das mulheres em jogos de futebol é uma das principais bandeiras da Bancada das Sereias, que conta com apoio do Santos.
Com a contratação de Robinho, 36, anunciada no sábado (10), internautas também apontaram para uma contradição na postura do clube.
Publicações antigas do time da Vila Belmiro nas redes sociais sobre temas relacionados à mulher foram relembradas para questionar a vinda do atleta, que iniciará sua quarta passagem pelo Santos. A reação veio tanto de torcedores de clubes rivais quanto de santistas.
Desde sábado, o clube não voltou a publicar conteúdos relacionados ao jogador nas redes sociais. O atacante, inclusive, foi inscrito no BID (o Boletim Informativo Diário da CBF) e está liberado para jogar, mas o Santos não anunciou a novidade.
Robinho foi condenado em primeira instância a 9 anos de prisão por estupro na Itália. O caso teria ocorrido em janeiro de 2013, numa festa em Milão, e a vítima seria uma jovem albanesa. Ele recorre da decisão.
A advogada de Robinho, Marisa Alija, postou um vídeo em seu Instagram na noite de sábado no qual explica que a condenação não é definitiva e que o atleta ainda pode recorrer em três instâncias. Também diz que não há ordem de prisão contra ele, em resposta a alegações de torcedores de que Robinho não poderia pisar na Itália, ou seria preso.
Em entrevista à Folha de S.Paulo neste domingo (11), Orlando Rollo, presidente do Santos, também usou a presunção de inocência para defender a contratação feita por sua gestão.
"Robinho não está condenado com trânsito em julgado. Quem somos nós para atirar pedra no Robinho? Atire a primeira pedra quem nunca pecou. E será que ele pecou? Vamos esperar o desfecho do processo", disse o mandatário santista.
Além das manifestações de torcedores e de grupos como o Bancada das Sereias, jornalistas e comunicadores também participaram da discussão sobre a contratação do atacante nas redes sociais.
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