Darlan Romani, 30, fez tudo o que podia, mas não conseguiu deixar para trás a sina do quase conseguir. Ele viu escapar por pouco a medalha na Rio-2016. Deveria ter conquistado pelo menos o bronze no Mundial de 2019, em Doha, no Qatar. Nos Jogos de Tóquio, nesta quinta-feira (5), de novo bateu na trave.
Seu arremesso de 21,88 m não foi o bastante para levar o Brasil ao pódio nos Jogos pela primeira vez na história da modalidade e o deixou na 4ª posição.
Para quem teve tantos problemas nos últimos 18 meses, o resultado precisa ser colocado sob perspectiva. Seu ciclo olímpico foi acidentado. Teve Covid-19. Ficou sem o técnico que lhe acompanha durante toda a carreira. Treinou em terreno improvisado. Pensou em parar com tudo.
"É difícil falar. Foi um susto para nós. Meu irmão, mãe e eu ficamos com Covid. Mas é isso, a gente ergue a cabeça, batalha e corre atrás", afirmou ao se classificar para a final na última terça-feira (3), em entrevista ao SporTV.
Quando foi infectado pelo novo coronavírus, ele perdeu 10 kg em 14 dias. Com as academias fechadas, assim como o centro de treinamento mantido pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) em Bragança Paulista (interior de São Paulo), improvisou.
Arremessou como deu em um terreno vizinho à sua casa, pegou aparelhos de musculação emprestado da confederação e nos momentos de estresse fez o que mais gosta: passeou de caminhão por Bragança.
Quando criança, o atleta sonhava em ser motorista de ônibus. Seu pai era dono de uma empresa de transporte.
Romani chegou perto da medalha olímpica na Rio-2016. Ficou em 5º. Mais dramático ainda foi o Mundial de 2019. Em uma das provas mais fortes da história, arremessou para 22,53 m. Uma marca que lhe daria a medalha de ouro em todas as Olimpíadas anteriores e o faria ser bronze em Tóquio. Mas acabou no quarto lugar e fora do pódio.
"É difícil chegar assim tão perto e não conseguir. Mas tudo serve como aprendizado para a gente ter a revanche no futuro", afirma o atleta que, apesar de febre alta no dia anterior, foi ouro no Pan-Americano de Lima, em 2019.
Romani ficou a reta final de preparação para as Olimpíadas deste ano sem se encontrar com seu técnico, Justo Navarro. O cubano viajou para Havana no final de 2020, de férias, e não conseguiu voltar ao Brasil por causa das fronteiras fechadas. Em fevereiro, o arremessador passou por cirurgia para retirar uma hérnia de disco e ficou cinco semanas sem treinar.
O brasileiro andou de um lado para o outro pela área em que seria a disputa pela medalha nesta quinta, toalha na mão por causa do calor de 35º C no estádio. Duas vezes deu saltos para soltar o corpo. Logo percebeu que a competição seria forte. No seu primeiro arremesso, o americano Ryan Crouser atingiu 22,83 m, um novo recorde olímpico.
Darlan Romani fez 21,88 m, sua melhor marca no ano e que o fez terminar a primeira rodada na terceira colocação. Quando o neozelandês Tomas Walsh chegou aos 22,17 m e o empurrou para quarto, o brasileiro se afastou. Colocou a toalha na cabeça e virou as costas para a prova. Quando se virou para olhar novamente, viu Crouser superar a própria marca e bater nos 22,93 m.
Romani passou o resto da prova tentando passar dos 22 metros. Não conseguiu. Quando chegou a apenas 20,70 m em sua última tentativa e viu o sonho da medalha acabar, colocou as mãos na cabeça e ficou longo tempo sentado em um banco. Só se levantou quando a disputa já havia acabado com a medalha de ouro obtida por Crouser. O também Joe Kovacs foi prata e Walsh, bronze.
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