Se o nome de Aslan Karatsev soa como novidade mesmo para quem acompanha tênis é porque tem todos os motivos para soar dessa forma.
O tenista russo de 27 anos protagoniza na atual edição do Australian Open uma das campanhas mais surpreendentes do esporte. Nesta terça-feira (16), ele venceu Grigor Dimitrov por 3 sets a 1 e avançou às semifinais do Grand Slam disputado em Melbourne. Enfrentará na quinta (18) o número 1 do mundo, Novak Djokovic, que bateu Alexander Zverev pelo mesmo placar.
Número 114 do ranking masculino de simples, Karatsev tornou-se o primeiro homem na era profissional a atingir essa fase de um Slam logo na sua primeira participação em um dos quatro principais torneios do circuito.
Acumulando marcas improváveis, ele é o quinto a sair da fase qualificatória e chegar à semifinal na chave masculina de um Slam. Os outros foram John McEnroe, Bob Giltinan, Filip Dewulf e Vladimir Voltchkov, este último na edição de 2000 de Wimbledon.
Vinte e um anos depois, o russo natural de Vladikavkaz, na região do Caucáso, repetiu o feito após nove tentativas frustradas de entrar na chave principal de um major.
Ainda em janeiro, ele disputou a fase qualificatória do Australian Open em Doha, no Qatar, e venceu seus três jogos. Por causa das restrições relacionadas à pandemia de Covid-19 na Austrália, essa etapa foi jogada fora do país.
Já em Melbourne, enfileirou outras cinco vitórias, as últimas três contra cabeças de chave: o argentino Diego Schwartzman (nono colocado do ranking, por 3 sets a 0), o canadense Felix Auger-Aliassime (19º, por 3 sets a 2 após estar atrás em 0 a 2) e o búlgaro Grigor Dimitrov (21º).
Nesta terça, Dimitrov sentiu fortes dores nas costas depois de começar na frente e não pôde competir à altura. O que não apaga o tamanho do resultado de Karatsev. Desde 2015, o russo somava apenas três vitórias nos torneios da elite do tênis profissional.
O atleta, que viveu em Israel na infância e voltou ao país natal para buscar uma carreira como tenista, já morou também na Alemanha, Espanha e está em Belarus há três anos ao lado do seu técnico, o belarrusso Yahor Yatsyk.
Em 2017, uma lesão no joelho pôs seu futuro em dúvida. Ele se manteve e continuou a batalha nos torneios menores, longe dos holofotes. Passada a paralisação do circuito pela pandemia, no segundo semestre de 2020, emplacou boa sequência nos campeonatos de nível challenger e ganhou cerca de 140 posições no ranking.
É uma trajetória similar à de muitos que se arriscam nesse esporte em que poucos acessam o luxo e as glórias. Ou era, até esta semana.
Karatsev agora tem muitos marcos associados a seu nome. Tornou-se ainda o homem de ranking mais baixo a alcançar as semis de um Slam desde Goran Ivanisevic, em 2001, na grama de Wimbledon. O croata foi campeão daquela edição após entrar na chave com convite. Ele era o 125º do ranking, mas já tinha três vices na carreira no Slam de Londres.
"É uma sensação inacreditável... Primeira vez jogando a chave principal, primeira vez [fazendo] semifinais, é incrível", disse Karatsev. Os US$ 662 mil (R$ 3,5 milhões) que já garantiu de premiação no torneio ultrapassam o total conquistado na carreira até então: US$ 618 mil (R$ 3,3 milhões).
"Ele é um grande jogador", afirmou Dimitrov. "Para estar aqui, claramente você fez algo certo. Você trabalhou, passou pelas eliminatórias, passou por difíceis e boas partidas, ganhou confiança. Há tantos pontos positivos, então por que não ir mais longe?".
SERENA E OSAKA MARCAM ENCONTRO NAS SEMIS
A primeira semifinal feminina também foi definida nesta terça. Será entre a americana Serena Williams, 39, e a japonesa Naomi Osaka, 23.
Ambas tiveram atuações dominantes nas quartas. Serena elevou o nível para derrotar a cabeça de chave número 2, Simona Halep, em sets diretos. Osaka teve tranquilidade para fazer o mesmo diante da surpreendente taiwanesa Su-wei Hsie.
Será o primeiro jogo em Grand Slam entre as duas desde a final do US Open de 2018, quando a japonesa derrotou a americana num duelo marcado pela discussão da tenista da casa com o árbitro Carlos Ramos. O conflito se deu após a atleta ser punida porque seu técnico, Patrick Mouratoglou, violou as regras e tentou se comunicar com ela durante o jogo.
Aquele foi o primeiro título de major de Osaka, que desde então conquistou mais dois, o último deles no US Open de 2020. No ano passado, ela passou a ser considerada a atleta mais bem paga do esporte mundial, superando justamente Serena.
A americana, dona de 23 Slams, ganhou seu último em 2017, antes da pausa na carreira por ocasião da gravidez de sua primeira filha. A partir do retorno às quadras, em 2018, ela acumula quatro vices nesses torneios e ainda tenta igualar o recorde de troféus da australiana Margaret Court, que somou 24.
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