De acordo com uma pesquisa inédita feita com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS), um LGBTQI+ é agredido a cada uma hora no Brasil. Entre os anos de 2015 e 2017, data em que os dados foram analisados, 24.564 notificações de violências contra essa população foram registradas, o que aponta uma média de mais de 22 notificações por dia, ou seja, quase uma notificação a cada hora.
O levantamento foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em conjunto com as secretarias de Atenção Primária em Saúde e de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os pesquisadores analisaram as notificações feitas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que faz parte do SUS, e que inclui diversos casos de violência que não são denunciadas.
Com relação a violência aos LGBTQI+, um caso chamou bastante atenção nos últimos dias após acontecer três casos de mortes desse público em Curitiba, no Paraná.
Um homem de 32 anos, suspeito de matar os três homossexuais foi preso nesta sábado (29) em Capão Raso, em Curitiba, de acordo com a Polícia Civil. Dois crimes aconteceram em Curitiba e um em Abelardo Luz, em Santa Catarina.
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Além dos homicídios, ele também teria tentado matar outra vítima com o mesmo perfil no dia 11, em Curitiba. Segundo a polícia, em todos os casos, o homem escolhia os alvos em aplicativos de namoro, ganhava a confiança deles através de trocas de fotos e além de matar as vítimas, ainda roubava seus pertences em seguida.
O suspeito era procurado desde o início deste mês. Em entrevista ao UOL, o delegado Thiago Nóbrega, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) do Paraná, havia antecipado que o paradeiro do suspeito estava próximo de ser descoberto devido às "diversas denúncias".
Ainda segundo o delegado, três vítimas viram as imagens do suspeito divulgadas pela polícia e "criaram coragem" para denunciar o homem por agressões. Nóbrega diz que a polícia acredita que "com o tempo, novas vítimas surgirão" e declarou que o suspeito já é classificado como um "serial killer".
"Conversamos com alguns conhecidos, familiares, ex-companheiras deste procurado e a gente conseguiu, de modo superficial, achar que ele deve possuir um distúrbio psiquiátrico, ele se enquadra como um psicopata. Ele também pode ser classificado como um serial killer", afirmou.
"Perante a sociedade, [ele é] um indivíduo carismático, educado e gentil, porém se transformava em violento quando ingressava no apartamento das vítimas."
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Os crimes
A investigação chegou ao suspeito após verificar semelhança entre as mortes do enfermeiro David Levisio, de 30 anos, e do acadêmico de medicina Marcos Vinício Bozzana da Fonseca, de 25 anos, em Curitiba. Os corpos foram encontrados em 30 de abril e 5 de maio, respectivamente.
A Polícia Civil do Paraná recebeu a informação de que um crime com a mesma característica ocorreu um mês antes, em 17 de março, em Abelardo Luz, contra um professor universitário de 36 anos, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).
O homem teria atacado novamente em 11 de maio contra outra vítima, no bairro Bigorrilho, em Curitiba. Ele não teria conseguido realizar o assassinato porque a vítima conseguiu fugir e denunciá-lo.
Segundo a polícia, o suspeito se apresentava às vítimas através de um aplicativo de namoro. E usava informações e fotos falsas. A conquista da confiança acontecia após trocar fotos íntimas com as vítimas e em seguida o suspeito marcava um encontro com elas.
O suspeito tem mandado de prisão temporária expedido pela Justiça do Paraná em razão dos latrocínios e tentativa de homicídio. Ele já possui passagens pela polícia por roubo, em 2015 e 2019, e está proibido de se aproximar de duas ex-esposas devido a medidas protetivas.
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