Os vírus são organismos que constantemente sofrem mutações e, portanto, o surgimento de novas variantes é um evento esperado durante uma pandemia causada por vírus. A maior parte das mutações não têm impacto sobre o vírus, enquanto algumas podem ser prejudiciais a ele e poucas podem resultar em uma vantagem para o vírus. Ciente disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS), avalia rotineiramente se as variantes do SARS-CoV-2 resultam em mudanças na transmissibilidade, manifestações clínicas, gravidade dos casos, ou se geram impactos nas medidas de contenção do agente etiológico, incluindo diagnósticos, tratamentos e vacinas.
Em solo brasileiro, já foram identificadas 93 variantes do coronavírus em pacientes com a Covid-19. São Paulo é o estado com a maior quantidade já analisada: 35 variantes. Três linhagens do vírus já foram identificadas no Pará: B.1.1.378; B.39; e B.1.395 (essas variantes não estão entre as consideradas mais preocupantes pela OMS).
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Dentro das linhagens do vírus encontradas no Brasil, estão todas as quatro que a OMS classificou como preocupantes. As informações são da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
As variantes do coronavírus surgem à medida que o organismo se multiplica, o que acontece quando ele infecta uma pessoa. Nesse processo, mutações aleatórias acontecem no código genético do vírus. É assim que surgem as variantes. É por isso que quanto mais gente pegar a doença, maior a probabilidade de surgir uma nova linhagem da doença.
Devido à incerteza envolvida no processo, a comunidade científica acompanha o surgimento de variantes e tenta descobrir se elas representam novas ameaças para a humanidade. Hoje, a OMS lista quatro variantes preocupantes, todas já registradas no Brasil.
Para receber essa classificação, a nova linhagem precisa obedecer a alguns critérios. Ela deve ou aumentar a transmissibilidade ou a virulência da doença. Outro fator que pode levar a variante a ser classificada como preocupante é a sua capacidade de diminuir a efetividade das medidas adotadas para combater a enfermidade ou reduzir a eficácia de diagnósticos, vacinas ou terapias.
A Alpha, também conhecida como B.1.1.7, já foi encontrada em 14 estados. Ela foi identificada pela primeira vez em setembro de 2020 no Reino Unido. A variante Beta, que engloba a B.1.351, B.1.351.2 e B.1.351.3, foi encontrada em São Paulo. Ela surgiu em maio do ano passado na África do Sul.
A terceira (Gamma, ou P1, P1.1 ou P1.2) é a variante que foi descoberta em Manaus, encontrada pela primeira vez em novembro do ano passado. Ela já foi registrada em quase todo o território nacional. De acordo com as informações da Fiocruz, apenas Mato Grosso, o Piauí e Amapá não tiveram casos da linhagem identificados.
A última variante é a Delta (ou B.1.617.2). Ela surgiu na Índia e foi encontrada pela primeira vez em outubro do ano passado. No Brasil, cinco estados já tiveram casos dela: Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
O médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Julival Ribeiro aponta quatro medidas para impedir que novas variantes cheguem ao país. “Primeiro, é necessário uma vigilância aeroportuária. As pessoas que chegam de outros países deveriam ficar de quarentena”, defende.
Em segundo lugar, ele reforça a importância das medidas de distanciamento social “que devem continuar a ser adotadas mesmo por pessoas que já foram vacinadas”. Em seguida, ele ressalta a necessidade de “fazer o estudo genômico do vírus encontrado em pessoas infectadas, para entender quais variantes estão circulando no país e como elas estão circulando”. Por fim, ele indica a ação mais importante para o combate ao coronavírus: “Vacinar, vacinar e vacinar”.
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