Pelo menos quatro membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foram condenados por mortes relacionadas aos "tribunais do crime" na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, com penas que totalizam mais de 270 anos, segundo informações da Promotoria. Recentemente, mais três criminosos foram condenados pelos crimes de sequestro, assassinato mediante tortura e ocultação de cadáver, em um julgamento que ocorreu na mesma cidade em julho de 2021.
De acordo com as denúncias do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), as vítimas dos tribunais do interior de São Paulo eram mantidas em cárcere privado, torturadas, espancadas e assassinadas brutalmente com golpes de facão. Os corpos eram escondidos em seguida. Essa "justiça" paralela da facção paulista é utilizada para punir quem contraria as regras impostas pelo PCC ou para acertar contas com rivais.
Um dos casos envolve a vítima Uandison Ramalho Bonfim, de 22 anos, que teria sido "julgado" pela facção em novembro de 2017 por supostamente furtar uma corrente de ouro de um integrante do PCC. Como não compareceu ao tribunal da facção, o jovem foi sentenciado à morte pela organização criminosa. No dia seguinte, Uandison foi baleado quatro vezes enquanto jogava sinuca em um bar. O criminoso que o matou correu até uma moto, guiada por um comparsa que o esperava, e ambos fugiram em seguida.
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No mesmo dia em que um membro dos tribunais do crime de Ribeirão Preto foi condenado a 51 anos de prisão, a Polícia Civil prendeu um homem apontado como chefe dos julgamentos marginais paulistas na zona sul da capital. José Carlos da Silva, conhecido como "Zé Galinha", já foi preso em outras ocasiões por roubo, receptação, formação de quadrilha, porte ilegal de arma de fogo e extorsão mediante sequestro. Em 2016, ele foi detido em flagrante por envolvimento no assalto a um carro forte na zona leste de São Paulo.
TRIBUNAIS DO CRIME
Os "tribunais do crime" foram instituídos no início dos anos 2000 por Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, considerado líder máximo do PCC. Ele criou o setor de "disciplinas" dentro da facção, cujos membros são responsáveis por garantir o cumprimento das regras da organização, podendo aplicar punições caso sejam descumpridas. Para isso, porém, é necessário um julgamento cuja sentença é dada por criminosos do alto escalão da facção.
Investigações do Gaeco mostram que Marcola descentralizou as ações financeiras do PCC, dividindo-as em células, ligadas a outras maiores, que chegam a um núcleo central. A figura do disciplina nasceu para servir como uma espécie de "corregedor" das ações financeiras do PCC, mas acabou por julgar qualquer demanda apresentada, em um sistema de justiça marginal base.
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