No dia 29 de setembro de 2006, o Brasil parou para acompanhar as transmissões dos noticiários nacionais que informavam o desaparecimento do voo 1907 da Gol Linhas Aéreas no sul do Pará, próximo à divisa com o Mato Grosso. No dia seguinte, 30 de setembro, veio a confirmação: o avião com 154 pessoas a bordo caiu e os destroços ficaram espalhados ao redor de uma grande área na floresta amazônica.
Agora, em setembro de 2023, 17 anos depois do ocorrido, o acidente com o avião da Gol já teve seu inquérito concluído, as causas da tragédia investigadas e conhecidas e os culpados julgados e condenados. No entanto, ninguém foi preso.
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Parece absurdo. E é. Os dois pilotos norte-americanos responsáveis pelo acidente que derrubou a aeronave foram condenados pela Justiça brasileira, mas vivem nos Estados Unidos gozando da plena liberdade, pois a extradição dos dois foi recusada pelo governo americano em julho deste ano.
Joseph Lepore e Jean Paul Paladino foram condenados pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo e tiveram a prisão decretada pela Justiça Federal no Mato Grosso em 2017. Porém, até os dias atuais, seguem livres porque os crimes pelos quais os dois pilotos foram condenados no Brasil não estão amparados no Tratado Bilateral de Extradição firmado com os EUA, de acordo com comunicado enviado pela embaixada norte-americana ao Ministério da Justiça em maio e divulgado em julho.
O ACIDENTE
O Boeing 737 da Gol fazia o voo 1907, de Manaus (AM) ao Rio de Janeiro (RJ) com escala em Brasília (DF). Havia 148 passageiros a bordo e seis tripulantes. Depois de cerca de uma hora e meia de voo, já na altitude de 37 mil pés (cerca de 11 km de altura), a aeronave perdeu o controle repentinamente quando passava na região da Serra do Cachimbo, no sul do Pará e norte de Mato Grosso.
Lepore e Paladino estavam no comando do jato Embraer Legacy 600, que partiu de São José dos Campos (SP) quando, por uma série de fatores e condutas irresponsáveis, viajavam na mesma altitude e em rota de colisão.
Como os pilotos não ligaram sistemas de comunicação de bordo que poderiam detectar outras aeronaves em seu caminho e, assim, evitar colisões, a ponta da asa esquerda do Legacy cortou a asa direita da aeronave da Gol, o que a fez perder sustentação rapidamente e desintegrar no ar em queda livre espiralada, matando todos a bordo.
Com os danos na asa do jato, os dois pilotos americanos conseguiram pousar emergencialmente em solo paraense. Eles chegaram a ser presos de forma temporária e justificaram em depoimento que tinham perdido contato com a torre de controle e, por isso, mantiveram a altitude de 37 mil pés.
Lepore e Paladino tiveram os passaportes confiscados, mas conseguiram os documentos de volta e retornaram aos EUA após assinarem um documento prometendo voltar ao Brasil para julgamento ou quando exigido pelas autoridades brasileiras. O que não ocorreu.
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