Uma pesquisa da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), em parceria com a Academia Brasileira de Neurologia e o Conselho Regional de Medicina, aponta que cerca de 42% dos acidentes de trânsito estão relacionados ao sono. Os resultados indicam que o Brasil ocupa a quinta colocação mundial em óbitos no trânsito devido ao cansaço, ficando atrás da Índia, China, EUA e Rússia.
Especialistas afirmam que as principais causas de sonolência ao volante incluem a privação de sono, dormir menos de oito horas por noite (com menos de cinco horas aumentando o risco em 4,5 vezes), permanecer acordado por longos períodos e transtornos do sono. Vale ressaltar ainda que, condutores com apneia do sono apresentam um risco de duas a sete vezes maior de causar acidentes.
Diante do alto risco, neste ano, entrou em vigor na União Europeia uma legislação que torna obrigatória a presença de uma câmera nos novos veículos, capaz de identificar fadiga e sonolência. Trata-se do Euro NCAP, programa europeu de segurança automotiva, que também incorporou a detecção de sonolência como parte de seu protocolo de avaliação de segurança de um veículo.
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Segundo Sidnei Canhedo, mestre em saúde ambiental e gestor da Optalert - empresa especializada em tecnologia de controle de fadigas -, apesar da existência de leis que regulamentam o horário de trabalho dos motoristas no Brasil, não há um controle eficaz por parte das autoridades. “Isso tem impacto direto nos índices de acidentes relacionados à sonolência e à fadiga, o que é alarmante”, ele considera.
PREVENÇÃO
“A sonolência está relacionada à insuficiência de sono ou a condições como a apneia. Portanto, é crucial ter uma boa qualidade de sono. Por outro lado, a fadiga está ligada a atividades monótonas, como dirigir por longos períodos. Para lidar com a fadiga, ações como fazer pausas para exercícios leves, consumir alimentos e café podem proporcionar melhorias quase imediatas e evitar problemas”, acrescenta.
Para Sidnei, a nova câmera nos carros ainda carece de estatísticas sobre a redução de acidentes nas estradas, uma vez que o tema e a tecnologia é recente. Por outro lado, em operações mais antigas, como a mineração, onde essa tecnologia já é empregada há algum tempo, existem levantamentos robustos que confirmam uma significativa redução, chegando a quase 80% no número de acidentes.
Canhedo detalha: “A tecnologia Optalert é o resultado de quase trinta anos de pesquisas científicas na área do sono. O sistema é baseado nas alterações dos movimentos oculares do motorista. Com isso, os resultados previnem que o condutor chegue efetivamente ao sono cerca de 20 minutos antes do mesmo cochilar na direção, evitando assim o risco de acidente nas vias”.
“Nós acreditamos que agora, com a obrigatoriedade na Europa, os demais países irão seguir essa diretriz. Vale lembrar que a mesma situação ocorreu com o ‘airbag’ no passado, vindo de um item considerado como luxo em alguns modelos e hoje é uma obrigatoriedade. Diante da novidade, acreditamos que em cerca de quatro anos esta importante tecnologia será obrigatória também no Brasil”, conclui Sidnei.
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ALERTA
Enquanto a tecnologia não chega ao Brasil, o especialista sugere alguns sinais de que um acidente de trânsito devido à sonolência pode ocorrer. Se os motoristas perceberem algum dos sintomas a seguir, é importante fazer paradas para descanso durante uma viagem, evitar dirigir entre meia-noite e 6h da manhã ou após um longo dia de trabalho.
como identificar
sinais
l Bocejos ou piscadas frequentes;
l Dificuldade em manter os olhos abertos;
l Visão dupla ou borrada;
l Dificuldade para manter a cabeça erguida;
l Redução da concentração, pensamentos desconexos;
l Dificuldade de manter a mesma velocidade;
l Saída da pista.
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