O indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em trama golpista de 2022 se soma a outras investigações e casos que têm o ex-presidente como alvo.
Ao longo deste ano, ele também foi indiciado em outras duas frentes de investigação: por joias recebidas da Arábia Saudita e pelo caso da falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
CONTEÚDOS RELACIONADOS:
- Jair Bolsonaro é indiciado por tentativa de golpe de estado
- Bolsonaro sabia do plano para matar Lula, diz PF
Até o momento, Bolsonaro não é réu nesses casos. Compete à PGR (Procuradoria-Geral da República) avaliar se cabe ou não denúncia criminal. Na sequência, a Justiça decide se aceita ou não a denúncia, o que tornaria o ex-presidente réu.
Desde o fim de seu governo, Bolsonaro foi condenado apenas na seara eleitoral, tendo sido declarado inelegível por oitos anos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Veja frentes de investigação e suspeitas contra Bolsonaro.
GOLPISMO
Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal, com mais 36 pessoas, sob entendimento de que ele participou de uma trama para impedir a posse de Lula (PT) em 2023.
Entre os suspeitos, de acordo com a PF, estão ainda o general da reserva Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa derrotada em 2022, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem.
Os planos discutidos no Palácio da Alvorada no fim de 2022 miravam a edição de um decreto que anularia o resultado das eleições presidenciais, sob a falsa alegação de fraudes nas urnas eletrônicas.
INELEGIBILIDADE NO TSE
Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE por abuso de poder em duas ações diferentes.
Uma delas está relacionada à reunião com embaixadores na qual o então presidente divulgou mentiras sobre o sistema eleitoral. A segunda se deu pelo uso das comemorações do 7 de Setembro para campanha. Há ainda outras ações relacionadas ao pleito de 2022 tramitando contra ele.
Quer mais notícias do Brasil? Acesse nosso canal no WhatsApp
Com pena de inelegibilidade de oito anos, ele não poderá concorrer nos pleitos de 2026 e de 2028. Apesar disso, Bolsonaro vem se manifestando como candidato para as próximas eleições gerais.
Uma reviravolta jurídica em sua situação, entretanto, é improvável. Isso porque mesmo que o Congresso aprove algum tipo de anistia, o projeto provavelmente teria sua constitucionalidade contestada no STF.
JOIAS
Em julho, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e mais 11 pessoas na investigação sobre a venda de joias recebidas de presente pelo governo brasileiro.
Em agosto, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu acesso à integra de laudos produzidos pela polícia e a depoimentos colhidos no âmbito do acordo firmado com EUA antes de decidir sobre se cabe ou não denúncia.
A PF citou a suspeita dos crimes de associação criminosa (com previsão de pena de reclusão de 1 a 3 anos), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos) e peculato/apropriação de bem público (2 a 12 anos).
Dois pontos da investigação foram considerados cruciais pela PF como digitais de Bolsonaro no caso. O primeiro é o uso da aeronave da Força Aérea Brasileira para levar as joias e presentes aos Estados Unidos. O segundo, as mensagens indicando o retorno do dinheiro oriundo de vendas, em espécie, para o bolso do ex-presidente.
CARTÃO DE VACINA
Em março, o ex-presidente já tinha sido indiciado no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19. Além dele, também foram alvos do relatório da PF o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas.
A investigação apontou a suspeita dos crimes de inserção de dados falsos em sistema de informações (pena de reclusão de 2 a 12 anos e multa) e associação criminosa (1 a 3 anos), e indicou elo com a trama golpista. Isso porque, segundo a PF, a fraude pode ter sido realizada no escopo da tentativa de aplicar um golpe de Estado no país e impedir a posse de Lula (PT).
Em seu depoimento, o ex-presidente admitiu que não foi vacinado, mas negou ter dado ordem para a falsificação. Cid disse em depoimento que a fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e da filha dele, Laura, foi feita a pedido do próprio mandatário na época e que os certificados foram impressos e entregues "em mãos" ao então presidente.
PANDEMIA
Outra frente de investigação na seara criminal que ainda pode vir a respingar em Bolsonaro se refere à sua gestão em meio à pandemia de Covid-19.
No ano passado, o ministro Gilmar Mendes, do STF, determinou a reabertura de investigação sobre suspeitas de irregularidades e omissões cometidas pelo ex-presidente e por integrantes da sua gestão em meio à pandemia.
Depois de a gestão de Augusto Aras na PGR não ter levado adiante solicitações de indiciamento feitas pela CPI da Covid, houve movimentação de senadores para que o Fatual PGR, Paulo Gonet, reavaliasse os pedidos de arquivamento feitos sob seu antecessor.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar