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LEVANTAMENTO

A cada 10 novas lojas, 6 fecham as portas no Brasil

Descubra por que 6 em cada 10 novas lojas fecham no Brasil e quais os principais fatores que influenciam essa realidade no varejo.

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Imagem ilustrativa da notícia A cada 10 novas lojas, 6 fecham as portas no Brasil camera Lojas fechadas | Foto: reprodução

O comércio varejista no Brasil tem sido marcado por um movimento intenso de abertura e fechamento de pontos de venda (PDVs). Entre janeiro de 2014 e agosto de 2024, o país registrou a inauguração de 11,6 milhões de lojas, o equivalente a 91 mil novos estabelecimentos abertos ao mês. Por outro lado, no mesmo período, foram fechadas 7 milhões de lojas, o que significa que 55 mil pontos de venda cerraram as portas a cada 30 dias nos últimos 10 anos, em média.

Ou seja, a cada 10 lojas abertas, seis (60,8%) fecham as portas no Brasil.

O levantamento foi feito pela empresa de inteligência geográfica Cortex, que fornece soluções com base em informações geográficas, socioeconômicas e demográficas aliadas a ferramentas de inteligência artificial. Entre seus grandes clientes estão grupos como McDonald's, Boticário e Cacau Show, que buscam consultoria para identificar os locais com maiores chances de atingirem boas vendas.

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A pesquisa utilizou dados da própria Cortex, da Receita Federal e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foram analisados CNAEs (Classificação Nacional das Atividades Econômicas) de 22 ramos do varejo, desde atacarejos e supermercados até farmácias e perfumarias, passando por docerias e lojas de variedades.

De acordo com o levantamento, ao longo dos últimos 10 anos, o maior número de empresas abertas foram MEIs (microempreendedores individuais), que responderam por 69% das inaugurações. Já entre as empresas que fecharam as portas, destaque para as microempresas, que responderam por 88% do encerramento de atividades no período.

O principal motivo para o fechamento é a falta de planejamento para os negócios e a falta de acesso ao crédito, segundo Isabela Albuquerque, gerente de produtos de dados da Cortex. "Existe uma grande facilidade para abertura de empresas, especialmente quando se trata de MEIs e microempresas, mas os empreendedores nem sempre estão preparados para assumir riscos, não contam com reservas de emergência ou sabem operar capital de giro, por exemplo", diz ela.

Também parte das empresas não conseguiram entrar na 'revolução digital' impulsionada pela pandemia, e não organizaram ações como delivery e vendas pelas redes sociais para continuarem competitivas, afirma.

De acordo com o levantamento, o período de maior alta de abertura de empresas foi em 2021, na esteira da pandemia de coronavírus, com 1,48 milhão de empresas inauguradas no ano. "Foi um momento em que muitas pessoas ficaram sem emprego e decidiram empreender", diz Isabela.

Por outro lado, em meio à crise econômica de 2018, foi registrado o pico de empresas fechadas: 1,14 milhão, o que superou o total de empresas abertas no ano (992 mil). Ao longo dos últimos 10 anos, apenas em 2015, outro momento crítico para a economia, o total de empresas fechadas superou o número das inauguradas: 920 mil versus 862 mil.

No acumulado dos oito primeiros meses de 2024, os índices de empresas abertas e fechadas se aproximaram: 792 mil e 576 mil, respectivamente.

MOVIMENTO NÃO ATINGE GRANDES VAREJISTAS, DIZ CONSULTOR

O consultor em varejo Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, concorda que a mortalidade das microempresas é enorme. "Existem questões como ausência de estudo adequado, improviso e falta de acesso a capital a um custo compatível com os retornos que o negócio dá", afirma.

"O dinheiro no Brasil é escasso, é caro e é praticamente inacessível aos pequenos negócios. Muitas vezes falta a noção do quanto é preciso ter de colchão de liquidez e de estrutura de capital, por menor que seja o negócio, a fim de suportar a curva de maturação da operação, com as instabilidades do mercado."

Segundo o especialista, quando se trata de pequeno varejo, as franquias têm um índice de mortalidade inferior ao dos lojistas independentes, justamente porque o modelo de negócios já vem pronto.

Serrentino destaca que o ano de 2015, em especial, foi crítico para o varejo. "Anos depois veio a pandemia, um período em que muitas empresas não resistiram, e outras tiveram uma saída conturbada da quarentena, enfrentando a alta expressiva dos juros", afirma. "Houve um período de estrangulamento do crédito, desafiador para todos os varejistas."

Ainda assim, o abre e fecha de lojas não é algo que impacta as grandes varejistas. Segundo ranking anual das 300 maiores empresas do varejo brasileiro elaborado pela Varese Retail, o saldo líquido vem sendo positivo. "Nessa faixa das empresas que faturam mais de R$ 300 milhões ao ano, se abre mais loja do que se fecha", diz ele, ressaltando que essas companhias representam 50% do varejo nacional em faturamento.

A exceção, porém, fica com a Americanas, em recuperação judicial desde janeiro de 2023. Desde então, até 20 de outubro deste ano, a empresa fechou 203 lojas, para ficar com 1.677 pontos de venda, período em que demitiu 10.208 pessoas, para somar 32.915 funcionários, segundo o mais recente relatório do administrador judicial da varejista.

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