Caso Icaraíma: laudos apontam tortura e baleamentos

O silêncio da mata no interior do Paraná escondeu por semanas um mistério que chocou familiares e vizinhos. Três amigos que saíram de São Paulo para cobrar uma dívida de R$ 255 mil, além do produtor rural que os contratou, foram encontrados mortos em uma área rural de Icaraíma na madrugada do dia 19 de setembro, enterrados a poucos metros do carro que utilizaram na viagem.

As causas da morte, segundo os atestados de óbito obtidos pelo UOL, foram traumatismo cranioencefálico, politraumatismo e ferimentos por arma de fogo. As vítimas foram identificadas como Robishley Hirnani De Oliveira, 53 anos; Rafael Juliano Marascalchi, 43 anos; e Diego Henrique Afonso, 39 anos. O quarto homem envolvido, Alencar Gonçalves de Souza, 36 anos, não teve seu laudo divulgado. Os documentos indicam apenas o ano de 2025 para a morte, sem detalhar mês ou dia, devido à degradação dos corpos.

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CRIME BRUTAL

A advogada das famílias, Josiane Monteiro Bichet, destacou a brutalidade do crime e a possibilidade de tortura: "Nós sabemos que alguns deles tinham inclusive afundamento de crânio. Foi quando tivemos a informação de que eles, provavelmente, não teriam sido mortos dentro da Fiat Toro e que sofreram vários traumas, não morreram apenas pelos disparos de arma de fogo."

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Ela ainda comentou a dor das famílias: "Nós já sabíamos que esses suspeitos eram de alta periculosidade, mas não imaginávamos que eles poderiam chegar a tamanha crueldade, de submeter essas vítimas a intenso sofrimento antes de suas mortes. Isso trouxe uma tristeza muito grande para toda a família. O que a gente espera nesse momento é que essas pessoas sejam presas e respondam por todos os crimes praticados."

MARCAS DE TIROS E SANGUE

Segundo a polícia, os amigos haviam se deslocado até Icaraíma para cobrar uma dívida de Alencar, relacionada à compra de um imóvel, que não foi quitada pelo comprador. As investigações indicam que eles podem ter sido vítimas de uma emboscada na propriedade rural onde se dirigiram para a cobrança.

O delegado Gabriel Menezes explicou que o primeiro contato entre o grupo e o devedor ocorreu antes do dia 5 de agosto, quando ficou acordado um retorno. No dia marcado, Alencar acompanhou os amigos até a propriedade, e desde então buscas foram realizadas na região. O veículo das vítimas, um Fiat Toro, foi encontrado com marcas de tiros e vestígios de sangue, enterrado em um bunker próximo à Mata do Tenente. A localização dos corpos só foi possível após um dia inteiro de escavações, com auxílio de retroescavadeiras da prefeitura.

SUSPEITOS FORAGIDOS

Os principais suspeitos são Antônio Buscariollo, 66 anos, e seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo, 22 anos. Pai e filho chegaram a prestar depoimento, negaram envolvimento no crime e, um dia depois, desapareceram de Icaraíma, tornando-se foragidos com mandados de prisão em aberto. Antônio, conhecido como Tonhão Buscariollo, é produtor rural e já foi candidato a vereador duas vezes. Possui antecedentes por posse ilegal de arma de fogo. Paulo, por sua vez, não possui histórico criminal.

Em nota, o advogado Renan Farah afirmou: "A localização dos corpos, em propriedade de pessoa que não tem qualquer relacionamento com a família Buscariollo, reforça a nossa defesa de negativa de autoria, ou seja, que não tiveram qualquer participação com esses homicídios. A defesa aguarda e confia no competente trabalho da Polícia Civil para que identifiquem e localizem os verdadeiros responsáveis por estes crimes, que são os mesmos que ameaçam de morte tanto a família Buscariollo."