Tiroteio em escola no Ceará deixa 2 alunos mortos e 3 feridos

O dia começou como qualquer outro para os estudantes da escola estadual Luiz Felipe, mas a rotina se transformou em terror em questão de segundos. Entre risos e conversas no pátio durante o intervalo, o barulho de tiros interrompeu a tranquilidade e deixou marcas profundas na comunidade escolar.

Na manhã desta quinta-feira (25), pelo menos dois adolescentes, de 16 e 17 anos, morreram e três ficaram feridos em um ataque ocorrido na instituição de ensino, localizada no bairro Campo dos Velhos, em Sobral, Ceará. Segundo relatos, dois homens em uma motocicleta teriam passado pelo local atirando contra os alunos que estavam no pátio.

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TRÁFICO DE DROGAS

A Polícia Militar informou que os autores já foram identificados e que o crime teria relação com a venda de drogas na região. "Uma quantidade de droga, balança de precisão e embalagens foram apreendidas com uma das vítimas", revelou a Secretaria de Segurança Pública. O tiroteio se soma a outros ataques recentes no bairro, registrados no fim de semana e na última quarta-feira (24), ligados a disputas entre facções criminosas locais.

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Em nota, o governador Elmano de Freitas (PT) lamentou o episódio e classificou como "um fato intolerável e gravíssimo". Ele acrescentou que determinou a ida da cúpula da SSP ao município para tomar as medidas necessárias e reforçou: "Externo minha solidariedade aos familiares e amigos das vítimas desse ato tão cruel".

DISPUTA ENTRE FACÇÕES CRIMINOSAS

A Polícia Militar destacou que o ataque foi motivado por uma disputa territorial entre facções e não se trata de um atentado extremista, como os registrados em Suzano, em 2019, ou em uma creche de Santa Catarina, em 2023. Sobral figura entre as cidades mais violentas do Brasil, com uma taxa de homicídios de 59,9 por 100 mil habitantes, a 12ª maior do país, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A Secretaria Estadual de Educação do Ceará informou que as aulas na escola Luiz Felipe estão suspensas nesta sexta-feira (26). A pasta também afirmou que mantém ações de segurança constantes, tanto físicas quanto psicológicas, e garantiu que "a comunidade escolar também contará com suporte dos profissionais de psicologia da coordenadoria regional no retorno às aulas, a partir de análise da escola".

AUMENTO DE ATAQUES A ESCOLAS

O episódio reforça um fenômeno observado nos últimos anos: ataques violentos em escolas brasileiras estão se tornando mais frequentes. De acordo com o levantamento "Ataques de violência extrema em escolas do Brasil", conduzido pelas pesquisadoras Telma Vinhas e Cléo Garcia, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Unesp e da Unicamp, desde 2001 foram registrados 42 casos de violência extrema em instituições de ensino.

"O mapeamento aponta que 64,28% desses episódios ocorreram depois de março de 2022", destacam as pesquisadoras. O estudo mostra ainda que, em 2022, o país registrou dez ataques nas escolas, enquanto em 2023 foram 12 casos. No ano passado, houve uma redução, com cinco incidentes registrados.