
O consumo de bebidas alcoólicas é uma prática social comum em diversos contextos no Brasil, presente em encontros familiares, festas e celebrações. No entanto, quando esse hábito esbarra na negligência sanitária ou na ação criminosa, os riscos à saúde pública se tornam gravíssimos. Casos recentes de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas reacenderam o debate sobre a necessidade de reforçar os mecanismos de fiscalização e conscientização tanto do setor comercial quanto dos consumidores.
Diante da gravidade da situação, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou nesta terça-feira (30/9) que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar a origem e a rede de distribuição de bebidas alcoólicas contaminadas com metanol — uma substância altamente tóxica e inflamável.
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A decisão foi anunciada em coletiva de imprensa que detalhou o plano de ação do governo federal para conter os impactos das intoxicações. Também participaram da coletiva o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Até o momento, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo confirmou três mortes no estado ligadas à ingestão de bebidas adulteradas com metanol. As vítimas são:
- Homem de 45 anos, morador de São Bernardo do Campo;
- Homem de 48 anos, residente em Itu, que morreu em São Bernardo do Campo;
- Homem de 54 anos, morador da capital paulista.
Além das mortes, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) identificou 13 casos suspeitos de intoxicação, sendo que cinco ainda estão em investigação, três permanecem internados e cinco pacientes já receberam alta. O Centro de Vigilância Sanitária Estadual (CVS) confirmou seis casos e apura, no total, 10 ocorrências em São Paulo.
Diferentemente de outros episódios de contaminação por metanol — que, em alguns casos, envolviam o uso deliberado de combustíveis por pessoas em situação de vulnerabilidade —, dessa vez a ingestão ocorreu em contextos sociais de consumo de bebidas alcoólicas, conforme informou a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad).
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Duas delegacias da Polícia Civil investigam os casos: o 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo apura a morte ocorrida no município, enquanto o 48º Distrito Policial, na zona sul da capital, instaurou inquérito para apurar um caso suspeito em que, segundo a SSP, não houve óbito.
Como resposta imediata, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, publicou uma nota técnica com recomendações emergenciais para estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no estado de São Paulo. A orientação se estende a bares, restaurantes, casas noturnas, mercados, distribuidores, hotéis, além de plataformas de e-commerce e aplicativos de entrega.
As principais recomendações incluem:
- Comprar apenas de fornecedores com CNPJ ativo e regularidade no setor;
- Exigir nota fiscal e verificar a chave de segurança nos canais oficiais da Receita Federal;
- Rejeitar garrafas com lacres violados, rótulos desalinhados ou de má qualidade, sem identificação de fabricante/importador ou lote;
- Adotar medidas de rastreabilidade e conferência dupla das bebidas.
Além disso, consumidores devem estar atentos a sinais como preços muito abaixo da média, odor estranho na bebida, e sintomas como visão turva, dor de cabeça, náusea, tontura ou rebaixamento de consciência — todos potenciais indícios de intoxicação por metanol.
O governo federal promete intensificar ações de fiscalização e conscientização para evitar novas tragédias, enquanto investigações tentam identificar os responsáveis pela adulteração e distribuição dessas bebidas.
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