
Cidade no Pará dá mais um passo importante na luta contra a poluição dos rios com a instalação da primeira Ecobarreira do Estado. Uma solução ecológica e de baixo custo resultado de uma grande parceria entre Benevides, Natura e ativistas ambientais.
Instalada em um dos braços do Rio Benfica, na área central do município, próximo à Avenida Joaquim Pereira de Queiroz, o protótipo da primeira Ecobarreira foi posicionada em um ponto estratégico de Benevides para conter o descarte ilegal e irregular de lixo e entulho, um desafio recorrente enfrentado por centros urbanos em todo o país.
“Benevides é a primeira cidade do Pará a receber uma ecobarreira produzida a partir de um projeto belíssimo que descobrimos e decidimos replicar. A proposta é simples, acessível e sustentável. Com apoio da Natura e do ativista Diego Saldanha, essa barreira vai nos ajudar a proteger os nossos rios”, afirmou a prefeita Luziane Solon, destacando o cuidado e a transformação ambiental que o projeto representa.
A estrutura simples e inteligente, feita com galões recicláveis, redes de proteção e cordas, flutua conforme o nível da água e direciona o lixo para a margem, facilitando a coleta sem a necessidade de entrar no rio. Caso ocorra uma enchente, uma das pontas se solta automaticamente para evitar rompimentos, garantindo a eficiência e segurança da barreira.
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Rios Vivos da Natura
A instalação faz parte do Programa Elos – Rios Vivos, da Natura, que atua na Amazônia promovendo a retirada de resíduos plásticos dos rios, a criação de cadeias sustentáveis de reciclagem e o desenvolvimento de produtos com embalagens feitas com o plástico retirado das águas — como é o caso da linha Natura Ekos Ryo.
“A iniciativa está alinhada com uma visão de futuro que busca enfrentar os desafios da crise climática e promover a proteção da Amazônia com ações reais e permanentes”, destacou o secretário municipal de Gestão do Meio Ambiente e Turismo, Welton Neves.
“Além da barreira, Benevides já conta com o programa Benevides Recicla, que arrecadou mais de 70 toneladas de resíduos recicláveis nos últimos meses. É um compromisso constante da gestão em cuidar do meio ambiente com políticas públicas e o envolvimento da população”, reforçou Rogério Sousa, chefe de gabinete da SEMMAT, evidenciando o orgulho pelas iniciativas locais.
O material recolhido pela Ecobarreira será retirado três vezes por semana e destinado a cooperativas locais parceiras do programa Benevides Recicla.
Como surgiu o projeto das Ecobarreiras?
A ecobarreira foi criada em 2016 por Diego Saldanha, morador de Colombo (PR), como forma de retribuir ao rio Atuba, onde cresceu. “Eu gastei menos de R$ 1.000 para começar. Com materiais recicláveis e criatividade, consegui desenvolver algo eficiente, simples e que tem sido replicado em várias cidades”, explicou o ativista.
A visibilidade da ação nas redes sociais atraiu apoiadores e parcerias com empresas como a Natura. Agora, com Benevides na vanguarda da Amazônia, o projeto ganha ainda mais força.
O lixo recolhido em outros rios pelo projeto de Saldanha inclui de garrafas plásticas a eletrodomésticos, evidenciando a dimensão da poluição urbana.
“Tudo que desce flutuando pelo rio fica barrado: televisão, máquina de lavar, garrafa plástica. Tem coisas que jamais poderiam estar dentro de um rio. Isso é só uma amostra do que nossos rios urbanos carregam. A gente precisa falar sobre isso e agir”, alertou Diego, que também realiza palestras de educação ambiental em escolas e comunidades, incentivando ações individuais que geram transformação coletiva.
O ativista expressa um desejo para o futuro: “Meu sonho é que um dia você volte aqui e eu possa dizer: 'Não precisa mais de ecobarreira, porque não desce mais lixo'. Parece distante, mas eu acredito. E enquanto isso, seguimos trabalhando”, concluiu Diego, inspirando a comunidade a ter pertencimento e sonhar junto por rios mais limpos.
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Por que isso importa?
De acordo com a Fundação S.O.S. Mata Atlântica, apenas 7% dos rios monitorados em cidades brasileiras têm água com qualidade boa ou ótima. A experiência pioneira de Benevides mostra que soluções criativas, acessíveis e colaborativas podem ajudar a mudar esse cenário. E o mais importante: a população está no centro dessa transformação.
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