Novos confrontos entre a polícia israelense e manifestantes palestinos em Jerusalém Oriental, neste sábado (08/05) à noite resultaram em pelo menos 90 novos feridos, informou a organização humanitária Crescente Vermelho Palestino.
A maioria, incluindo menores, foi atingida por balas de borracha ou granadas atordoantes. As forças de segurança também dispararam um canhão d'água para dispersar os manifestantes, que responderam com projéteis.
TV árabe incendeia crise entre palestinos
Trata-se dos mais violentos choques ocorridos nos últimos anos no setor árabe da cidade, suscitando receios de uma nova escalada de violência na região.
Já somando mais de 300 feridos, os confrontos ocorrem num momento em que cresce a tensão no setor oriental de Jerusalém e na Cisjordânia, territórios palestinos ocupados em 1967 por Israel, e desde então objeto de conflito constante no Oriente Médio.
Despejos explosivos
O estopim do conflito é a ameaça de despejo de quatro famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, em favor de colonos judeus. A decisão final cabe ao Supremo Tribunal de Israel, que poderá tomá-la nesta segunda-feira.
A Organização das Nações Unidas urgiu Israel a suspender os despejos, que poderiam equivaler a "crimes de guerra": "Gostaríamos de enfatizar que Jerusalém Oriental permanece parte do território palestino ocupado, em que se aplica o direito humanitário internacional", alertou o porta-voz Rupert Colville nesta sexta-feira, em Genebra, falando à agência de notícias AFP.
Através de um porta-voz de seu chefe de diplomacia, Josep Borrell, a União Europeia classificou como "muito preocupantes" as expulsões de famílias palestinas de Sheikh Jarrah e de outros assentamentos de Jerusalém Oriental. Elas constituiriam "ações ilegais à luz do direito humanitário internacional, só servindo para agravar as tensões na região". O papa Francisco igualmente apelou pelo fim da violência em Jerusalém.
Também neste domingo, foi disparado um míssil da Faixa de Gaza em direção a Israel. Antes, as Forças Armadas israelenses anunciaram ter atingido posições do movimento de resistência islâmica Hamas, que controla o enclave palestino com 2 milhões de habitantes.
Erdogan e Liga Árabe condenam Israel
Na sexta-feira à noite, a última do mês de jejum islâmico Ramadã, pelo menos 208 manifestantes e seis policiais ficaram feridos em confrontos na Esplanada das Mesquitas. Os agentes haviam interferido para dispersar dezenas de milhares de fiéis lá reunidos. Denominado Monte do Templo pelos judeus, o terceiro local mais sagrado do islã abriga a importante mesquita Al Aqsa.
Os quatro membros do Quarteto do Oriente Médio (ONU, UE, Estados Unidos e Rússia) manifestaram "profunda preocupação" diante dos violentos confrontos em Jerusalém e pediram contenção às autoridades israelenses.
O secretário-geral da Liga dos Estados Árabes, Ahmed Abulgueit, condenou as ações das forças de segurança israelenses como um "ataque que provoca sentimentos nos muçulmanos em todo o mundo" e "pode causar uma explosão da situação nos territórios ocupados".
"O fato de as forças de ocupação escolherem esta época, no mês sagrado muçulmano, reflete uma intenção deliberada de provocar os palestinos" e de causar uma escalada, afirmou Abulgueit, para quem o governo israelense seria "inteiramente cativo dos colonos e sua agenda extremista".
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também se pronunciou no Twitter em relação aos choques em Jerusalém Oriental: "Conclamo a todos, especialmente os países islâmicos, a tomarem medidas eficazes contra os ataques que Israel dirige à mesquita de Al Aqsa, Jerusalém e às casas dos palestinos."
Estes seriam também um ataque "contra nós", e "proteger a honra e a dignidade da cidade sagrada de Jerusalém é o dever de todo o muçulmano". Mais do que isso, "opor-se aos tiranos que profanam Jerusalém, cidade que abriga santuários de três religiões, com ataques sem respeito, consciência, nem moralidade, é obrigação de todo o ser que se diz humano", escreveu Erdogan.
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