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PENA DE MORTE

Irã enforca homem que manifestava contra o regime ditador

Mohsen Shekari foi condenado a pena de morte por ferir um policial e bloquear rua durante protesto em Teerã

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Imagem ilustrativa da notícia Irã enforca homem que manifestava contra o regime ditador camera Mohsen Shekari é considerado o primeiro manifestante a ser executado por participar dos protestos contra o regime | Foto: Abedin Taherkenareh/EPA/picture-alliance/dpa

O Irã executou nesta quinta-feira (8) a primeira sentença de morte contra um participante da onda de protestos que se espalhou pelo país há quase três meses.

De acordo com a agência de notícias semioficial Tasnim, um homem identificado como Mohsen Shekari foi morto por enforcamento. Ele havia sido condenado por ferir um agente de segurança com uma faca e por bloquear com sua motocicleta uma rua em Teerã durante uma das manifestações.

A mídia estatal iraniana publicou um vídeo da suposta confissão de Shekari. Nas imagens, ele aparece com um hematoma no rosto e admite ter agredido um membro da Basij, milícia ligada à Guarda Revolucionária do Irã. Grupos de direitos humanos afirmam que Shekari foi torturado e forçado a confessar os supostos crimes.

As condenações à morte compõem uma das faces da repressão do regime iraniano à série de manifestações. No início da semana, a Guarda Revolucionária encorajou o Judiciário a emitir decisões rápidas contra os acusados de "crimes contra a segurança da nação e do islã".

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Levantamento da Anistia Internacional contabiliza ao menos 21 pessoas que receberam sentenças de morte na esteira dos protestos. Para a entidade, são "julgamentos falsos destinados a intimidar os participantes do levante popular que abalou o Irã".

"As autoridades iranianas devem anular imediatamente todas as sentenças de morte, abster-se de buscar a imposição da pena de morte e retirar todas as acusações contra os presos em conexão com sua participação pacífica em protestos", afirmou a ONG em comunicado.

Países ocidentais também já se manifestaram, condenando a execução. A diplomacia da Alemanha divulgou nota em que afirma que "o desprezo do regime [iraniano] pela humanidade não tem limites". A Áustria chamou a execução de desumana, a França expressou a "mais firme condenação" do ato, e o Reino Unido se disse ultrajado.

A maior onda de protestos do Irã desde a Revolução Islâmica de 1979 teve como gatilho a morte de Mahsa Amini, 22, ocorrida em setembro sob custódia da polícia moral, responsável por aplicar os rigorosos códigos de conduta religiosos do regime. Amini foi detida devido ao suposto uso incorreto do hijab, o véu islâmico. A versão oficial é a de que ela morreu em decorrência de problemas de saúde prévios, mas familiares e ativistas dizem que ela foi agredida e morta por agentes enquanto estava presa.

Mesmo antes dos protestos ligados ao caso Mahsa Amini, o número de execuções já estava aumentando no Irã. O Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, Volker Türk, disse que a país ultrapassou a cifra de 400 mortes em 2022, marca alcançada pela primeira vez em cinco anos.

Um dos casos mais notórios foi a condenação de duas ativistas iranianas lésbicas por "promover a homossexualidade", considerada a primeira vez que mulheres foram sentenciadas à morte no Irã devido à orientação sexual. Elas foram condenadas por "espalhar a corrupção na Terra" —a sentença é comumente dada a réus considerados infratores da sharia, a lei islâmica, e é a acusação mais grave do Código Penal iraniano.

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