O mundo segue se recuperando do impacto que a pandemia de Covid-19 trouxe à vida de todos os habitantes do planeta. Mesmo que a doença siga em circulação com novas variantes, o controle maior sobre a imunização permite que a maior parte da normalidade seja restabelecida, com menos restrições.
No entanto, as autoridades sanitárias mundiais olham com atenção mais um registro de surto do vírus Nipah na Índia. De acordo com as informações mais recentes, os cinco casos e as duas mortes provocadas pela doença aconteceram no Estado de Kerala, no sul do país.
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A situação preocupa pois este é o quarto episódio de infecções decorrente do Nipah na região indiana desde 2018. Desta forma, algumas perguntas começam a ser levantadas, como se há um risco real do vírus se espalhar para outros lugares e eventualmente chegar ao Brasil.
Em matéria publicada pela BBC News Brasil, especialistas indicam que a probabilidade de uma disseminação rápida do Nipah é pequena, pelo menos por hora. Mesmo assim, é importante que as autoridades nacionais e internacionais permaneçam alertas.
O VÍRUS NIPAH
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus Nipah foi identificado pela primeira vez em 1999, durante um surto que acometeu uma fazenda de suínos na Malásia. Desde então, o país não teve mais nenhum episódio da doença.
O nome Nipah foi escolhido em alusão ao nome da vila malaia onde o vírus foi identificado há 24 anos. Ele pertence à família dos paramixovírus, a mesma da qual fazem parte os patógenos que causam caxumba e sarampo.
COMO OCORRE A TRANSMISSÃO?
A transmissão do Nipah para seres humanos acontece por meio do contato direto com os morcegos do gênero Pteropus, bem como com os fluidos corporais deles (saliva, urina) ou por contato com as fezes. Estes mamíferos possuem grande porte e também são conhecidos popularmente como "raposas voadoras". Outra forma de transmissão se dá pelo consumo de alimentos contaminados pelo animal.
Há casos registrados da doença que ocorreram depois que os pacientes comeram frutos crus ou tomaram a seiva de palma que apresentava material orgânico dos morcegos.
Outras vítimas frequentes do Nipah são os suínos. E o vírus pode ser passado de porcos infectados para seres humanos. Há casos registrados de infecção por este patógeno em outros animais domésticos, como cães, gatos, cabras, cavalos e ovelhas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal. A transmissão de pessoa para pessoa também é possível.
QUAIS OS SINTOMAS DA INFECÇÃO PELO VÍRUS NIPAH?
Indivíduos infectados pelo Nipah podem apresentar sintomas graves como problemas respiratórios e encefalite, que é inflamação do cérebro. Devido a estes sintomas, a letalidade do vírus chega a 70%.
Entre os sintomas, a OMS destaca que pacientes costumam apresentar inicialmente febre, dor de cabeça, dor muscular, vômitos e dor de garganta, que podem ser seguidos por tontura, sonolência, alteração de consciência e outros sinais neurológicos de uma encefalite.
Alguns indivíduos ainda sofrem quadros de pneumonia e outros problemas respiratórios severos. Nos casos mais graves, a progressão para o coma leva entre 24 e 48 horas.
Para se ter ideia da gravidade, o coronavírus SARS-CoV-2, que provocou a pandemia de Covid-19, tinha uma letalidade que beirava os 3%. Já na gripe, causada pelo vírus influenza, essa taxa fica em 0,2 a 0,5%.
NIPAH TEM CURA?
Por enquanto, não existe imunizante ou remédio capaz de prevenir ou tratar a infecção pelo Nipah, o que piora a situação de quem acaba infectado pela doença.
De acordo com a OMS, o tempo de incubação (período entre a invasão viral e o início dos sintomas) varia de 4 a 14 dias. Mas há casos registrados em que essa "espera" para o aparecimento dos incômodos levou até 45 dias.
HISTÓRICO DA DOENÇA
Para conter o primeiro surto de Nipah, que ocorreu na Malásia em 1999, autoridades determinaram o sacrifício de mais de um milhão de porcos que viviam nas regiões afetadas.
Dois anos depois, em 2001, o Nipah foi detectado em Bangladesh. Desde então, o país tem surtos com o patógeno praticamente todos os anos.
A Índia é outro local que sofre com casos esporádicos. Desde 2018, o Estado de Kerala é acometido por episódios da doença.
A OMS admite que outros países do Sudeste Asiático e da África apresentam risco de infecções pelo Nipah, uma vez que esse vírus foi observado em morcegos que habitam esses locais. É o caso de Camboja, Gana, Indonésia, Madagascar, Filipinas e Tailândia.
Entidades apontam que o "salto" do Nipah de morcegos para outras espécies pode estar relacionado com a destruição de recursos naturais pelo ser humano.
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