Um cenário de cores e brilho marcou o segundo dia de desfile das escolas de samba de Belém. No sábado (15), foi a vez das agremiações que fazem parte do Grupo Especial invadirem a Aldeia Amazônica, no bairro da Pedreira. A programação começou no início da noite e entrou pela madrugada de domingo (16), com grande presença de público nas arquibancadas.
Ao todo, foram mais de 9 horas de apresentações, e como manda a regra, cada escola teve uma hora para desfilar com seus componentes na avenida. Com o enredo “Belém Berço da Democracia – Onde o Sol Nasce Para Todos”, a escola Mocidade Unida do Benguí abriu os desfiles. Os brincantes, divididos em 11 alas, apresentaram a história da Democracia, homenageando também a Câmara Municipal de Belém e vários vereadores da capital paraense.
A segunda escola a desfilar foi a Embaixada de Samba do Império Pedreirense. Na busca pelo seu quinto título, a agremiação homenageou o fruto mais amado da região. Com o enredo “Açaí, o sabor do Pará, da Amazônia, para o Mundo”, a escola contou a trajetória desde sua origem, com a lenda da índia Iaçã, até a importação pela indústria, sem deixar de exaltar o cultivo local e o jeito típico de vender nos bairros periféricos da cidade.
Com a participação do saudoso músico paraense Alcyr Guimarães na composição da letra do samba deste ano, o Grêmio Recreativo Cultural e Carnavalesco Deixa Falar, da Cidade Velha, levou para a avenida o enredo “Gugu, Dadá! Mi, Mi, Mi! Bumbum! Sátira simpática de um carnaval pequeno!”. A apresentação da escola teve como objetivo criticar, mas de forma divertida, o próprio jeito de fazer carnaval em Belém, e como as escolas entram no “vale tudo” para conseguir o primeiro lugar.
Cultura
Quem também fez bonito foram os Piratas da Batucada, a quarta escola a se apresentar no desfile do grupo especial. Levando o enredo “Miguel Santa Brígida: O Arcanjo Dionisíaco do Drama, Fé e Carnaval”, a apresentação foi uma homenagem ao professor e criador do espetáculo “Auto do Círio”. Os integrantes cantaram o samba de resistência e as paixões de Miguel que encanta o mês de outubro, durante programação cultural do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. O Auto do Círio é um programa de extensão universitária onde artistas locais fazem suas homenagens à padroeira dos paraenses.
Ao soar os primeiros toques dos tambores, o público vibrou com a escola Rancho Não Posso Me Amofiná, atual campeã do carnaval da cidade. Trazendo o maior número de componentes da noite, a agremiação ressaltou as belezas e os encantos do município de Abaetetuba. O enredo “Às Margens do Maratauíra Encontrei a Terra dos Homens Fortes e Valentes”, fez referência ao rio que banha o município, tido como uma das principais fontes de sustento da região. Um enorme barco representando os encantadores brinquedos feitos de miriti, navegou pela avenida trazendo a bordo o dia a dia dos ribeirinhos.
A professora Regina da Conceição, 43, que levou seu neto, o pequeno Kauã de seis anos para assistir pela primeira vez o desfile, não escondeu a paixão pela escola. “Todos os anos é uma emoção diferente com a apresentação do Rancho. Esse ano se tornou mais especial ainda, porque eu estou aqui compartilhando esse momento com mais um dos meus amores”, disse.
Colégio e mulheres também homenageados
A sexta escola a passar pela avenida foi o Império de Samba Quem São Eles. “A Beleza de Ser um Aprendiz”, foi o enredo escolhido para homenagear o Colégio Estadual Paes de Carvalho, que durante longos anos foi a instituição de ensino que formou líderes, além de contribuir com as grandes transformações políticas, econômicas e sociais da capital. O enredo buscou ressaltar também a interação entre alunos e educadores na construção de um futuro promissor. Assim como a águia que voa alto, animal que simboliza o Quem São Eles, a escola mostrou na avenida a educação capaz de apontar a liberdade para resistir, sonhar e transformar realidades.
A Associação Carnavalesca Bole-Bole passou pela avenida mostrando a força do rio Guamá, fonte de inspiração para vários artistas paraenses. O tema do enredo da sétima escola a desfilar foi: “Guamá: O rio que chove poesia”. O samba exaltou a relação entre as águas com os músicos, compositores e cantores que são abençoados em suas produções guiadas pelo rio. A agremiação também deu seu recado cantando sobre como o imponente rio abre caminhos contando histórias atreladas ao seu misticismo.
Findando a madrugada, mas ainda com as arquibancadas lotadas, a Associação Carnavalesca Xodó da Nega colocou 1.400 integrantes na avenida para dizer que o “lugar de mulher é onde ela quiser”. A intenção da agremiação foi mostrar a força do sexo feminino dentro da sociedade. Com o enredo “A luta das mulheres muda o mundo pelo direito de ser e amar”, a escola fez crítica ao patriarcalismo. A escola buscou mostrar também a força do movimento feminista e suas conquistas no mundo.
O sol da manhã já brilhava forte quando a última escola passou pela avenida. Trazendo muita inclusão e a importância de respeitar a todos os cidadãos, a escola de samba da Matinha apresentou sua imponente diversidade. Com o enredo “Horizonte de Esmeraldas! No voo e no canto da coruja pelos diferentes, na escola das diferenças”, a agremiação mostrou que ser diferente também é ser normal. A escola homenageou também seu grande trabalho durante esses 40 anos de existência.
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