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HOMENAGENS

Feirantes comemoram seu Dia entre orgulho e pedidos por melhorias

Hoje é dia de homenagear os mais de 6 mil trabalhadores que atuam em Belém como feirantes pelo seu dia, celebrado anualmente neste 25 de agosto. Para atuar nas cercas de 32 feiras e 17 mercados (segundo dados da Secretaria Municipal de Economia - Secon) d

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Imagem ilustrativa da notícia Feirantes comemoram seu Dia entre orgulho e pedidos por melhorias camera Belém possui32 feiras e 17 mercados, onde estão centenas de trabalhadores, que ajudam na economia da capital. | Irene Almeida/Diário do Pará

Hoje é dia de homenagear os mais de 6 mil trabalhadores que atuam em Belém como feirantes pelo seu dia, celebrado anualmente neste 25 de agosto. Para atuar nas cercas de 32 feiras e 17 mercados (segundo dados da Secretaria Municipal de Economia - Secon) da capital, quesitos como simpatia, boa educação e cortesia são essenciais na profissão, considerada peça fundamental para movimentar em todo o país.

Aos 71 anos, sendo 49 dedicados ao trabalho na Feira do Ver-o-Peso, Carmelita Passos consegue reunir todos esses requisitos e alguns mais. A barraca onde vende frutas e produtos regionais localizada próximo ao Mercado de Peixe, chama atenção pela organização, variedade de itens e pela atenção que ela dispõe a todos que chegam querendo comprar ou apenas conhecer os produtos.

Nos paneiros coloridos comprados especialmente para organizar as vendas é possível encontrar itens curiosos e muitos até desconhecidos para quem nasceu e cresceu na Amazônia, como o fruto do jatobá, patauá, muru-muro, cara-roxo, caraduá, buruti e babaçu, além das conhecidas pupunha, castanha do Pará, mel e outros. “Eu comecei grávida do meu segundo filho, vendendo duas caixinhas de uva na barraca de um senhor. Depois de um tempo passei a vender bananas e, em seguida, produtos regionais. Fui aprendendo a conquistar os fregueses, explicando muito bem cada produto. Cheguei a ter 12 barracas (hoje ela tem três) e tudo o que tenho na vida conquistei com esse trabalho. Não tenho do que me queixar”, conta.

Aliás, ela diz que tem sim. “Acho que a estrutura da feira poderia melhorar e o espaço poderia ser mais limpo”, diz ela, que mantém uma rotina diária na feira que começa antes da 6h da manhã e se encerrar próximo às 17h. Mesmo com o peso da idade, ela afirma ainda ter disposição para trabalhar por mais uns anos. “Acho que até os 80 ainda vou estar por aqui. Eu sinto muita falta quando não venho para cá”, conta ela, que antes de feirante trabalhou em fábrica de tecido e como empregada doméstica.

No caso da erveira Miraci Alexandre, que também atua no Ver-o-Peso, ser feirante é praticamente uma tradição de família. “Tudo começou com a minha mãe, na Feira da Pedreira. Comecei acompanhando-a, junto com meus irmãos. Depois ela se foi, nós acabamos seguindo, inclusive meus filhos chegaram a me ajudar também”, lembra.

Foi no trabalho na feira, que começa quase sempre às 5h da manhã e segue até às 17h, todos os dias da semana, que ela conseguiu pagar os estudos dos filhos, comprar a casa própria, pagar a previdência social e o seu plano de saúde. Miraci costuma dizer que não trocaria seu trabalho por outro, que não lhe trouxesse satisfação e retorno financeiro semelhante. “Não vou dizer que é fácil. É muito trabalho, e sem as condições estruturais do espaço, mas me considero uma microempreendedora, procuro manter os meus equipamentos limpos e organizados, por isso, seria muito difícil trabalhar em outra coisa. Me sinto muito satisfeita nessa profissão”, afirma.

Proprietária de uma barraca onde vende legumes na Feira da Bandeira Branca, Maria Lúcia Barbosa conta que herdou de uma tia a profissão que exerce há mais de três décadas. “Ela era proprietária da barraca e eu a ajudava. Quando ela morreu e os filhos não quiseram, eu acabei ficando com a barraca”, recorda. A feirante conta que mantém a mesma rotina durante esses mais de 30 anos. “Moro no 40 Horas, em Ananindeua. Todos os dias acordo antes das quatro da manhã, me preparo para vir para cá, de onde só saiu depois do meio-dia. Mas não reclamo porque tudo que conquistei na vida”, garante. O segredo para se manter tantos anos na profissão, ela sabe de cor. “Ter simpatia e tratar o freguês sempre com muita educação”, cita.

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FORMAÇÃO

De todos os entrevistados, Érika Oliveira é a que está a menos tempo na profissão – apenas quatro anos - mas segundo ela tempo suficiente para se encantar. “Eu trabalhava como cabeleireira e o meu tio é que era o dono dessa barraca de farinha aqui na Bandeira Branca, há mais de 22 anos. Mas ele acabou morrendo, durante um assalto quando estava vindo para cá. Os filhos tentaram assumir, mas não conseguiram e acabei vindo para cá e gostando muito. Me identifiquei com o fato de conhecer pessoas novas todos os dias, de atender bem os clientes e pretendo continuar”, conta. Érika foi conquistada não só pela profissão, mas também por quem se tornaria seu marido. “Conheci ele trabalhando aqui na feira, começamos a namorar e resolvemos casar-se e agora trabalhamos juntos aqui”, diz ela, ao lado do marido, Luís Santos.

O feirante Mário Lima é o atual presidente do Instituto Ver-o-Peso, instituição que há quatro anos reúne representante de todos os 20 setores do Complexo do Ver-o-Peso em busca de melhoria para os profissionais. Neto de português, ele conta que a história da família na feira começou há mais de 100 anos quando o avô tinha um barco e trabalhava na área de pesca do Ver-o-Peso. “Por problemas de família, Foi no trabalho como feirante que ele conseguiu criar as duas filhas, uma formada em administração e outra que está prestes a concluir o curso de medicina em uma faculdade particular. E não só isso. “Também me formei em Economia, na Universidade Federal do Pará. O curso era de quatro anos, mas tirei em seis, porque precisava me dividir com o trabalho na feira. Mas valeu a pena porque muito do que aprendi na universidade, nas lutas como estudante, trouxe para cá para o dia a dia da feira”, garante.

Para ele, muita coisa precisa ser feita para melhorar a situação desse trabalhador que segundo ele, foi praticamente abandonado pela atual gestão municipal. “Das 64 feiras (de acordo com dados do Instituto) que temos hoje apenas duas foram reformadas de fato, a de Santa Luzia e o Complexo do Jurunas. Aqui no Ver-o-Peso foi apenas um tapa buracos. Não houve reforma, apesar todos feirantes continuarem a pagar mensalmente R$ 35 por barraca à Prefeitura, sem nunca conseguir ver o retorno disso em programas que pudessem beneficiar de fato a categoria”, avalia.

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