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Turismo ecológico é opção na Grande Belém

Seja atravessando o rio ou dentro da área urbana a capital paraense, e municípios próximos, oferecem uma grande variedade de opções de turismo ecológico. Confira algumas delas!

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Imagem ilustrativa da notícia Turismo ecológico é opção na Grande Belém camera Parque dos Igarapés fica no bairro do Coqueiro. | Wagner Santana

O colorido na decoração da casa chama a atenção diante do verde da mata que a cerca. Os detalhes do acabamento da construção em madeira revelam uma decoração cheia de capricho. O silêncio se rompe esporadicamente com o ruído dos motores das pequenas embarcações que navegam pelo braço de rio que passa em frente ao imóvel de palafita. Próximo do meio-dia, o cheiro vindo da cozinha antecipa que no cardápio vai ter peixe frito. O açaí, produzido e manipulado ali mesmo, já está esfriando na jarra posicionada perto do vasilhame de farinha de tapioca.

O almoço na casa do ribeirinho Celso de Jesus, 42, é farto. Tem ainda camarão, salada do tipo vinagrete e feijão com vegetais colhidos da horta suspensa em dois cascos (uma espécie de canoa que não serve mais para navegação). O cultivo é feito no quintal.

Tudo isso faz parte do cotidiano de Celso, morador da ilha das Onças, que vive da produção de açaí, mas encontrou no turismo ecológico uma fonte de renda alternativa. Há pouco mais de um ano, ele passou a receber turistas interessados em conhecer as vivências ribeirinhas da Amazônia. Atividade que começou por um acaso.

“Um grupo de canoeiros passou por aqui e perguntou se era um restaurante. Pararam, na verdade, atraídos pela decoração da casa. Tinha peixe e eu ofereci. Depois disso, passaram a voltar e a trazer mais amigos, que foram indicando para outros amigos. Isso foi crescendo, esses novos amigos sempre querendo voltar, então passei a recebê-los, desde que agendem a visita”, contou.

A Casa do Celso fica na  Ilha das Onças.
📷 A Casa do Celso fica na Ilha das Onças. |Divulgação

Questionado se ele tinha dimensão do potencial que a casa dele tem para o turismo ecológico na região, responde que hoje sabe. “Mas eu ainda prefiro apenas mostrar a esses amigos (como chama os turistas) como é a vida ribeirinha. Mostrar o que a floresta e o rio nos oferecem e que podemos viver em harmonia com ela. Não quero fazer hotel aqui. Uma edificação desse tipo pode trazer impacto para o meio ambiente e eu vivo da natureza preservada”, disse. “Inclusive, parte da decoração que você vê na minha casa é artesanato que a minha esposa faz a partir de resíduos que são trazidos pela correnteza”, aponta para garrafas que recolheu da margem do rio e reaproveitou como item de decoração. Também tem artesanato feito com cipó e galhos de árvores.

No local não pega sinal de internet, nem de celular. O telefone que funciona na ‘Casa do Celso’, como é chamada, funciona por meio de antena que ele teve de instalar para falar com o filho, que mora em Belém, onde faz faculdade de marketing. O abastecimento de água é feito por um sistema de captação e armazenamento de água da chuva, projeto implantado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), que ajudou também na construção de banheiros ecológicos na casa. A energia elétrica é obtida por meio de placas solares.

“Quem vem aqui, na minha casa, vem para ver como a gente vive e o que fazemos. É essa vivência que a gente apresenta e as pessoas se encantam, ficam fascinadas”. A ilha das Onças, apesar de pertencer ao município de Barcarena, fica em frente a Belém. Faz parte da região das ilhas onde a atividade do turismo ecológico vem crescendo, impulsionada também pelo turismo gastronômico. A travessia dura, em média, 25 minutos.

PARQUE

Os empresários Milton e Roberto Pinheiro são proprietários do Parque dos Igarapés, complexo ecológico de 120 mil m² (o equivalente a 12 hectares) que existe dentro do território urbano e onde se preserva pelo menos 150 espécies de vegetais nativos da Amazônia. “São espécies de grande interesse botânico e que já são frutos da regeneração natural deste pedaço de floresta. O que eu quero dizer é que temos aqui uma floresta secundária, mas que tem mogno, cedro, andiroba, cumaru, paricá, virola”, pontuou Roberto.

O parque oferece trilhas, esportes de aventura feitos a partir do contato com a natureza, e um banho refrescante na piscina natural. Algumas espécies da fauna circulam pelo parque livremente. Entre elas uma arara, macacos, preguiça e iguanas. Dois jabutis resgatados de cativeiros também moram no parque.

Questionado sobre qual é a principal experiência que o parque permite dentro da perspectiva do ecoturismo, Roberto é enfático na resposta. “Propor um contato com a natureza de tal forma que a pessoa compreenda a importância da preservação das florestas, dos rios. Viver em sintonia com a natureza até na hora do lazer”. Milton tem trabalhado para tornar conhecido o “hotel de floresta” que foi construído dentro do Parque dos Igarapés. Uma estrutura que permite que os hóspedes tenham um contato mais duradouro e intenso com a natureza. “É um projeto piloto que aos poucos vai dando resultados”, disse.

Ilhas

A turismóloga e pesquisadora da Universidade Federal do Pará, Ágila Chaves, destaca que o desenvolvimento das ilhas que cercam a capital paraense se deu de forma distinta, tanto no contexto social quanto na atividade econômica do turismo propriamente dito. “O turismo ecológico envolve, é claro, o passeio de barco, trilhas, banho de rio, contemplação da natureza e uma experiência gastronômica própria. Tudo sempre agregando componentes hídricos e florestal”.

Para ela, a atividade do turismo ecológico se torna completa quando o visitante consegue compreender e aprender com as vivências ribeirinhas ou de povos tradicionais e isso ainda não é uma experiência que se pratica pelos turistas em todas as ilhas. “É importante respeitar o íntimo dessas comunidades, que têm temporalidades distintas. A forma de morar e viver nesses espaços de ilhas é diferente, obviamente, da forma de morar e viver nos espaços urbanos. Então, não se pode criar uma estrutura que seja distante da arquitetura e da cultura local”.

Lugares em Belém para a prática do ecoturismo

- Ilha do Combu

A atual queridinha de turistas que visitam a capital paraense, dispõe de 33 restaurantes, com um cardápio voltado para os ingredientes, temperos e insumos regionais. Além da gastronomia e do banho de rio é possível fazer trilhas, entre elas a do chocolate. A travessia custa R$ 20 (ida e volta), e os barcos partem a todo instante da Praça Princesa Isabel, na Av. Bernardo Sayão.

- Ilha de Mosqueiro

Conta com 16 Km de praias de água doce. É conhecida pelo apelido carinhoso de bucólica. Entre as opções gastronômicas, Mosqueiro tem a tradicional tapiocaria da Vila, onde a iguaria tem diversos recheios. A passagem de van custa R$ 12, já a de ônibus urbano tem valor de R$ 5,80. De carro a viagem até a ilha dura cerca de uma hora e meia.

- Ilha de Cotijuba

Além das praias e trilhas, o turista tem a oportunidade de conhecer um capítulo da história de Belém. Mesmo não sendo divulgada, alguns moradores da ilha retiram seu sustento da agricultura familiar. Travessia: R$ 7. Os barcos partem do trapiche de Icoaraci

- Parque do Utinga

Aberto ao público de quarta a segunda-feira, uma das opções de lazer no parque é a trilha ecológica. Algumas delas levam até igarapés e olhos d’água. As trilhas são guiadas por uma empresa especializada, a Amazônia Aventura. Os valores são a partir de R$ 25.

- Bosque Rodrigues Alves

Está localizado no bairro do Marco. Oferece trilhas e a apreciação de animais da fauna amazônica. Aberto de quarta a domingo. Entrada: R$ 3

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